Crítica | Upgrade – Híbrido de ação e terror cyberpunk em filme memorável na Netflix

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Se não é um dos melhores filmes do gênero lançados nos últimos anos, Upgrade – Atualização, que está chegando agora ao catálogo da Netflix, é sem dúvida um dos mais originais e memoráveis. Esse híbrido de ação e terror cyberpunk tingido de neon, é assumidamente um filme B com o melhor que a ficção científica moderna pode proporcionar ao abordar como a onipresente e assustadora tecnologia pós-humana dirige nossos carros, cuida de nossas casas e nos transforma em máquinas de matar superpoderosas.

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A trama e o elenco

Através de um roteiro trabalhado em sua minuciosidade, no enredo temos Grey Trace (vivido pelo ótimo Logan Marshall-Green), um orgulhoso mecânico que ainda se apega a um mundo analógico e acredita que inteligências artificiais podem ser uma forma de manipulação, enquanto sua esposa enche a casa de tecnologia. Mas as suspeitas de Grey se provaram corretas quando, após um terrível acidente envolvendo um carro autônomo, uma gangue de bandidos ciberneticamente aprimorados matou sua esposa e deixou Grey paralisado do pescoço para baixo. Dessa premissa é desenvolvido uma enérgica ação desenfreada no melhor estilo filme de vingança que acompanha a busca do protagonista por respostas.

Os esforços do roteiro na construção de personagens e mundos iniciais são recompensados ​​quando Grey é abordado por um gênio excêntrico, Eron (Harrison Gilbertson), e oferece uma oportunidade de revanche se ele puder arquivar sua aversão à tecnologia. O problema é uma tecnologia experimental não totalmente legal chamada STEM, que se engancha em sua espinha e funciona como um cérebro secundário manipulador que comanda seus membros e fala em uma voz plana e robótica que só ele pode ouvir. Nesse ponto, a trama assume ares de clássicos do cinema como 2001: Uma Odisseia no Espaço e até mesmo Eu, Robô ao mergulhar nos clichês de Inteligências Artificiais perversas para subverter as expectativas do público e preparar criativas reviravoltas.

O que é inteligente e interessante sobre a trama de Upgrade é que o STEM tem uma mente própria; uma enciclopédia superinteligente, sempre online, que faz parceria com Grey para caçar os assassinos de sua esposa. Mas o que é mais inteligente e interessante é que IA também pode, sob comando, assumir completamente as funções motoras de Grey, independentemente de sua consciência e transformá-lo em um super-homem absurdamente letal, ou seja, em certo ponto não sabemos mais se estamos acompanhando o mocinho da história ou mesmo o vilão, já que as personalidades se misturam.

A direção

As numerosas sequências de luta são coreografadas habilmente e vitoriosamente bizarras enquanto a câmera se inclina e gira com os movimentos desumanamente rápidos e precisos do protagonista, trabalho esse que faz de Leigh Whannell (ator em Jogos Mortais e diretor de filmes como O Homem Invisível), um dos realizadores atuais que mais possui visão para frente e sabe, como poucos, comandar cenas de suspense com ação com bastante maestria dentro de um orçamento totalmente baixo. Esses efeitos de câmera são memoráveis e assustadores ao mesmo tempo, que dão ao longa uma estética criativa semelhante a um divertido e agitado jogo de videogame.

Por outro lado, alguns deslizes acontecem. Os vilões humanos são estereótipos em excesso e algumas reviravoltas acabam sendo previsíveis, especialmente para a parcela do público que já está acostumada com esse tipo de trama. De certa maneira, é curioso como essa trama se relaciona com a de Venom, por exemplo, porém, trocando o simbionte alienígena por uma inteligência artificial sinistra. No fundo sabemos para onde a jornada vai nos levar e, ainda que seja divertido o percurso pelas cenas de ação desenfreadas e o universo estilo Black Mirror, a originalidade das técnicas exploradas poderia ter se estendido também para alguns aspectos do roteiro.

Conclusão

Assustadoramente eficaz na tentativa de recriar clássicos da ficção científica, Upgrade – Atualização acerta em ser um vigoroso híbrido de ação e terror cyberpunk e se torna um dos filmes mais memoráveis na Netflix atualmente, que prova, mais uma vez, como roteiro inteligente e direção criativa podem superar qualquer baixo orçamento. Ao seguir por um caminho que explora menos o mundo futurista e mais os dilemas entre homem e máquina, o longa é divertido, violento e engenhoso, ou seja, a fórmula certa para conquistar os amantes do gênero e ainda empolgar quem busca um filme fora da caixinha.

Nota: 8/10
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