Crítica | Tempos de Barbárie – Ato I: Terapia da Vingança – Um filme vazio sobre um assunto batido

A violência urbana é um assunto recorrente no dia a dia do cidadão brasileiro. Estamos acostumados a ver nos noticiários, ler nos jornais e redes sociais e até mesmo em relatos de parentes e amigos próximos. Em Tempos de Barbárie – Ato I: Terapia da Vingança, o diretor Marcos Bernstein tenta entregar uma visão extrema de quem é vítima dessa violência e da sensação de fúria e impotência diante de algo que não deveria ser banal. infelizmente, entre muitas escolhas equivocadas, o produto final é um filme vazio.

Carla é advogada de uma grande empresa e tem sua vida virada de cabeça para baixo quando sua filha pequena é atingida por uma tiro ao tentarem fugir de uma falsa blitz. Com o psicológico completamente abalado, sua vida profissional, pessoal e amorosa entram em uma espiral descendente, que parece não ter fim. Tomada pela culpa, a única solução que sua mente parece encontrar está na vingança a quem lhe causou toda essa dor.

Não é a primeira vez que vemos a questão da violência na tela grande dos cinemas brasileiros. Se fizermos um recorte somente dos anos 2000 pra cá, podemos falar desse tema por quase todos os ângulos possíveis, seja pela visão de quem comete o crime, quem sofre o crime, quem deveria combater o crime e tantas outras óticas. Tempos de Barbárie tenta nos mergulhar no lado mais pesado do psicológico abalado de uma mãe que perdeu a filha e se vê sem respostas diante de sua dor, mas isso não é o bastante para que se compre a ideia.

Ao tentar se diferenciar de tantas obras sobre o assunto, Tempos de Barbárie acaba ficando em um meio termo morno e sem identidade. A escolha pelo modo como a trama é apresentada soa artificial demais e a passagem de tempo tenta emular filmes mais introspectivos, mas acaba soando rasa diante da história do filme. A primeira metade do longa-metragem parece ir por um caminho mais de impotência diante da estrutura da violência e corrupção estrutural, mas a segunda metade joga por terra o que poderia ser algo mais bem trabalhado.

Ao virar a chave para a segunda parte da história, Tempos de Barbárie tenta ser um filme de ação de vigilante fazendo a justiça com as próprias mãos, quase jogando por terra toda a construção que fez do filme até ali. No que poderia ser um filme mais denso sobre o impacto da violência em uma pessoa comum, acaba sendo uma espécie de guia sobre a classe média brasileira descobrindo que a corrupção estrutural não acaba só em quem aperta o gatilho. Ainda assim, a visão é deturpada e explicada de maneira muito simples. Ao invés de causar uma reflexão sobre o assunto, acaba no maniqueísmo comum.

A melhor parte da narrativa fica por conta de Cláudia Abreu. A atriz consegue entregar toda a carga dramática que a construção da personagem exige e muitas vezes até carrega as falhas do roteiro e direção, deixando o espectador mais interessado no que está acontecendo. Julia Lemmertz também ajuda bastante em um papel de apoio como terapeuta de grupo, mas sua personagem também acaba caindo na vala comum do roteiro.

Por fim, é triste saber que essa é apenas a parte 1 de sabe se lá quantas. Pois se todas seguirem nessa toada de Terapia da Vingança, eu não recomendaria a assistir mais nenhuma parte dessa obra.

Nota: 4/10

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