Crítica | #Alive – Um eletrizante apocalipse zumbi na Era digital para ver na Netflix

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Interessante fazer um paralelo entre a forma mais recente e contemporânea de se explorar um bizarro apocalipse zumbi, no longa ‘#Alive’, produção sul-coreana distribuída pela Netflix, com os primórdios do gênero, lá em ‘A Noite dos Mortos Vivos’, clássico de George Romero de 1968. Enquanto um utiliza o horror para expressar os dilemas sociais do racista e misógino anos 60, o outro, curiosamente, utiliza as situações de sobrevivência desse contexto para fazer um retrato angustiante e real do período de isolamento social que estamos vivendo esse ano. Além disso, o blockbuster sul-coreano usa e abusa da tecnologia disponível em nosso dia a dia para mostrar como nem mesmo isso seria capaz de nos proteger do maior problema de todos: a maldade humana.

A trama e o elenco

O primeiro filme escrito e dirigido por Il Cho (co-produtor de ‘Assassino Profissional’) retrata o fascínio dos sul-coreanos por zumbis e como sabem trabalhar essas premissas com bastante equilíbrio entre o drama e a ação desenfreada. Na trama de #Alive, o jovem protagonista, interpretado pelo ator Yoo Ah-In (Em Chamas), vive um dia normal de sua vida tediosa, até perceber que está bem no meio do epicentro de um vírus que está infectando toda a população da Coreia do Sul e, após algum tempo de quarentena em casa, ele começa a acreditar que está sozinho no mundo e surta com os efeitos do isolamento. Até que certo dia descobre que sua vizinha, vivida pela atriz Park Shin-Hye (Memórias de Alhambra) também segue viva e bem. Juntos eles entram em uma luta frenética para sobreviver e encontrar um abrigo seguro, até que a tal ajuda possa chegar. Dessa premissa, Il Cho desenvolve uma narrativa envolvente, criativa e até mesmo original, que flerta com obras inglesas como ‘Extermínio’ e ‘Todo Mundo Quase Morto’. Até mesmo com o francês ‘A Noite Devorou o Mundo’.

O jovem Yoo Ah-In é um talento natural e segue, mais uma vez, impecável. Seu personagem tem ótimas nuances, consegue emocionar e divertir com sua falta de maturidade para o mundo novo que está vivendo, o típico jovem irresponsável que, em nossa realidade de pandemia, certamente teria furado a quarentena. Já Park Shin-Hye, por sua vez, vive a badass que coloca a dupla nos eixos e ainda entregas ótimas sequências de ação. Aliás, a ação do filme é um espetáculo à parte. Feita com pouquíssimo uso de computação gráfica, os zumbis são pessoas maquiadas e isso agrega um valor enorme a obra, diferente, por exemplo, da sequência do ótimo ‘Invasão Zumbi’, que se deixa levar pela grandiosidade e substitui seus monstros por criaturas digitais que não provocam nem medo e nem desespero. #Alive, por outro lado, assim como o já citado ‘Extermínio’ (de Danny Boyle), traz zumbis reais, inteligentes e enfreáveis, que auxilia na construção de suspense da trama e, de quebra, ainda causa um nervoso tremendo.

Roteiro contemporâneo

Ao seguir por um viés contemporâneo e digital, o roteiro sabiamente utiliza as redes sociais e aparelhos eletrônicos para construir a história e seu desenvolvimento, elemento esse que acaba agregando novidade ao gênero e, por si só, já é algo que instiga a curiosidade do espectador já saturado de filmes/séries de zumbis que costumam seguir caminhos óbvios. Não que esse não tenha clichês e até mesmo alguns “deus ex machina”, típicos desses filmes, mas a direção sabe trabalhar esses elementos para subverter expectativas, ainda que seu desfecho seja sem grandes surpresas. Aliás, a falta de um encerramento mais, digamos, criativo, pesa negativamente para a trama, que estava indo tão bem até então no desenvolvimento de seus personagens e na forma como tem a tecnologia à seu favor, algo que permitiria fazer inúmeros finais melhores e mais condizentes com a proposta. Ainda assim, mesmo que já batido, o encerramento acaba abrindo também a possibilidade de novas histórias para um futuro próximo.

Conclusão

Surpreendentemente, ‘#Alive’ é um frescor ao gênero por utilizar, de forma criativa, a tecnologia, ao mostrar um apocalipse zumbi na Era digital e, de quebra, ainda faz um interessante e assustador paralelo com o período de quarentena que estamos vivendo. Um filme totalmente envolvente e divertido, que entrega o melhor que podemos esperar de uma história com mortos-vivos desenfreados. A direção frenética é ambiciosa, mas é a atuação do jovem sul-coreano Yoo Ah-In que rouba a cena. No fim das contas, o entretenimento é garantido na Netflix.

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