Crítica | Oferenda à Tempestade – Um desfecho mediano para uma trilogia que se perdeu pelo caminho

Publicidade

Encerrar uma trilogia é uma tarefa árdua, especialmente se tiver como base livros repletos de informações adicionais. Nesse aspecto de adaptação, a franquia espanhola, conhecida como Trilogia do Baztán, sempre foi bem sucedida em escolher o que fica melhor na tela e fazer um resumo da história com os pontos mais cruciais, porém, as irregularidades e a falta de ritmo são um mal que assombra desde o primeiro filme – ‘O Guardião Invisível’ – algo que se tornou ainda mais problemático emLegado nos Ossose culmina agora em um desfecho igualmente sem força. ‘Oferenda à Tempestade’ já está disponível na Netflix e vem com o peso de dar resolução a tantos mistérios, que fica difícil contar. Dentro disso, o fim é bom, com menos ação e energia que os demais, mas será mesmo que consegue ser satisfatório?

O roteiro, baseado nos livros best-sellers da autora espanhola Dolores Redondo, consegue fazer malabarismo para acrescentar as novas tramas, mas acaba dando resoluções apressadas para as já existentes, já que essa nova história começa um mês após a inspetora ter solucionado os crimes dos ossos, em Legado nos Ossos. A morte misteriosa de um bebê dá início a uma nova investigação e Amaia Salazar (vivida por Marta Etura) precisa novamente enfrentar pesadelos do passado e os segredos do vale de Baztán.

Certamente, como produto literário, a trama continuativa funciona melhor do que funciona nas telas, já que pelo menos os dois últimos filmes são extremamente parecidos narrativamente falando. Essa semelhança impede que cada capítulo tenha sua própria identidade e, com isso, é realmente difícil que eles possam ser assistidos de forma separada, principalmente esse último, que não apresenta personagens e nem usa seu tempo para situar o expectador na atmosfera da história, já que parte do princípio de que isso já foi feito anteriormente. Com isso, segue rumo ao fim sem grandes preparações ou impactos.

Também sem grandes reviravoltas, a trama segue investigativa e insere alguns mistérios novos, que acabam ofuscando o desfecho de outros importantes, como o desaparecimento da mãe da protagonista, que tem uma resolução bem fraca diante do esperado. Boa parte do tempo, o roteiro consegue envolver o espectador e manter entretido, mesmo com um ritmo lento e grandes espaços sem nenhum evento significante entre o meio e o final.

Esse comprometimento nasce por conta da construção narrativa, que insere um suspense após o outro e faz a trama caminhar para frente, sem perder muito tempo, ainda que – assertivamente – gaste boa parte do seu drama em torno da morte de um personagem importante e como isso afeta a vida da protagonista. Porém, outras surpresas, como a revelação de quem é o verdadeiro vilão da história, acaba sendo previsível e anticlimática. Como esse é o desfecho, o tom está mais sombrio e emotivo e Marta Etura tem uma performance muito boa. Ainda que ela realmente seja um dos pontos positivos da franquia, a entrega dessa vez está mais intensa e condizente.

Através disso, ‘Oferenda à Tempestade’ é um desfecho mediano de uma trilogia cuja premissa sempre foi mais interessante que sua execução. A resolução deve sim saciar quem está sedento por perguntas não respondidas e mistérios não explicados, agora, se o final com pouca ação irá satisfazer os fãs mais fervorosos, aí é outra história. Ainda assim, o elenco tem boa entrega, o clima sombrio e investigativo conduziu o espectador por uma longa jornada de entretenimento desde seu primeiro capítulo, que culmina em seu fragmento mais emocional e, infelizmente, o mais tedioso de todos.

Última Notícia

Mais recentes

Publicidade

Você também pode gostar: