Crítica | Duna: Parte 2 – Sequência lendária que beira a obra-prima

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Clássico absoluto da literatura, Duna foi uma obra que inspirou quase tudo que conhecemos da cultura pop da década de 70 em diante. Com uma adaptação fracassada em 1984, a obra viu nas mãos de Denis Villeneuve a chance de se tornar um épico nas telas de cinema. Em Duna: Parte 2 o diretor dá um grande passo para fazer com que a obra de Frank Herbert faça parte do imaginário popular das gerações atuais. Expandindo tudo que a primeira parte tem de bom, a sequência também corrige seus erros e já entra como um dos melhores filmes do ano.

A trama e o elenco de Duna: Parte 2

Com a aparente erradicação da família Atreides, os Harkonnen começam sua expansão agressiva pelo planeta Arrakis, sem saber que o primogênito da família, Paul Atreides, se juntou aos Fremen e tem sido tomado por eles como um Messias que vai liderá-los contra os invasores. Afligido pelas visões de seus possíveis futuros, Paul tem que decidir o que ele quer ser, pelo futuro de sua família e dos Fremen.

A opção de adaptar o primeiro livro em mais de um filme foi um pouco prejudicial no longa anterior, mas na Parte 2 isso é muito benéfico. Com todo o cenário já estabelecido, a sequência toma seu tempo para desenvolver mais da cultura dos Fremen e mover as peças no tabuleiro para a guerra que se avizinha com quase 3 horas de filme, Duna: Parte 2 não é arrastado e constrói a tensão de uma maneira que só se percebe que está acabando pela curva dramática construída de maneira primorosa.

Denis Villeneuve já deixou claro em entrevistas que ele acredita que o cinema é uma linguagem visual mais do que uma linguagem falada e isso fica bem claro em Duna: Parte 2. Com uma grande passagem de tempo e muitas tramas políticas nessa continuação, o diretor opta por explicar tudo de maneira visual, mais do que contar minuciosamente cada detalhe.

E isso é feito com maestria, não é necessário letreiros de passagem de tempo para entender a evolução dos personagens ou como os fatos vão acontecendo e isso permite um dos maiores trunfos de Duna. O mundo tirado das páginas de livro é estonteante e cada tomada aberta é uma obra de arte. Das areias de Arrakis ao mundo dos Arkonnen ou o palácio do imperador, cada local tem sua identidade estabelecida e rica na maneira que se apresenta.

Em termos de atuação, o filme tinha a difícil tarefa de conduzir um elenco grande e de grandes nomes. Mas todas as peças desse tabuleiro cumprem seu papel sem prejudicar a trama ou usar mais tempo de tela do que o necessário. Mas, mesmo com uma equipe cheia de estrelas, tem aqueles que roubam a cena.

Stellan Skarsgård é completamente assustador como o Barão Harkonnen e isso é atingido por sua excelente interpretação e um trabalho primoroso da maquiagem. Esse elogio pode ser estendido a todos os intérpretes da família Harkonnen. Dave Bautista e Austin Butler fazem os violentos e psicopatas antagonistas da história.

Até mesmo Timothée Chalamet, um ator que eu particularmente acho superestimado, entrega uma boa atuação como o atormentado Paul Atreides. Dividido pela vingança e o futuro sombrio a que esse caminho pode levar, Chalamet consegue passar todo o conflito e mudanças de rumo do personagem. O desenvolvimento de Paul é acentuado por sua mãe, interpretada por Rebecca Ferguson, e sua amante, interpretada por Zendaya.

As duas personagens femininas representam uma escolha do herdeiro dos Atreides e ambas conseguem dividir o público sobre qual escolha parece ser a ideal.
Talvez o único ponto negativo do filme fique nas costas de Javier Bardem, mas não pela atuação. O personagem Stilgar é um religioso fervoroso que acredita que Paul Atreides é o messias de Duna e que vai liderar seu povo para o paraíso. o fervor do personagem é bem trabalhado, mas em algumas cenas ele soa não intencionalmente cômico.

Veredito

Villeneuve entrega nesta sequência uma obra prima e um de seus melhores filmes, se não o melhor em Duna: Parte 2. Dependendo do quanto mais ele quiser adaptar desse mundo literário, o diretor pode criar uma das grandes trilogias do cinema ao lado de Star Wars e Senhor dos Anéis. Um fantasia espacial como nunca vimos antes e certamente algo que vai ficar marcado na história.

Nota: 10/10

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