Primeiras Impressões | Começo de “Cavaleiro da Lua” é truncado e feio, ainda que incite interesse

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A Marvel segue buscando uma fórmula de sucesso com suas séries, em uma tentativa de repetir o sucesso do cinema no streaming, e Cavaleiro da Lua é a aposta da vez. A Disney nos convidou para assistir os dois primeiros episódios, que já são o suficiente para entender que esta é uma trama sobre loucura, distúrbios mentais e construção de mitologia, com personagens tão particulares que lembram até mesmo a melhor origem já contada pela Marvel no cinema com o Homem de Ferro.

A trama da série

A trama acompanha Steven Grant, um britânico comum que trabalha em uma loja de presentes dentro de um museu, seguindo-o em toda sua normalidade e também em todas as suas disfunções – explicadas por uma personalidade diferente que toma conta do seu corpo às vezes, servindo como avatar de um antigo deus egípcio, chamado Khonshu.

A série trabalha muito bem a confusão de Steven, mergulhando o espectador logo de cara dentro da loucura de sua mente. O começo é, propositalmente, bagunçado e fora de ordem, assim como a mente do personagem.

O elenco

Oscar Isaac é um acerto grande para carregar a série – especialmente considerando que ele está em tela 99% do tempo nesses primeiros capítulos. O ator sabe variar entre o bobalhão Steven (que também é carismático e facilmente gostável) e entre sua outra personalidade, Marc, um mercenário que não hesita. Os problemas com este outro lado são completamente causados pela direção e escrita da série.

O vilão da série, vivido por Ethan Hawke, também é uma das ótimas surpresas. O ator passa tranquilidade, serenidade e inocência mesmo nos momentos mais cruéis, como um bom anti-herói. Seu passado tem envolvimento direto com o personagem de Oscar Isaac, mas, muito mais interessante do que a história proposta, é a interação entre eles em cena. O lado patético de Steven tem um timing cômico muito bom – de novo, remete ao primeiro Homem de Ferro – e não recai no exagero humorístico que a Marvel tem vivido em anos recentes. A própria leveza do vilão também ajuda nisso, ainda que não tire o peso do que acontece em tela.

A direção

Apesar do destaque para os atores, a direção da série é uma bagunça. Mohamed Diab, que é o responsável pelo primeiro episódio, usa artimanhas para fugir de coreografias de luta e quando isso não funciona, a ação é grotesca e antinatural, com um CGI terrível. Há uma cena no primeiro episódio de perseguição de carro que parece pior do que a computação gráfica utilizada nos filmes do 007 dos anos 70.

O principal problema é que a ação inteira – além de várias outras coisas desnecessárias – se baseia em um CGI mal construído e hiper utilizado. Seguindo a tendência que tem virado norma dentro do Marvel Studios, tudo parece completamente fora da realidade. Não, eu não estou sendo ingênuo o suficiente de pensar que uma série de super-heróis precisa ser extremamente realista. Mas chega a ser bizarro perceber como tudo parece falso nesta nova série (e em várias outras produções recentes do estúdio), a ponto de o CGI não servir apenas para criar uma ilusão do real, mas sim como um utensílio para deixar o diretor de folga e sobrecarregar a equipe de efeitos especiais.

Por exemplo, o próprio Cavaleiro da Lua parece um boneco de computação gráfica mal feito. Os movimentos são falsos e as lutas com ele não possuem nada de efeitos práticos. Em vez da ação ser um respiro dentro de um roteiro complexo e enigmático, o efeito é reverso e sempre que as lutas começam, um bocejo acompanha qualquer um que entenda sobre bons efeitos especiais e boas cenas de ação.

Conclusão

É cedo para dar um veredito, mas o começo de Cavaleiro da Lua é truncado e feio, ainda que incite interesse, especialmente por conta dos personagens carismáticos e inéditos. O texto é confuso em alguns momentos, mas funciona até como uma forma de se sentir mais próximo do protagonista, e a interação do herói e do vilão é incrível. Apesar disso, a ação é terrível, completamente bagunçada, mal coreografada e preguiçosa, com um CGI que beira o photoshop de um aluno do fundamental.

O início mostra que a Disney compilou em sua nova série o melhor e o pior das suas últimas produções, mas infelizmente pende para o pior, ainda sem encontrar a direção certeira para o streaming – resta esperar para ver se nos próximos episódios Cavaleiro da Lua realmente tem algo a dizer. Já que visualmente não tem nada muito interessante para mostrar.


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