Crítica | Halloween Kills – Sequência brutal e feroz prova que a franquia ainda diverte

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O avô dos filmes slasher está de volta e, curiosamente – para não dizer raro – a franquia ainda consegue ser divertida após 40 anos. Halloween Kills: O Terror Continua segue na premissa mashup de resgatar a trama do filme de 1978 e dar sequência aos fatos decorridos após a sangrenta noite de Dia das Bruxas que transformou Laurie Strode na rainha suprema das scream queens.

Ainda que sofra da “síndrome do filme do meio” de uma trilogia que se encerra em 2022, Halloween Kills acerta em fazer o horror raiz – marcado por uma trilha intensa e cenas absurdamente estúpidas de assassinatos – no lugar de dar uma nova roupagem ao clássico, ou seja, sua premissa é tão básica, pouco sutil e direta, que a sensação é mesmo de estar assistindo uma obra da década de 70. Por mais datado que possa parecer, para essa temática funciona por fisgar pela nostalgia.

A trama e o elenco

A trama de Halloween Kills começa diretamente após o enceramento de Halloween (2018), mas utiliza alguns flashbacks para emendar pontas soltas do passado e dar mais profundidade para alguns personagens secundários da franquia.

Por se passar ainda na mesma noite de 2018, a premissa acompanha a nova matança desenfreada de Michael Myers (vivido por James Jude Courtney) – após milagrosamente sobreviver ao incêndio armado pela família Strode – enquanto a cidade de Haddonfield (Illinois) vive um verdadeiro pandemônio com a população de descendentes e sobreviventes do serial killer decidida a fazer justiça com as próprias mãos.

Nesse contexto, a história trava e não caminha para frente, como se o novo capítulo fosse apenas sobre as consequências do filme anterior e não uma oportunidade de mover a trama para lugares inexplorados. Nada de novo além de mortes violentíssimas, personagens assumindo decisões estúpidas e o tradicional dilema de Laurie Strode sobre ser a única que pode colocar um fim nisso tudo (apesar de esse final ser uma promessa de 40 anos).

Com as possibilidades já esgotadas, o roteiro foca em proporcionar mais uma noite de diversão e sangue aos espectadores e acerta em manter o ritmo sempre no topo e tensão elevada.

De fato, tudo depende da sua suspensão da descrença. Quanto mais cedo aceitamos que Myers é imortal e que nada – absolutamente nada – pode o parar, mais atrativo e espirituoso o filme se torna.

Dessa vez, o vilão é quase que uma entidade sobrenatural, uma força movida pelo puro suco extraído do mal e armas, facas e fogo não são o suficiente para derrotá-lo.

Com o antagonista sendo imbatível e o roteiro sacana despreocupado em fazer algo engenhoso ou mesmo verossímil, resta apenas mergulhar nos litros de sangue das mortes (que são muitas!) e saborear um slasher convencional sem apego emocional por nada e ninguém, uma vez que Jamie Lee Curtis – eterno rosto de carisma da franquia – acaba por ficar de escanteio dessa vez.

Com a rainha da saga presente em apenas 40% da ação do filme, sobra para Judy Greer, Andi Matichak e Anthony Michael Hall, que vive o jovem Tommy Doyle – agora já um senhor adulto e consumido pela raiva e os traumas da infância – exercerem o protagonismo na caçada por Myers.

O elenco é extenso e boa parte composto por rostos conhecidos do filme de 1978, como Kyle Richards, Nancy Stephens e Charles Cyphers, mas ninguém possui mais destaque que o vilão e os coadjuvantes servem apenas para a contagem de corpos.

Fora uma representatividade gay extremamente rasa e estereotipada (até quando os filmes de terror vão fazer isso?) e pouca profundidade nos novos personagens unidimensionais – dois problemas irreparáveis – é mesmo o suspense crescente (através do uso da ótima trilha sonora) e a expectativa constante de ver uma morte encarniçada, os recursos apelativos que seguram a atenção do público do começo ao fim.

A direção

Se tem algo que David Gordon Green faz com maestria é construir uma atmosfera de horror regada de estilo, nostalgia e com aquela vibe de cidade pequena que tanto envolve e intriga. Talvez seja por conta disso que esse revival da franquia esteja dando tão certo. O diretor encarna a alma dos clássicos e presta uma deliciosa e ardente homenagem ao estilo como nenhum outro filme atual consegue fazer.

Desde planos com os bregas close ups, até sequências de ação previsíveis, passando por sustos que saltam da tela, toda sua condução faz jus ao gênero e dá ainda mais charme ao horror. Sabemos para onde a trama caminha, sabemos onde o vilão vai aparecer em seguida, mas a diversão está exatamente em entregar-se à natureza falha do subgênero e rir de suas possibilidades.  

Conclusão

Com isso, Halloween Kills: O Terror Continua faz jus ao título e é matador. Uma sequência sólida – porém pouco inventiva – que prova que a franquia de 40 anos ainda é capaz de provocar diversão, pavor e agonia sem perder sua essência slasher.

Apesar da trama não avançar e do excesso de personagens, a matança desenfreada possui a energia brutal que fez a saga de Michael Myers ter sobrevida até os dias de hoje. Deve agradar aos fãs do subgênero e, mesmo para a nova geração, este capítulo possui uma boa dose de estilo, entretenimento e prepara terreno para um desfecho formidável.

Nota: 7/10


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