Crítica | WandaVision é um grande ponta-pé inicial para a nova era do MCU

Publicidade

Em julho de 2019, o MCU encerrava a sua Fase 3 com a estreia de Homem-Aranha: Longe de Casa. Desde então, muita coisa aconteceu. A pandemia fez com que o cronograma do estúdio fosse completamente alterado, e muitos filmes programados para estreiar em 2020 foram adiados para 2021. No fim das contas, coube a Wandavision ser o primeiro lançamento da Marvel depois de tanto tempo, iniciando tanto a nova jornada da empresa no streaming, quanto a Fase 4 de seu universo cinematográfico.

Após mais de um ano sem lançamentos do Marvel Studios, os fãs estavam sedentos por respostas. Por isso, era de se esperar que as expectativas para qualquer produto do MCU lançado fossem gigantescas. E assim, quando finalmente chegou ao Disney+, Wandavision proporcionou quase nove semanas ininterruptas de discussões na internet, estimulando a criatividade de seu público e servindo de palco para a criação de inúmeras teorias. 

Entretanto, a série sobre o Visão (Paul Bettany) e a Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) não respondeu tantas perguntas sobre o futuro do MCU quanto alguns esperavam. Muitas hipóteses criadas foram por água abaixo, e personagens aguardados (velhos conhecidos dos quadrinhos) acabaram não dando as caras no seriado. No fim, o que Wandavision fez foi o que prometeu fazer desde o começo: contar uma história sobre a dor de Wanda Maximoff e sua luta contra seus demônios internos, seguida da sua superação e eventual transformação em Feiticeira Escarlate. 

A partir disso já é possível dizer que a aposta do Marvel Studios no streaming foi certeira. Produtos em formato de seriados, como Wandavision, permitem o desenvolvimento de personagens muito interessantes que não teriam tanto espaço no cinema. Wanda, por exemplo, foi introduzida no MCU em 2015, em Vingadores: Era de Ultron, mas até então a personagem não havia tido um arco próprio bem construído (como bem lembra Jimmy Woo (Randall Park)  na cena em que ressalta o fato da sokoviana não ter um “nome de super-herói”). 

Desse modo, Wandavision se comprometeu a explorar ao máximo essa personagem – e, nesse quesito, conseguiu alcançar seu objetivo com sucesso. Com o avanço da trama, inclusive, o título do programa passa a fazer mais sentido: estamos vendo um seriado sobre a dor e inseguranças da Wanda, enxergando o mundo como ela enxerga. Por mais que o Visão seja peça-chave em seu desenvolvimento, é a perspectiva da Wanda que interessa (Wanda’s vision, a visão de Wanda). E assim, é gratificante acompanhar sua jornada, ver a protagonista encarar o seu passado trágico, para enfim evoluir e se tornar algo maior, uma verdadeira Feiticeira Escarlate. 

Além disso, o fato da série ter utilizado um formato completamente novo para contar sua história deve ser elogiado. Afinal, o streaming e os seriados são ambientes novos para Kevin Feige e o Marvel Studios. Por mais que produções como Demolidor e Jessica Jones, da Netflix, tivessem o selo Marvel, era evidente que esses personagens nunca foram prioridade para o MCU. Agora, com casa própria, a Marvel pôde explorar ao máximo tudo o que os seriados têm a oferecer. E qual maneira melhor de fazer isso do que homenagear sitcoms que tanto marcaram a televisão? O mais interessante nessa escolha é que ela não é gratuita e conversa diretamente com a trama e com a atmosfera mágica da série. Brincar com novas roupagens é uma ótima forma de renovar o ar de um gênero que, para muitos, pode estar começando a ficar “batido”. 

As respostas aguardadas pelos fãs, porém, ficaram de lado. Wandavision se preocupou mais em focar em suas protagonistas, no arco de Westview, do que em expandir o universo Marvel. Por mais que tenham pontas soltas e cenas pós-créditos bem sugestivas, aparições aguardadas pelo público e avanços significativos na franquia ficaram de lado. Porém, seria uma grande injustiça desmerecer o trabalho feito pela série simplesmente porque teorias não se concretizaram. A narrativa respeitou a si própria e aos seus personagens, e isso é o que interessa para quem deseja acompanhar uma boa história.

Isso tudo não quer dizer que o programa não tenha dados seus deslizes. Não foi de primeira que a Marvel acertou no ritmo da série, um aspecto muito importante para produtos nesse formato, e a impressão que fica é a de que sete ou oito episódios talvez fossem suficientes para o desenrolar da trama.  Além disso, em alguns momentos o roteiro peca ao ser extremamente explicativo, algo que pode funcionar para o público geral, mas que atrapalha a experiência do espectador de longa data. 

Assim, apesar de algumas ressalvas, Wandavision consegue entregar um entretenimento de qualidade, dando um novo frescor para o MCU. Contando com um elenco de primeira e de forma contida, delicada e criativa, a série entrega uma bela história sobre a Feiticeira Escarlate, ressignificando-a dentro da franquia. De fato, um grande ponta-pé inicial para a nova era que se inicia para o estúdio.

Nota: 8,5/10

Última Notícia

Mais recentes

Publicidade

Você também pode gostar: