Crítica | Medo Profundo 2 – Um caso raro em que a sequência é melhor que o antecessor

Após a intensidade alcançado por ‘Predadores Assassinos’ esse ano, parecia ser difícil que outro filme sobre animais famintos pudesse arrancar o fôlego que nos sobrou. Felizmente, ‘Medo Profundo – O Segundo Ataque’ (47 Meters Down: Uncaged) faz esse serviço de nos colocar outra vez em um ambiente fechado, claustrofóbico, cercado de tubarões pré-históricos e aposta na fórmula do primeiro filme para criar tensão com bastante destreza. Enquanto o roteiro busca algumas novidades aqui e ali e a direção aposta em um estilo próprio, o suspense acaba alcançando um nível aceitável dentro do subgênero, que precisa se reinventar todos os anos para não parecer galhofa demais, após a existência da franquia ‘Sharknado’.

Falta de eficiência não é um problema aqui, já que o longa funciona no que se propõe e justifica o fato de ser uma sequência indireta do filme de 2017, por ampliar seus horizontes e entregar uma trama mais vibrante que a anterior, que era focada apenas em duas jovens presas em uma gaiola de tubarões à 47 metros de profundidade. Dessa vez, cinco amigas se aventuram para conhecer as ruínas de uma cidade subaquática, no entanto, durante o passeio pelo fundo do mar, elas descobrem que não estão sozinhas e os verdadeiros “moradores” do lugar são enormes tubarões que irão caçá-las até a morte. Sem grandes novidades ou inovações, o filme foca apenas em tornar essa experiência angustiante, mesmo que “quanto menos você questionar as atitudes das personagens, melhor!”.

O roteiro “feijão com arroz” não reinventa a roda, mas sabe trabalhar dentro da formula existente e a direção de Johannes Roberts, que também comandou o primeiro filme, aproveita a maior liberdade criativa para explorar algumas sequências bem realizadas, com a ajuda slow motion, planos sequência e closes, que auxiliam na construção do suspense, tornando o filme bem mais intenso e esteticamente melhor que o original. E claro, a direção de fotografia também cumpre sua função de trabalhar os ambientes escuros, as luzes vermelhas de baixo d’água e as cores soturnas, que deixam a atmosfera densa e assustadora, ainda mais por se tratar de um cenário fechado, assim como em ‘O Abismo do Medo’, cuja tensão já é preexistente apenas pelo lugar ser hostil.

Porém, há sim conveniências do gênero que o roteiro não consegue fugir e, em certo ponto da trama, começa a dar voltas em torno de si para render mais material e mais jump scares, quando, na verdade, suas alternativas se esgotaram bem rápido. Mesmo que haja muita repetição e algumas burrices por conta das personagens mal desenvolvidas, a tensão é mantida em alta do começo ao fim e isso, felizmente, envolve. Fora a atuação até boa da jovem Sophie Nélisse (A Menina Que Roubava Livros), as demais atrizes entregam o básico proposto, sem grandes ápices. Não ajudam, mas também não atrapalham. Descartáveis mesmo são os personagens masculinos, que surgem do nada em cena e só servem como isca para que os animais possam fazer algumas vítimas ao longo da trama. E, por debaixo das camadas mais profundas, o roteiro tenta fazer um discurso antibullying, que fica forçado por explorar apenas o clichê da situação, mas que é válido ainda assim.

Dessa forma, ‘Medo Profundo – O Segundo Ataque’ não reinventa a fórmula, mas sabe trabalhar a tensão e o suspense com bastante habilidade. Se abstrair algumas decisões estúpidas do roteiro, o longa diverte, sem ser descartável. Ao menos, é um caso raro em que a sequência é bem mais interessante que o original, mesmo que ainda possa melhorar muito.

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