Crítica | Indiana Jones e a Relíquia do Destino encerra a história de um ícone de modo satisfatório

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Com um chapéu na cabeça, chicote na mão e muita audácia, Harrison Ford deu vida a um dos heróis mais icônicos do cinema: Indiana Jones. O arqueólogo marcou diferentes gerações com seu carisma, coragem e paixão pela história. Mas como há de ser, toda grande aventura precisa de um fim.

Indiana Jones e a Relíquia do Destino marca a despedida do personagem das telonas (ou pelo menos foi isso que o diretor James Mangold e o próprio Ford afirmaram). A nova história de Indy, porém, não é sobre um herói cheio de energia que está sempre pronto para socar a cara de nazistas. A perspectiva aqui é a de um velho sujeito que perdeu o brilho no olhar para novas aventuras após ter sido duramente castigado pela vida.

Ao substituir a figura do homem viril por um Indiana Jones bastante fragilizado, o filme apresenta seu primeiro grande acerto. O texto não apenas dialoga diretamente com a sua estrela (Ford já passou de seus 80 anos), mas também usa a descrença do protagonista para justificar mais uma jornada cheia de vilões, artefatos históricos e até mesmo uma boa pitada de fantasia. 

Neste cenário, é Helena, personagem interpretada por Phoebe Waller Bridge, que se torna responsável por despertar o arqueólogo ávido por histórias que está adormecido dentro de Indy. Este é o segundo grande acerto do longa. A energia irônica e as expressões faciais de Bridge harmonizam de forma tão natural com a rabugice de Ford que fica difícil entender porque os dois nunca haviam trabalhado juntos antes. 

Helena carrega consigo o espírito jovial e astuto que abandonou Indy nos últimos anos de sua vida. Ainda que muito parecidos, Phoebe Waller Bridge entrega uma personagem com personalidade própria e que sabe ser engenhosa à sua própria maneira. Desde a dupla Shorty (Ke Huy Quan) e Indiana (O Templo da Perdição), a franquia não tinha apresentado uma dupla tão interessante assim.

O terceiro e último ponto de destaque talvez seja o mais importante: a mão firme de James Mangold (Logan, Ford vs Ferrari) na direção. Este é o primeiro filme da franquia não dirigido pelo grande Steven Spielberg, então havia muita curiosidade no que diz respeito ao trabalho de Mangold. Felizmente, o diretor (que também co-escreveu o roteiro) não deixou nada a desejar. 

As sequências de perseguição (clássicas nos filmes de Indiana Jones) estão presentes em peso. O jogo de câmeras é eletrizante e as soluções bastante criativas para criar cenas realmente memoráveis. Há uma em particular, envolvendo um cavalo, que talvez esteja entre as cinco melhores de toda a franquia. A ótima fotografia também ajuda a contar a história de maneira charmosa. Nada disso funcionaria, é claro, sem a clássica trilha de John Willians, que mais uma vez embala as peripécias do Dr. Jones. 

Vale destacar que Mangold não esconde a fantasia no quinto capítulo da saga. Desde Caçadores da Arca Perdida a franquia sempre flertou com o sobrenatural, tendo exagerado deste elemento em O Reino da Caveira de Cristal. O novo filme, no entanto, opta por não ficar no meio termo. Quando a trama parecia prestes a se perder em devaneios, Phoebe Waller Bridge dá um “soco de realidade” tanto no protagonista quanto nos espectadores para trazer a história de volta aos eixos.

Indiana Jones e a Relíquia do Destino pode até não ser inesquecível, muito menos o melhor da franquia. O filme, porém, se propõe a encerrar a história de um dos maiores ícones do cinema e consegue fazer isso de forma bastante original e satisfatória. Seu maior mérito foi apostar em mais uma aventura genuína de Indy, abrindo mão de quaisquer ideias megalomaníacas.

Nota: 8/10

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