Crítica | Alerta Máximo – Gerard Butler faz a ação decolar

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A regra é infalível: trailer é montado para vender filme. E no caso de Alerta Máximo (Plane, que aliás é um título original fantástico), novo thriller de ação da Paris Filmes, a junção de imagens eletrizantes faz parecer que estamos diante de um filme de acidente aéreo carregado de tensão, porém, na realidade, o longa é uma história policial clássica, que flerta com suspense de sobrevivência na selva, uma vez que o tal avião em queda só ocupa 10% do filme.

No entanto, passado a surpresa inicial de não ser o filme que esperávamos receber nas telas, a história explora uma viagem de avião que deu errado e uma subsequente fuga de uma selva filipina repleta de militantes assassinos. Não é apenas elaborado com competência e ação desenfreada, mas também entrega uma boa e necessária dose de diversão escapista. Por mais que o marketing tente vender um filme genial, Alerta Máximo subverte a decepção e ganha força com seus personagens humanizados e decisões cabíveis de um roteiro redondinho e transparente.

A trama e o elenco

A trama começa despreocupada com a ação e circula o mundano, o cotidiano dos bastidores de um voo comercial que vai de Cingapura para os Estados Unidos e o preparo dos tripulantes e passageiros para atravessar o mundo durante a véspera do Ano Novo. Essa rotina básica – pouco acessível ao público – estabelece seus diversos personagens e o clima de insegurança ao saber que o avião irá levar um prisioneiro perigoso a bordo, vivido por Mike Colter. Também somos apresentados ao piloto durão Brodie Torrance (Gerard Butler) e ao drama de se estar bem no meio de uma terrível tempestade, somado a uma manutenção de má qualidade do avião, ou seja: a queda é eminente.

O roteiro se beneficia do fato da aeronave ter passageiros reduzidos por conta da data e facilita o desenvolvimento dos poucos e bons. Com esse golpe de azar do destino, o resultado é um pouso de emergência em uma ilha abarrotada de criminosos que fazem suas próprias leis. E sim, há muitas semelhanças e inspirações em LOST e seus dilemas morais. Mas ao contrário da variedade de fantasmas e monstros de fumaça da série de J.J. Abrams, as forças vilãs deste filme, escondidas nas profundezas da selva, são muito mais fáceis de analisar. Ou seja: são militantes humanos que têm tendência a sequestrar estrangeiros. No entanto, seus motivos permanecem tão misteriosos quanto qualquer um dos segredos do seriado de sucesso.

Despreocupado com o conhecimento de geopolítica, flertando com o terrorismo islâmico e curiosamente satisfeito em reforçar o estereótipo do americano salvador e superior perante outros povos e culturas, o enredo supera rapidamente a queda de baixo orçamento do avião e foca no seu maior mérito: a ação de sobrevivência na selva para escapar das garras dos vilões, com um Gerard Butler em plena forma para ser o centro emocional do filme. Há uma energia de “filme dos anos 90” na produção, talvez por conta da precariedade de algumas sequências mais elaboradas ou talvez por transformar separatistas militantes complexos em meros capangas de videogame bidimensionais. Ainda assim, o teor de violência e as decisões dos personagens soam coerentes e, na maior parte do tempo, funcionam.

A direção

Essa inevitável falta de complexidade é contornada pela condução elétrica e ágil de Jean-François Richet, experiente em filmes do gênero, que entrega a energia necessária para fazer esse voo decolar durante boa parte da projeção. Por vezes a trama se afasta da violência óbvia e foca na tensão do local e da situação de insegurança, dando ao espectador uma granada que a qualquer momento pode explodir. O diretor cria familiaridades na narrativa que nos envolve e, dentro dos clichês do gênero, brinca com o que possui em mãos, sem a ambição de fazer qualquer coisa muito além disso.

Veredito

Apesar da viagem ser muito mais descomplicada do que o trailer vende e exigir uma certa suspensão da descrença, Alerta Máximo é um thriller de ação surpreendentemente habilidoso, agitado e divertido, que utiliza o carisma de Gerard Butler para manter sua trama no ar sem deixar a tensão despencar. Não estamos diante de um clássico do gênero, isso é fato, mas a dose elevada de adrenalina sem dúvida é o combustível certo para fazer a ação explodir e a diversão decolar.

NOTA: 7/10

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