Crítica | Twisters – Tempestade de emoção genuína e diversão sem culpa

A renovação dos ciclos de Hollywood atingiu com força os clássicos dos anos 1990, e era inevitável que isso envolvesse um dos maiores filmes de aventura daquela década. Quando Twister estreou em 1996, rapidamente se tornou o “filme de verão” americano, conquistando também a televisão posteriormente.

A combinação de filme de catástrofe com ação, que capturava a energia de obras como Jurassic Park, parecia a fórmula perfeita para atrair fãs. Agora, quase 30 anos depois, a franquia recebe um novo e moderno capítulo, igualmente divertido e ainda mais frenético do que se poderia imaginar. Twisters (agora com um “s”) traz de volta o mesmo clima tempestuoso do original, brinca com suas possibilidades na era dos efeitos especiais de ponta, mas sabe que precisa desenvolver melhor seus personagens para compensar a falta de história. 

Os acertos e erros de Twisters

Convenhamos, o filme original tem um enredo praticamente inexistente. O roteiro simplista mal desenvolve os personagens e foca exclusivamente nas cenas de ação para exibir a tecnologia dos anos 90. Hoje, isso não é suficiente – apesar da abundância de filmes nesse estilo, como os da Marvel – e é necessário equilibrar a aventura com um drama emocional que crie uma conexão com essa história americana típica e até enfadonha.

Nesse aspecto, Twisters faz um excelente trabalho. O filme traz jovens atores em papéis divertidos e emocionantes, justificando a obsessão pelo perigo. Embora não apresente uma trama extremamente elaborada, há mais substância por trás das épicas sequências de ação, agora com tornados maiores e gêmeos. Afinal, se é para fazer um novo filme, que seja maior.

A trama acompanha Kate Cooper, interpretada pela talentosa Daisy Edgar-Jones, uma ex-caçadora de tempestades assombrada por um encontro devastador com um tornado durante seus anos de faculdade. Agora, ela estuda padrões de tempestades com segurança em Nova York. Porém, ela é atraída de volta às planícies abertas por seu amigo Javi (interpretado pelo indicado ao Globo de Ouro Anthony Ramos) para testar um novo sistema de rastreamento inovador. Lá, ela encontra Tyler Owens (Glen Powell), o charmoso e imprudente superstar das mídias sociais que se destaca postando suas aventuras de caça a tempestades com sua equipe barulhenta, quanto mais perigosas, melhor.

À medida que a temporada de tempestades se intensifica, fenômenos aterrorizantes nunca antes vistos são desencadeados. Kate, Tyler e suas equipes rivais se encontram no caminho de vários sistemas de tempestades convergindo sobre o centro de Oklahoma, lutando por suas vidas. O charme de Powell e o olhar doce de Edgar-Jones criam uma combinação perfeita, replicando a dinâmica divertida de Helen Hunt e do falecido Bill Paxton no filme de 1996. As faíscas entre eles acrescentam profundidade, indo além de um simples romance em meio a uma enxurrada de clichês.

Felizmente, o filme funciona de forma independente, quase sem nenhuma conexão com o original, apesar de se passar no mesmo universo, o que o torna quase um remake. A trama segue os mesmos pontos do clássico, com a mesma dinâmica dos personagens e da narrativa, mas trazendo essa premissa para um contexto mais moderno, com drones, computadores de alta tecnologia e um CGI de qualidade.

No entanto, o diretor em ascensão Lee Isaac Chung (Minari) corrige as fragilidades da agora franquia, infundindo mais emoção genuína no contexto com seu olhar aguçado. Apesar da duração exagerada para uma trama simples, o filme mantém o espectador envolvido até um clímax absolutamente deslumbrante, que até faz uma metalinguagem com uma sala de cinema.

Veredito

Sem vaca voando, mas com o charme de Glen Powell, Twisters tem todos os ingredientes de um sucesso de bilheteria: emoção genuína, aventura desenfreada e diversão sem culpa. Esta sequência, que é quase um remake, replica a fórmula do original sem hesitar, mas adiciona mais história, drama emocional e uma trilha sonora épica e belíssima. À medida que o perigo aumenta, somos mantidos na ponta da poltrona, culminando em um clímax espetacular, com tudo que o cinema blockbuster pode oferecer. Para a alegria dos fãs do filme de 1996, esta sequência mantém o nível e carrega a herança do clássico em cada rajada de vento, provando mais uma vez como é difícil fazer um filme duradouro.

O cinema tem se tornado, infelizmente, um acessório de luxo, e Twisters é um daqueles eventos que devem ser vistos na maior tela possível, com a melhor qualidade de som e imagem, para realmente nos cativar. Apesar de alguns problemas de ritmo e de as tempestades e sequências de ação serem infinitamente mais envolventes do que os diálogos entre o casal, este é um filme bombástico que atende às nossas expectativas.

NOTA: 8/10

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