Crítica | Vozes e Vultos – Muito drama e pouco terror em filme da Netflix

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De fato, Amanda Seyfried (Mank) e James Norton (The Nevers) fazem um ótimo trabalho com um casal clichê que deixa a cidade para usufruir da tranquilidade do interior em Vozes e Vultos. Seus personagens sinalizam um casamento que trabalha muito para se manter vivo e respira com ajuda de aparelhos. A dupla, em cena, consegue segurar o espectador através das nuances de sentimentos e pela curiosidade de saber o que irá dar errado nesse romance quase perfeito, porém, se esse enredo raso e bobinho for extraído, resta pouco a que se agarrar. O excesso de drama sufoca qualquer tentativa de fazer terror.

A trama e o elenco

Dessa forma que a trama é configurada em Vozes e Vultos (Things Heard & Seen), novo original da Netflix que equilibra – muito precariamente – o sentimentalismo de um casamento em pedaços com o suspense sobrenatural. No entanto, não demora muito para percebermos no enredo que há algo estranho no novo lar e, por consequência, no relacionamento do casal protagonista (sim, pois é assim que esses filmes funcionam!). A trama, sem ter para onde fugir, nos coloca na perspectiva de Catherine enquanto a mesma luta entre a escuridão de seu casamento e a visão sinistra de sua nova e estranha casa isolada. No papel, a premissa parece infalível, já na prática não é bem assim.

Não precisa de muito para perceber que o grande e bom elenco de estrelas – Seyfried recém recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz por Mank – serve apenas para abafar os problemas de um roteiro embebedado na previsibilidade. A atriz é ótima e está bem aqui, porém, não é o suficiente para segurar pouco mais de 2 horas de duração. Há todos os ingredientes para acertar o ponto, mas o suspense insiste em desenvolver reviravoltas patéticas apenas para provar ao espectador que a trama não vai para o caminho habitual, sendo que, no fim das contas, a estrada dá na mesma rua sem saída.

Logo no metade, o público percebe que aquela história vazia não tem certeza absoluta para onde deseja seguir, mas uma coisa é certa: os diretores e escritores entendem como é um casamento desfeito – esse aspecto do filme funciona; assistir Norton e Seyfried navegando nas armadilhas de seus personagens, emocional e fisicamente, é intrigante. No entanto, quando tenta enredar as questões conjugais com uma influência paranormal, torna-se confuso em seus próprios temas e nunca alcança seu potencial máximo.

A direção

É importante notar que o longa é baseado em um romance chamado All Things Cease to Appearda autora Elizabeth Brundage, portanto, o livro pode ser igualmente interpretativo e funciona dessa maneira. Certamente não há nada de errado em permitir que o público faça suposições – algo até bem-vindo, especialmente nesse gênero. Mas aqui, a sensação é de que os próprios diretores não estavam certos a que a interpretação deveria levar – o paranormal é o problema no casamento, ou é o casamento, ou ambos? A condução da dupla Shari Springer Berman e Robert Pulcini peca em direcionar nossa percepção e, de quebra, ainda desenvolve inconsistentemente a atmosfera de suspense, os sustos e a relação daqueles personagens com os fantasmas do lugar, tornando a jornada o mais puro e irritante tédio. A fotografia, por sua vez, é bastante notável.

Conclusão

Com isso, Vozes e Vultos mistura sobrenatural com questões matrimonias e se esforça para ter o impacto de obras como Terror em Amityville, mas entrega um suspense tão enfadonho e sem criatividade, que não vale o nosso esforço para assistir. Considerando que o filme dura exageradas duas horas, é surpreendente como as perspectivas dos personagens e o conceito não se solidificaram em momento algum. A narrativa joga reviravoltas no anzol esperando fisgar o público, no entanto, ao ser vendido como um filme de terror convencional, a produção peca em não assumir o seu melhor aspecto: o drama de relacionamento.

Nota: 3/10

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