Crítica | Amor Garantido – A única garantia é o excesso de clichês preguiçosos

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Às vezes a falta de novidade e ousadia são as piores coisas que podem acontecer em um filme. A trama até pode ser convincente e equilibrada, mas esse medo constante de sair da caixinha atrapalha completamente a obra, como acontece com ‘Amor Garantido’ (Love, Guaranteed), nova comédia romântica da Netflix que segue o padrão já pré-estabelecido pelo gênero e que se mantém na linha do começo ao fim, sem nuances ou surpresas. Sim, para alguns, isso é algo bom e essa zona de conforto é exatamente o que buscam assistir, como diz a própria personagem do filme, “as pessoas adoram essas besteiras românticas” e ela está certa. Mas até onde vale dedicar seu tempo a algo que não vai fazer a diferença?

A trama e o elenco

Ainda que a trama água com açúcar seja criativa e se relacione diretamente com o amor líquido contemporâneo, ao mostrar uma jovem advogada que precisa ajudar seu cliente a processar um aplicativo de relacionamento por garantir que o assinante vai sair apaixonado dos encontros, o desenvolvimento segue essa premissa e se mantém nela até o desfecho, enquanto os dois começam a se apaixonar inesperadamente, pelo menos para o roteirista, já que o espectador desvenda a trama com poucos minutos de filme. Dessa forma, mergulhado em clichês de comédias românticas dos anos 90, o filme acerta na interação do casal protagonista, que consegue até ser divertido em alguns momentos, muito por conta da química entre os atores e pelo bom timing cômico da atriz Rachael Leigh Cook (Ela É Demais), mas dá voltas e mais voltas em torno de poucos elementos interessantes, culpa de uma direção desregular e pacata demais de Mark Steven Johnson (cineasta por trás de obras como ‘Demolidor’ e ‘Motoqueiro Fantasma’). Ainda assim, o humor tem equilíbrio com o romance e algumas piadas funcionam melhores que outras.

Por outro lado, ainda que a história evidentemente necessite de mais conflitos, para deixar jornada da protagonista mais instigante e até mesmo emocionante, o entretenimento é bom e a narrativa segue um ritmo divertido, especialmente quando tenta se tornar um drama de tribunal e utiliza todos os estereótipos possíveis para convencer o espectador da urgência do assunto. Até mesmo a repetitiva trilha sonora, que toca em diferentes momentos (incluindo nos créditos finais) e vira piada para o próprio filme, mostra o quanto o roteiro é limitado e qualquer tentativa de fazer algo maior e mais ambicioso acaba saindo pela culatra.

O clímax no tribunal é pura presepada e seu desfecho, após a decisão de um personagem, vai contra toda a construção da história até então, porém funciona, especialmente para o espectador que já conseguiu se envolver emocionalmente com o casal durante as idas e vindas. Dos males, sua conclusão é a menos pior. A busca por ser menos careta e brega que o habitual é perceptível, exclusive quando o galã, vivido pelo ator Damon Wayans Junior (Happy Endings), brinca com os esteriótipos de casais perfeitos, formados por pessoas brancas e como a mídia replica modelos ultrapassados.

Conclusão

Com isso, ‘Amor Garantido’ tenta se encaixar no “guilty pleasure” mas não é tão prazeroso assim. Um prato cheio para os amantes de clichês, mas a falta de novidade e ousadia da trama acaba deixando o banquete desgastante. Ainda assim, é um filme leve, ingênuo e sem nuances, que deve agradar especialmente quem busca na Netflix uma história rasa, porém eficiente. A única coisa garantida é que esse filme é mais do mesmo na prateleira do gênero, que tem extrema dificuldade de sair de sua zona de conforto.

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