Crítica | Samaritano – O pior que um filme de super-herói pode oferecer

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Este é o problema com gênero que está em alta no cinema: todo mundo acha que pode fazer um filme de super-herói para competir. Algo que faz com que boa parte dessas obras sejam apenas produtos genéricos derivados de outras ideias melhores. E Samaritano (Samaritan) – novo lançamento exclusivo do Prime Video – ilustra muito bem essa corrente. O filme está tão preso no desejo de se encaixar na tendência que se esquece do fator mais importante para o sucesso: originalidade.

Se despretensiosamente chutar uma árvore de Hollywood, cai uns 10 Samaritano e todos muito melhores do que este, afinal, o trabalho do roteiro aqui é mesmo pegar ideias já existentes – seja do cinema de heróis ou da cultura pop – e ser arrogante o suficiente para nos fazer acreditar que está inventando a roda. Mas é claro que a presença de Sylvester Stallone tem seu peso. O astro da ação vive um papel mais contido que, felizmente, não necessita do seu carisma para funcionar. Senão, não sobraria nada para ser analisado aqui.

A trama e o elenco

Enquanto nos vendem a premissa básica de todo filme desse tipo – Stallone vive um solitário humano super forte, que um menino, Sam (Javon Walton), acredita ser o super-herói morto Samaritano – eles deixam de fora alguns detalhes importantes revelados em sua abertura animada, narrada por Sam. Algumas décadas antes, Granite City foi mergulhada no caos graças a um par de gêmeos invencíveis em trajes metálicos.

Um irmão, Samaritano, supostamente lutou pelo bem, enquanto o outro, apelidado de Nêmesis, causou estragos com um martelo mágico forjado de seu ódio pelo Samaritano. Acredita-se que ambos morreram em um incêndio e, apesar de nenhum deles ser visto há muito tempo, eles deixaram uma marca na cidade. Alguns lembram o heroísmo do Samaritano e outras a vilania de Nêmesis. E é dai que a trama se desdobra, uma vez que o fio condutor é a busca de Sam por Samaritano e a fé inabalável do jovem no super-herói idoso.

Para não ser injusto, há sim algumas boas ideias sendo apresentadas aqui e ali na história, mas nada realmente germina para algo palpável. Enquanto visivelmente tem o Batman de Christopher Nolan e Corpo Fechado como inspirações, o resultado mais parece uma paródia de baixo orçamento dos filmes da DC Comics. E isso é quase um elogio. Limitados apenas à flashbacks excessivos, o herói e o vilão são basicamente a personificação do bem e do mal de forma bastante infantil e didática, sem qualquer complexidade.

Para tornar as coisas ainda mais estranhas – além do roteiro previsível – muito pouco dessa trama tem a ver com o personagem de Stallone, um lixeiro chamado Joe Smith, cujo tempo livre é gasto recuperando e consertando relíquias analógicas. O ator não tem protagonismo e o filme parece não saber o que fazer com sua presença, enfiando toneladas de computação gráfica para lhe dar movimentos e habilidades que, aos 76 anos, não é mais possível ter. Por outro lado, Javon Walton parece estar se divertindo no papel de destaque e passa alegria. O jovem de Euphoria tem se provado um ator promissor.

A direção

Falta no filme e na condução de Julius Avery (Operação Overlord) um senso de potência. A construção de um herói analógico é bem-vinda, especialmente agora com a Marvel e seus mais eloquentes surtos no cinema, porém, sem carisma e energia nada sai do lugar. Samaritano funciona como um anti-herói mais “realista” (àqueles do começo dos anos 2000) e está longe de ser um membro dos Vingadores.

É isso que faz dele tão divertido e intrigante, mas nem o roteiro e nem o diretor parecem compreender essa distinção, uma vez que estão presos na caixinha do que precisa ser feito para agradar o público de hoje. Até mesmo a cidade em si parece uma versão mais lógica de Gotham City, cercada de pobreza, desigualdade e perigos, que são pouco explorados, outro grande desperdício do longa. A moralidade e os dilemas de ter uma identidade secreta – temas poderosos dentro do gênero – são trocados por cenas de ação anêmicas e diálogos expositivos.

Conclusão

Mais preocupado com um enredo que contenta o público do que com o significado, o filme de super-herói de Sylvester Stallone, Samaritano, é puramente mecânico em sua fórmula e na maneira como recicla ideias de outros filmes infinitamente melhores. Reflexo de uma Hollywood atual desprovida de qualquer senso de originalidade na busca por lucrar muito ao entregar tão pouco.

Enquanto há novos filmes que provam que histórias de super-heróis podem ter outras camadas mais interessantes, Samaritano retrocede, faz o básico e se perde dentro de suas próprias ideias ambiciosas. O Prime Video, como bom samaritano, até tentou emplacar uma nova franquia, mas ainda falta muita força para fazer esse herói ser lembrado.

NOTA: 3/10

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