Crítica | O Céu Está em Todo Lugar – O luto transformado em arte

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Convenhamos, é raro hoje em dia uma comédia romântica ou drama adolescente demostrar um certo nível de maturidade. Depois de Euphoria – série de sucesso da HBO – retratar a adolescência tem sido uma tarefa árdua para os roteiristas mais preguiçosos. Um filme que se encaixe nas sensibilidades da idade do personagem principal, isso é precioso demais para brotar em todas as árvores. Ou os teens são bobões ou são adultos interpretando situações adolescentes. Vai do exagero ao ridículo em proporções catastróficas. Entretanto, o importante é que nunca devemos esquecer que os jovens são criaturas emocionais, que estão tentando encontrar seu caminho – social e comportamental – no mundo caótico que vivemos. Isso significa que eles precisam ganhar experiência para aprimorar reações emocionais e desenvolver ferramentas para lidar com o que a vida lhes apresenta. E é isso que O Céu Está em Todo Lugar (The Sky Is Everywhere) tem a nos oferecer de tão doce e, ao mesmo tempo, tão cirúrgico à ponto de nos fazer sofrer.

A trama e o elenco

O filme da A24 – que chegou ao Brasil através da Apple TV+ – centra-se em Lennie Walker (Grace Kaufman faz seu nome), uma jovem prodígio da música que tem um futuro fantástico pela frente, porém, uma sequência de tragédias em sua vida a faz temer seguir à diante. Além de perder a mãe ainda criança, sua irmã mais velha e melhor amiga, Bailey (Havana Rose Liu), morreu subitamente de uma arritmia cardíaca fatal. Todos esses conflitos a deixa presa dentro de si mesma, protegida por um casulo confortável e distante da dor que precisa encarar para crescer.

Mas como ser um adolescente num mundo tão cruel? Esse é o enredo central do filme que, além disso, também fisga o público através de um típico romance teen – com direito à triângulo amoroso – carregado de doçura e tentação.

O longa é uma ótima adaptação do livro homônimo da autora Jandy Nelson, que, inclusive, participa do roteiro, ou seja, além da fidelidade, o forte está na sensibilidade de como extrair das páginas do romance uma sensatez ímpar e algumas reflexões atentas ao público atual, fruto também da direção impecável de Josephine Decker (Shirley), que monta um filme com excelente direção de arte e cinematografia de arregalar os olhos.

É uma verdadeira beleza visual que envolve e encanta, mesmo ao lidar com a temática densa do luto. O filme atinge níveis formidáveis de arte e cria uma bela ressonância visual do amor jovem, mesmo utilizando clichês e tropos do gênero.

Conclusão

Um raro, maduro e reconfortante romance jovem feito de uma forma que transborda arte e cinema, O Céu Está em Todo Lugar capricha na técnica para preencher as lacunas de um enredo pesado sobre as feridas deixadas pelo luto. O filme da Apple TV+, ainda que tenha seus clichês convencionais do gênero, é esteticamente agradável, com ritmo incrível e bastante comovente. O céu está em todo lugar, mas esse nível de qualidade certamente é incomum.

NOTA: 8/10


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