Crítica | A Menina Que Matou os Pais: A Confissão – A queda da casa Richthofen

Um fato é certo, a onda avassaladora de true crime pode estar começando a cansar, mas ainda surfa em ondas de narrativas cativantes. Em 2002, o Brasil foi sacudido pelo caso de Suzane von Richthofen, a jovem que colaborou na execução de seus próprios pais, tornando-se um dos dramas criminais mais debatidos do país até os dias de hoje. Agora, a terceira e derradeira entrada, A Menina Que Matou os Pais – A Confissão, disponível no Prime Video, escolhe uma abordagem mais íntima que seus dois antecessores, focando no desenrolar que levou a jovem e os irmãos Cravinhos à prisão.

Em comparação, este capítulo é mais contido e direto, embalado por uma atuação fascinante de Carla Diaz. Contudo, o filme mais uma vez balança na corda bamba entre o mercenarismo do gênero e a narrativa factual.

A trama e o elenco de A Menina que Matou os Pais: A Confissão

A Confissão é um eco de seus predecessores, construido a partir de suas narrativas, porém sem um protagonista claro. Ele desvenda os segredos daquela noite sinistra do Dia das Bruxas de 2002, enfocando na meticulosidade de Suzane ao arquitetar o crime cheio de reviravoltas e furos. O foco não recai sobre o impacto nacional, mas na rede de mentiras tecida pelos criminosos, eventualmente desencadeando suas confissões.

Embora o filme seja bem mais conciso, isso não diminui seu mérito. Ele habilmente evita humanizar excessivamente a protagonista. A escolha de focar nas mentiras e dissimulações em vez da repercussão ampla torna o roteiro mais vibrante. Entretanto, como arte, o roteiro ocasionalmente toma liberdades, adicionando um verniz de dramatização para tornar a história mais atraente.

A narrativa é eletrizada pela performance brilhante de Carla Diaz. A atriz, já carismática por si só, metamorfoseia-se diante de nossos olhos e captura a essência dúbia, maquiavélica e perturbadoramente fria de Suzane. A jovem se entrega de coração ao papel desde o começo, que talvez já seja o maior marco positivo de sua carreira e que, acima de tudo, ilustra a amplitude de seu alcance como atriz. Ao seu lado, Leonardo Bittencourt e Allan Souza Lima também merecem seus louros, tornando o elenco uma das joias coroadas desta produção.

Sob a batuta de Mauricio Eça, que já havia demonstrado sua perícia nos capítulos anteriores, este último ato apresenta um matiz diferenciado. O filme nos conduz pelas sombras pós-crime, mas sentimos a ausência de certos momentos marcantes, como a entrevista concedida ao Fantástico. Em uma era pré-internet amplamente difundida, o impacto da mídia no desenrolar deste caso clamava por uma análise mais aprofundada, especialmente considerando a intersecção entre crime, classe social e notoriedade.

Veredito

Embora A Confissão tenha suas imperfeições, falhas e exageros cinematográficos, é uma adição competente à trilogia. Apesar de dar um encerramento simples aos filmes anteriores, também nos faz questionar se, em vez de revisitar ciclos dolorosos da história, não seria melhor deixar certos capítulos fechados. Por fim, não podemos esquecer a joia desta coroa de espinhos: Carla Diaz. A atriz se metamorfoseia, entregando uma atuação arrebatadora que desafia o público a olhar além da superfície.

A linha entre explorar e aprender com o passado sempre será tênue, mas o cinema, quando bem feito, tem a habilidade de nos fazer refletir sobre a complexidade da condição humana, mostrando que até nos episódios mais obscuros, há lições a serem aprendidas. Embora possa parecer que já saturamos com filmes sobre o Caso Richthofen, a trajetória até aqui nos ofereceu uma experiência valiosa. E, certamente, não há delito nenhum em apreciar tal consumo.

NOTA: 7/10

Leia também: Crítica | A Menina Que Matou os Pais – O lado humano de um monstro em true crime primoroso

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