Crítica | Madame Teia – Cinquenta tons de bagunça em desastre do Aranhaverso

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Quando se trata de filmes ruins, espera-se ao menos ter algum entretenimento durante a experiência de derrota. No entanto, quando um filme ruim não consegue nem mesmo oferecer isso, é como se tivesse sido vítima de um roubo na sala de cinema. Algo está claramente errado no Universo Compartilhado da Sony com os super-heróis e vilões da Marvel. Desde o lançamento do difícil Venom, a cada novo filme, o estúdio parece ter abraçado sua posição como o lado menos privilegiado do gênero nos cinemas (e merece um troféu por isso!). E se Morbius parecia ser o ponto mais baixo, Madame Teia (Madame Web) chega para provar que sempre há espaço para piorar drasticamente.

Sem dúvida, é a produção mais desorganizada e caótica do Aranhaverso; absolutamente nada funciona. É surpreendente pensar que a Sony realmente se esforçou para lançar algo inferior ao seu pior filme até então. Uma experiência embaraçosa e constrangedora de se presenciar.

A trama e o elenco de Madame Teia

Na tentativa de ser um filme de origem sem sequer dar os primeiros passos, Madame Teia apresenta uma personagem intrigante com potencial fantástico, porém reduzida a uma vidente desprovida de carisma ou apelo emocional, inserida em uma trama repleta de péssimas decisões e furos de roteiro capazes de frustrar qualquer espectador.

Desvinculado dos demais filmes da Marvel/Sony (algo que até poderia ser bom se fosse bem feito), o longa cria seu próprio universo isolado e se passa em 2003, anterior ao surgimento do Homem-Aranha. Dakota Johnson interpreta Cassandra Webb, uma paramédica em Manhattan que adquire o poder de vislumbrar o futuro (quase como um Charles Xavier) e percebe a possibilidade de influenciá-lo para salvar algumas vidas.

Enquanto confronta revelações sobre seu passado, ela estabelece vínculos com três jovens destinadas a papéis poderosos, os quais o filme, lamentavelmente, deixa de explorar. Aliás, se você espera ver as quatro Aranhas em ação (de uniforme e tudo mais), sinto dizer, o trailer mente sobre isso também. 

O tom deste filme se situa desconfortavelmente entre o thriller psicológico e a comédia dramática sobre a transição para a vida adulta, porém, as piadas e o humor visual, como a tentativa de escalada de paredes de Cassie, anulam qualquer potencial cômico. Do início ao fim, há uma sensação frustrante de que o filme não está completo como deveria. A direção de SJ Clarkson é desastrosa, caótica e carente de qualquer qualidade discernível. É difícil de acreditar.

As escolhas de ângulos e movimentos de câmera deixam o espectador tonto e enjoado, assim como os diálogos absurdamente inverossímeis do roteiro, que parecem ter sido criados por uma criança de 8 anos. Tanto as sequências de ação quanto os momentos em que Cassie explora sua teia temporal são tão mal executados que chegam a ser risíveis.

A edição é sem dúvida o elemento mais bizarro, com seus cortes rápidos e fluxo desarticulado que prejudicam significativamente a narrativa. E não podemos deixar de mencionar o CGI de baixa qualidade para um filme desse porte, com cenas que lembram mais Crepúsculo do que uma produção da Marvel.

Este filme apresenta uma trama conduzida por um homem que busca de maneira violenta eliminar três futuras Mulheres-Aranha, o que, por si só, já é perturbador. O vilão é retratado de forma completamente estereotipada, desprovido de qualquer nuance que pudesse proporcionar camadas mais profundas ou justificar suas motivações de forma mais plausível. Apesar dos esforços, as atrizes Sydney Sweeney (Euphoria), Isabel Merced (Dora e a Cidade Perdida) e Celeste O’Connor (Ghostbusters – Mais Além) são limitadas a retratar arquétipos básicos e incompatíveis.

Dakota Johnson (Cinquenta Tons de Cinza), por sua vez, interpreta quase que seu papel sem sal habitual. Sua natureza sarcástica e condescendente é habilmente retratada, porém, sua entrega parece um tanto monótona, como se algumas linhas fossem pronunciadas sem entusiasmo algum. Felizmente, sua química com as jovens coadjuvantes ajuda a atenuar essas falhas, mas ainda assim, ela apresenta uma protagonista enfadonha, desinteressante e limitada pelo roteiro superficial que recebeu.

Veredito

Do mesmo estúdio que destruiu Morbius e Venom, Madame Teia consegue superar as expectativas negativas, levando o Aranhaverso a um novo nível de decepção com um filme constrangedor o suficiente para rivalizar com um piloto de TV fracassado. Com uma edição estranha e uma estrutura ridícula, é uma obra desajeitada, mal escrita, confusa e desleixada, repleta de performances medíocres.

E se alguém imaginava que Cinquenta Tons de Cinza representaria o ponto mais baixo da carreira de Dakota Johnson, parece que estava enganado. Este filme é um desperdício colossal de potencial, que transforma uma personagem intrigante e poderosa em mero instrumento de uma narrativa carente de criatividade e engenhosidade, que reflete a falta de comprometimento da direção em evitar o constrangimento.

Dificilmente veremos um filme pior este ano, e isso considerando que mal começamos o ano. Nas teias da bagunça, Madame Teia balança infinitamente rumo ao desesperador universo derrotado da Sony.

Nota: 1/10

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