Crítica | Blackberry – Nada é tão grande que não possa cair

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Quando os smartphones ainda eram uma realidade distante, uma pequena empresa canandense desafiou as grandes corporações da telefonia mundial. Buscando mostrar a trajetória do último grande fenômeno telefônico antes do Iphone, Blackberry conta a história do celular homônimo, desde sua improvável origem até seu amargo fim. Entre erros e acertos, o filme dirigido por Matt Johnson consegue mostrar que você nunca pode ser grande o suficiente para não quebrar.

No final dos anos 1990, uma jovem equipe de desenvolvedores canadenses lançou o Blackberry, um pequeno celular que conseguia enviar e ler e-mails, revolucionando a indústria e batendo de frente com empresas de tecnologia do Vale do Silício. Uma ascensão astronômica teve uma queda igualmente rápida, mostrando como o mundo do empreendedorismo tecnológico é volátil.

Um dos principais acertos de Blackberry é compreender que ele fala sobre um fenômeno que hoje sequer está no imaginário popular dos mais jovens. As gerações atuais sabem como eram os telefones celulares antes do Iphone, mas o aparelho Blackberry acabou sendo algo que se perdeu no tempo e ficando menos lembrado que marcas como Nokia, Siemens ou Sony Ericsson. A escolha narrativa de dar contexto histórico durante todo o filme ajuda até mesmo quem nunca tinha ouvido falar do aparelho celular, entender seu impacto.

Diferente de outros filmes sobre grandes empresas, como A Rede Social, por exemplo, o filme não perde seu tempo fazendo maniqueísmo do ideal dos jovens que queriam criar um celular sendo confrontados com os “tubarões” de Wall Street e do mercado financeiro. Todas as peças desse complicado tabuleiro servem ao seu propósito, bom ou ruim, em diversos momentos. Os inventores Mike Lazaridis e Doug Fregin em muitos momentos estão certos em seus ideais, mas também erram na forma como gerem uma empresa. Assim como o investidor inicial Jim Balsillie deixa sua ganância lhe guiar em diversos momentos, mas sem isso talvez o Blackberry jamais teria visto a luz do dia.

Jim, que é interpretado por Glenn Howerton, se destaca pelo bom trabalho do autor. Como um homem ganancioso e muitas vezes frustrado, ele acaba sendo o personagem mais complexo do longa e isso não teria sido possível sem a boa atuação de Howerton.

Já Mike, interpretado por Jay Baruchel, sofre com as passagens de tempo e pouco desenvolvimento. É compreensível que nos anos em que o BlackBerry se tornou o líder da indústria o fundador da empresa tenha mudado de um garoto inocente para algo mais. Só que isso é feito em um estalar de dedos e soa até mesmo caricato.

A escolha da direção de ir para um caminho ao estilo “mockumentary” às vezes atrapalha, principalmente no início do filme, onde os jogos de câmera e zoom nos rostos dos personagens acontecem com mais frequência. Depois que ficam mais espaçados e pontuais, a dinâmica do filme melhora bastante.

Blackberry é um filme importante para vermos como o mercado das grandes empresas é agressivo e capaz de esmagar mesmo os mais fortes. Com bastante contexto, ele ajuda a nos lembrar de como era um mundo que hoje parece até mesmo de séculos atrás.

Nota: 6/10

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