Crítica | ‘A Teia’ tenta surpreender, mas não foge do óbvio

Filmes de suspense óbvios demais são como festas surpresa organizadas pelo próprio aniversariante: mesmo com uma boa ideia do que está prestes a acontecer, sempre há variantes que podem transformar o resultado final em algo maravilhoso ou aterrorizantemente ruim. A Teia, novo filme com Russell Crowe, infelizmente é um exemplo do segundo caso. 

Os acertos e erros de A Teia

Quando um prisioneiro sentenciado a pena de morte alega ser inocente, o ex-detetive de polícia Roy Freeman (Crowe) se sente na obrigação de investigar alguns furos existentes nesse caso antigo. Assim, ele começa a seguir pistas que possam levá-lo ao real desfecho dessa história. A questão é que Freeman tem Alzheimer e, portanto, não tem acesso a muitas memórias do seu passado. 

Conveniência é palavra-chave no roteiro escrito por Adam Cooper (que também dirige o longa), Bill Collage e E.O.Chirovici. A premissa, por mais que não seja inovadora, até poderia dar margem para o desenvolvimento de uma história envolvente. Se as peças do quebra-cabeças proposto pelo texto não estivessem escondidas embaixo da mesa até o último momento, espectador e protagonista desenvolveriam facilmente uma conexão pautada na busca por respostas. 

Em outras palavras, algumas informações surgem de forma tão conveniente na história que é extremamente difícil se envolver com a mesma enquanto um suspense. Os fragmentos de memória do protagonista, por exemplo, são restaurados à medida em que o roteiro necessita deles. No fim, se o ex-detetive tivesse esperado dentro de casa em uma poltrona confortável até que suas lembranças voltassem, ele teria resolvido a investigação da mesma maneira. 

E quem dera esses fossem os únicos problemas do longa. Além de debochar da inteligência do público com soluções oportunas, ainda tenta desviar o foco do espectador com tramas paralelas extremamente bagunçadas. São vários filmes dentro de um só e, em determinado momento, fica até difícil entender em qual deles deve-se prestar atenção. Mais uma vez, quando sobem os créditos isso pouco importa. 

As atuações também não ajudam. Russel Crowe parece estar com tanta vontade de saber a verdade por trás do assassinato quanto nós que estamos assistindo ao filme. Outro destaque negativo é o trabalho de Karen Gillan (Guardiões da Galáxia). Todas as aparições da atriz no longa me fizeram lembrar das piores performances em telenovelas que já vi. Suas falas são ruins, mas a atriz consegue elevar sua personagem ao nível de patética. 

Ridículo também é o clímax do longa, que nos faz duvidar se o que estamos vendo é real ou apenas mais uma alucinação do protagonista. Momentos como esse fazem com que seja impossível levar o suspense a sério. O tom proposto pelo texto é evidentemente destoante da direção, tornando a experiência como um todo bastante frustrante. 

Veredito

Assim como esse texto, o novo suspense de Adam Cooper não surpreende em nenhum aspecto. Você provavelmente decifrará o final de A Teia com a mesma facilidade com que compreendeu estar lendo uma resenha negativa logo no primeiro parágrafo. Diferentemente do que faz o longa, porém, espero não ter enganado o leitor ou subestimado sua inteligência em qualquer momento que fosse. 

Nota: 2/10

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