Crítica | Justiceiras – A vingança nunca é plena

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Antes de qualquer coisa, vamos aplaudir a longevidade de Meninas Malvadas e como um filme de quase 20 anos ainda segue firme como forte influenciador de histórias adolescentes atuais. Dito isso, sua energia única e humor inteligente nunca foram plenamente alcançados por nenhum outro depois disso. Uma mistura levemente arrogante de filmes adolescentes dos anos 90, com elementos feitos sob medida para fisgar e agradar a nova geração Netflix, Justiceiras (Do Revenge) é um conto de vingança debilitado, situado no ensino médio americano que se perde no senso de humor bobo e na busca por ser esse novo Meninas Malvadas. Isso nos deixa com um final insatisfatório e um filme cheio de boas ideias utilizadas em prol de nada.

A trama e o elenco

Da criadora de Sweet/Vicious (e roteirista de Thor: Amor e Trovão), Jennifer Kaytin Robinson, Justiceiras vive uma busca tão desenfreada por prestar homenagens à outros filmes, como Segundas Intenções (Sarah Michelle Gellar até fez aparições), que esquece sua originalidade trancada no armário da escola. Através da trama, localizada em um colégio chique para pessoas ultra-ricas, é difícil manter conexão emocional com os absurdos dos privilegiados do lugar, especialmente com sua irritante protagonista. Camila Mendes (Riverdale) e Maya Hawke (Stranger Things), estrelam Drea e Eleanor, duas amigas de classes sociais diferentes que se unem para arruinar a vida de outras pessoas, seja ex-namorados ou colegas de turma.

Enquanto uma quer vingança por um vídeo íntimo seu ter vazado, a outra deseja limpar sua imagem manchada pela escola por ser queer. O filme, no entanto, é um pouco negligente com essa configuração de que uma precisa da outra, uma vez que a conexão entre elas soa mecânica e longe de ser convincente. Fora isso, o grande problema do roteiro é criar toda sua trama visando apenas a chegada da reviravolta do final que, mesmo sendo divertida e inspirada, faz a jornada até lá ser cansativa e demasiadamente lenta.

Apesar disso, Mendes e Hawke são divertidas juntas. As atrizes estão bem nos papeis de jovens amargas e indiferentes e grande parte da qualidade do filme se deve mesmo ao charme e carisma das duas. Entre tropos e clichês do gênero sendo explorados ao extremo, há uma química caótica no elenco que funciona, mesmo com exageros. Porém, é no humor que a narrativa desce mais fundo no poço. Hawke se esforça, mas é inexpressiva e tem sérios problemas com timing cômico, já Mendes brilha infinitamente melhor no drama. Ainda que seja divertido ver a dinâmica a lá As Patricinhas de Beverly Hills sobre a menina chique que dá um rebranding na esquisitona tímida, infelizmente existe uma das dezenas de ideias que este filme não conseguiu resolver.

Conclusão

Com isso, apesar de estiloso, é difícil levar Justiceiras tão a sério. Sua arrogância e ambição de ser outras obras o impede de ser mais divertido. A fórmula antiquada de filme do ensino médio – que já vimos centenas de vezes antes – é preenchida com clichês tolos, reviravoltas previsíveis e personagens unidimensionais extremamente estereotipados.

Cheio de boas ideias mas com pouco a oferecer ao público sedento por novidades, o filme da Netflix se transforma em mais uma tentativa diluída de fazer um filme singular. Ainda assim, Camila Mendes e Maya Hawke dão seu melhor e, uma vez que aceitamos as previsibilidades da histórias, a pipoca fica mais gostosa. Já a vingança aqui, porém, nunca é plena.

NOTA: 5/10

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