Crítica | ‘Verdade ou Desafio’ não assusta e não diverte

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A ganância hollywoodiana às vezes ultrapassa todos os limites. Filmes, ainda que expressão artística, obviamente são espetáculos e, em sua grande maioria, pensados para agradar o que o público está consumindo no momento. Por conta disso, ‘Verdade ou Desafio’ (Truth or Dare) claramente foi desenvolvido para pegar onda nos filtros dos Snapchat, que era novidade em 2017 (quando o longa foi realizado), porém, por si só já é um filme completamente injustificável, no entanto, é curioso ver como o terror da Blumhouse se tornou datado após a superpopularização dos filtros nas redes sociais. A produção, que acaba de chegar na Netflix, quis tanto ser moderna e descolada, que se tornou vítima da constante modificação da internet. Ainda assim, se olhar com os olhos de três anos atrás, o roteiro é tão superficial, vazio e medíocre, que é difícil pensar como foi aprovado e saiu do papel.

A trama e o elenco

Na tentativa der ser o ‘Premonição’ dos anos 2010, a trama acompanha um grupo totalmente estereotipado de jovens inconsequentes que viajam para o México e por lá se deparam com uma estranha (para não dizer outra coisa!) maldição, que transforma o rosto das pessoas no bizarro filtro de sorriso do Snapchat. Essa maldição, sem propósito aparente, pergunta a famosa frase do jogo adolescente “verdade ou desafio/consequência” e, através da resposta, persegue um por um dos personagens. Dessa premissa, que parece ter sido desenvolvida por uma criança em um fórum online de fanfics, nasce uma produção de quase 2 horas (em sua versão estendida, sim, alguém estendeu o filme!), que vem de lugar nenhum e vai para lugar algum, apenas servindo para assustar o espectador (que precisa ser bem apavorado para isso) e recheado de atuações ruins, diálogos expositivos e muita, mas muita presepada.

Ainda que a Blumhouse seja uma produtora que foca na vertente de horror juvenil e feita para ser assistida por um público sem muito critério, dessa vez o absurdo vai muito além, já que a falta de justificativa para a história existir é o menor dos problemas. Lucy Hale (A Ilha da Fantasia) deixa seu carisma guardado no camarim e esquece de levar consigo para as cenas absurdas que o roteiro exige. Tyler Posey (Teen Wolf) tem uma performance vergonhosa, mas nada supera a direção desequilibrada de Jeff Wadlow (do também péssimo A Ilha da Fantasia), que constrói a atmosfera de terror com a habilidade de um chimpanzé, e olha que ele foi responsável pelo ótimo ‘Kick-Ass 2’. O filme não assusta, não diverte e muito menos intriga o espectador, já que tudo está bem óbvio desde o começo e a premissa se esgota muito cedo, sobrando apenas espaço para sequências bobas, “demônios” que eram para ser assustadores, mas na verdade são engraçados, e uma súbita vontade de sair do cinema ou desligar a TV. Até mesmo as cenas violentas são superficiais. Falta sangue, grito e terror de verdade.

Conclusão

Com esse filme dispensável, fica evidente que a cobiça hollywoodiana não tem limites e nem está preocupada se uma premissa absurdamente vazia vai fazer sentido. Nesse terror sem ânimo, sem susto e sem graça, o importante é atrair o público jovem para o cinema com a promessa de diversão, o restante a bilheteria compensa. Ainda que ‘A Ilha da Fantasia’ seja um pesadelo (e não no bom sentido!), ‘Verdade ou Desafio’ se perde em sua própria ambição e conquista uma vaga no topo dos piores filmes da Blumhouse.

Nota: 1

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