10 mulheres que estão mudando o Cinema e a TV

Você sabia que em 92 anos apenas 5 mulheres foram indicadas ao Oscar de Melhor Direção e somente uma delas (Kathryn Bigelow) conquistou a estatueta? Você sabia que apenas uma mulher negra (Halle Berry) ganhou o Oscar de Melhor Atriz na história? Você sabia que, até hoje, apenas uma pessoa transgênero (Daniela Veja) apresentou uma categoria no Oscar? Pois bem.

O Oscar 2020 já teve seus indicados revelados e acendeu novamente a polêmica da falta de representatividade por esnobar atrizes negras/asiáticas e, novamente, ignorar as mulheres na categoria de Melhor Direção. Essa ausência de diversidade e busca por igualdade já gerou manifestações como #MeToo e “Oscar So White”, porém, poucas modificações foram feitas desde então e a sua 92ª cerimônia resgatou esse debate.

Por exemplo, Greta Gerwig teve seu filme, ‘Adoráveis Mulheres’, indicado à Melhor Filme, porém, seu trabalho não foi reconhecido na categoria de Melhor Direção, que contém apenas homens como indicados. Além disso, apenas uma atriz negra foi indicada, Cythia Erivo, pelo drama ‘Harriet’, sendo que o ano foi marcado por ótimas performances de atrizes e diretoras como Lupita Nyong’o, Awkwafina e Lulu Wang.

Dessa forma, com a expectativa de gerar debate e reflexão, separamos aqui na redação 10 mulheres incríveis, entre tantas outras, que estão mudando a forma como vemos o cinema e as séries e que merecem atenção, reconhecimento e salários iguais aos dos homens que estão trabalhando na mesma indústria.  

Assista o vídeo ou leia a lista completa abaixo:

Greta Gerwig

Greta começou sua carreira no cinema em 2006 com ‘LOL’, de Joe Swanberg. Apesar do papel pequeno, se apaixonou por atuar e começou então uma parceria com o movimento artístico cinematográfico independente nova-iorquino chamado Mumblecore. Após alguns trabalhos menores, conseguiu um papel no drama ‘Para Roma com Amor’, do Woody Allen, e viu sua carreira alavancar. Em 2010, a atriz interpretou um dos papéis mais elogiados de sua carreira no drama ‘Frances Ha’, que lhe rendeu uma indicação de Melhor Atriz no Independent Spirit Awards. A partir desse ponto, Greta começou a se envolver com produções que contém um viés feminista e partiu para escrever e dirigir seu primeiro longa-metragem: ‘Lady Bird’, filme responsável por colocá-la entre as 5 mulheres que foram indicadas ao Oscar de Melhor Direção em 92 anos de cerimônia.

Em 2019 retornou aos cinemas com força total na adaptação do clássico livro ‘Little Women’, da autora Louisa May Alcott. O elenco do romance ‘Adoráveis Mulheres’ conta com Saoirse Ronan, Emma Watson, Timothée Chalamet e Meryl Streep. Algumas modificações no final da obra e diálogos remasterizados tornaram o filme atual e essencial por mostrar a vida de jovens irmãs que lutam para viver seus sonhos em um mundo machista. Vale lembrar que, apesar de ter sido esnobada e não ter sido indicada a Melhor Direção no Oscar 2020, o filme está entre os indicados a Melhor Filme, além de outras 5 indicações. Icônico!

Anna Muylaert

Brasileiríssima, Muylaert é uma das realizadoras mais influentes e criativas do cinema nacional atual. A diretora, roteirista e produtora busca desenvolver um olhar intimista e retratar causas sociais em seus filmes. Após realizar alguns curtas na década de 80 e trabalhar como crítica de cinema em jornais e revistas, Muylaert lançou, em 2002, seu primeiro longa-metragem, ‘Durval Discos’, porém, o reconhecimento nacional e internacional veio com longas como ‘É Proibido Fumar’, ‘Mãe Só Há Uma’, ‘O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias’ e o incrível ‘Que Horas Ela Volta?’, em que explora um conflito de classes.

Além de arrecadar inúmeros prêmios, o filme, estrelado por Regina Casé, teve sua estreia mundial no Festival de Sundance e em dezembro de 2015, foi eleito um dos 5 melhores filmes estrangeiros do ano pela organização norte-americana, National Board of Review. Junto com a diretora Petra Costa (do documentário indicado ao Oscar ‘Democracia em Vertigem‘), está colocando o cinema brasileiro nos holofotes do mundo. É muito orgulho!

Ava DuVernay

Além do enorme talento como roteirista, Ava DuVernay trabalhou no início da carreira como jornalista, apesar de demonstrar grande interesse por cinema e pela cultura afro-americana. Após muita luta para conquistar seu espaço sendo uma mulher negra em Hollywood, fez sua estreia como diretora de cinema em 2008 com o documentário ‘This Is the Life’, uma história do movimento artístico “Good Life Café”.

Após isso, sua carreira ganhou novos patamares e pôde realizar o drama ‘Selma’, que lhe rendeu o feito de ser a primeira diretora negra a ser nomeada para um Globo de Ouro na história e, apesar de esnobada no Oscar de Melhor Direção, também foi a primeira diretora negra a ter seu filme nomeado para o Oscar de Melhor Filme.

Com todo o sucesso e holofote, conseguiu comandar a aventura da Disney ‘Uma Dobra no Tempo’, porém, seu ápice de talento, ativismo e reconhecimento veio com ‘Olhos Que Condenam’, minissérie da Netflix que retrata o famoso caso dos Cinco do Central Park – cinco adolescentes negros do Harlem condenados por um estupro que não cometeram. O trabalho lhe rendeu inúmeros prêmios, incluindo o Critics’ Choice Awards de Melhor Minissérie em 2020. DuVernay é, sem dúvida, uma das mulheres negras mais influentes do cinema e TV atualmente.

Patty Jenkins

Também conhecida como a pessoa que salvou o Universo DC nos cinemas, Patty Jenkins possui poucos trabalhos, porém, todos muito significativos. Após dirigir o drama ‘Monster’, que rendeu a atriz Charlize Theron o Oscar de Melhor Atriz, em 2003, a diretora se envolveu com alguns blockbusters e foi cogitada para dirigir ‘Thor: O Mundo Sombrio’, mas deixou o projeto devido a diferenças criativas, o que não poderia ter sido melhor, afinal, sua saída da Marvel Studios fez com ela pudesse mergulhar de cabeça no grande projeto da sua vida: a adaptação dos quadrinhos de Mulher-Maravilha.

A heroína mais feminista de todas chegou aos cinemas revigorando a DC após fracasso atrás de fracasso. Estrelado por Gal Gadot (também grande amiga da diretora), ‘Mulher-Maravilha’ fez US$ 821 milhões de bilheteria mundial em 2017 e se tornou a maior bilheteria da história de um filme live-action dirigido por uma mulher. É poder demais!

Com tanto sucesso nas mãos, a diretora retorna para a sequência, ‘Mulher-Maravilha: 1984’, que promete ser um dos filmes mais importantes de 2020. Vale lembrar que, apesar de ser um filme de super-herói, o roteiro desenvolvido por Jenkins busca ressaltar o valor da mulher, combater o machismo e empoderar jovens pelo mundo. Maravilhosa, não é?

Kathryn Bigelow

Não foi fácil para Kathryn Bigelow ser a primeira – e única, por enquanto – mulher a ganhar o Oscar de Melhor Direção, além de passar o popular ‘Avatar’, de James Cameron (ex-marido da diretora), e ganhar o Oscar de Melhor Filme por ‘Guerra ao Terror’. Por muito tempo, era citada pela mídia apenas como “a esposa de Cameron”, mesmo tendo lançado cerca de oito filmes durante sua carreira como diretora, sendo seu primeiro, o interessante drama ‘The Loveless’, em 1982.

De lá para cá, Bigelow se envolveu com diversas campanhas que visam a igualdade salarial entre homens e mulheres e teve mais um filme, ‘A Hora Mais Escura’, indicado ao Oscar de Melhor Filme – e esse trabalho também lhe rendeu uma indicação ao Globo de Ouro de Melhor Direção, em 2012. Hoje, 10 anos após sua vitória no Oscar, ela continua sendo a ÚNICA mulher premiada por seu trabalho na direção de um longa-metragem em 92 anos de Oscar.

Chloé Zhao

A cineasta, roteirista e produtora cinematográfica chinesa Chloé Zhao talvez seja a menos conhecida dessa lista, porém, não menos importante. Apesar de ter apenas três filmes independentes no seu currículo: ‘Daughters’, ‘Songs My Brothers Taught Me’ e ‘Domando o Destino’, sendo esse último tendo 97% de aprovação da crítica no site Rotten Tomatoes, um feito incrível para uma diretora estrangeira e com poucos trabalhos. Além disso, o filme lhe rendeu o Gotham Independent Film Award de Melhor Direção.

Todo esse reconhecimento mundial fez com que ela fosse notada pelo maior estúdio de cinema da atualidade: a Disney. Zhao foi convidada pelo produtor Kevin Feige para dirigir a adaptação de um dos filmes mais importantes dessa nova fase da Marvel Studios, o misterioso ‘Eternos’. Dessa forma, se torna a segunda mulher a comandar um filme solo do Universo Cinematográfico da Marvel. Como imigrante nos Estados Unidos, ela já declarou que pretende abordar esse tema em suas obras e que faz questão que haja um personagem abertamente gay em ‘Eternos’.

Emma Watson

A eterna Hermione Granger da franquia ‘Harry Potter’ já era inteligente demais para sua idade e Emma Watson seguiu os passos de sua personagem. Uma das ativistas mais importantes e influentes da atualidade, a atriz faz questão de se envolver com diversas causas sociais e não esconde que é feminista assumida, já que dedica parte de seu tempo e dinheiro na tentativa de tornar o mundo um lugar melhor.

Desde discursos na ONU sobre igualdade de gênero até palestras sobre o consumo consciente de roupas para evitar o impacto na natureza, Watson é extremamente inteligente, humilde e comprometida com sua carreira. No cinema, além de descolar papeis em obras que geram debate e reflexão, como ‘Adoráveis Mulheres’ e ‘As Vantagens de Ser Invisível’, também entrega atuações sinceras e poderosas, que a faz ser uma das atrizes com menos de 30 anos mais populares da atualidade.  

Reese Witherspoon

Feminista assumida, Reese Witherspoon é uma das celebridades mais influentes de Hollywood e uma das que mais alfineta a indústria sobre desigualdade de gênero e falta de diversidade nos filmes. A atriz fez sua estreia profissional em ‘The Man in the Moon’, em 1991, para o qual ela foi nomeada ao Young Artist Award. De lá para cá, estrelou filmes como ‘Legalmente Loira’ e ‘Johnny & June’, mas também encontrou espaço para militar e ser uma das mais envolvidas no movimento #MeToo, dando suporte a atrizes que sofreram com assédio sexual e moral.

De tanto lutar por espaço, a atriz resolveu criar sua própria produtora feminista, a Pacific Standard, responsável por obras como ‘Garota Exemplar’ (2014), ‘Livre’ (2014) e a série da HBO ‘Big Little Lies’, além da série da Apple TV+ ‘The Morning Show’, que também trata sobre o tema de assédio na indústria da televisão. Como se isso ainda não fosse o bastante, Witherspoon já ganhou o Oscar de Melhor Atriz por sua performance em ‘Johnny & June’ e tem um programa divertido de entrevistas na Netflix chamado ‘Reese Entrevista’, cujo objetivo é conversar com mulheres que estão mudando o mundo. Diva demais!

Hunter Schafer

Com apenas 20 anos de idade, Hunter Schafer já pode ser considerada uma mulher de sucesso após estrelar a aclamada série da HBO ‘Euphoria’. Mas, bem antes disso ela já era politicamente engajada em causas LGBTQI+ e na luta por mais diversidade e liberdade. Em 2017, a atriz entrou com um processo contra uma lei do estado da Carolina do Norte que impedia que estudantes transgêneros pudessem usar banheiros do gênero que se identificavam em escolas e em outros espaços públicos.

Além de ser modelo de marcas famosas como Dior, Versace e Marc Jobs, Schafer já declarou que tem muitas semelhanças com a Jules, sua personagem na série. Uma menina trans que está se descobrindo sexualmente e se conhecendo como mulher no jovem e maluco mundo adolescente do século 21. Quem vê seu sucesso não sabe como foi complicado para ingressar na carreira de atriz sendo trans. Ela já declarou que teve muitas portas fechadas por conta do gênero. Felizmente deu a volta por cima e se mantém firme e forte como importante influenciadora para os jovens.

Lupita Nyong’o

Imagina ser a primeira atriz queniana e a primeira atriz mexicana a ganhar um Oscar na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante? Pois bem, Lupita conseguiu esse feito. Porém, antes de ser uma das estrelas mais talentosas do cinema atual, ela começou sua carreira no cinema trabalhando como parte da equipe de produção de diversos filmes, incluindo ‘O Jardineiro Fiel’, do diretor brasileiro Fernando Meirelles.

Após alguns pequenos trabalhos, foi escalada para o drama ’12 Anos de Escravidão’, do diretor Steve McQueen, filme responsável por colocar seu nome no estrelato e conquistar papeis de destaque em obras como ‘Star Wars: O Despertar da Força’, ‘Pantera Negra’ e o terror ‘Nós’, que conta que uma das melhores atuações da sua carreira.

Na vida pessoal, a atriz dedica parte do seu tempo para cuidar de uma ONG que luta contra a extinção dos elefantes na África e é uma grande ativista, participando de movimentos como o #MeToo, denunciando abusos sexuais cometidos pelo produtor Harvey Weinstein, e realizando campanhas de preservação da memória negra nos EUA. Um ícone de ser humano.

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