A trilogia Até que a sorte nos separe

A trajetória destas obras, estreladas por Leandro Hassum e Daniele Winits, se transformou em um case de sucesso do cinema nacional. Comum no mercado americano, ele é o primeiro caso em quem o sucesso de um longa metragem brasileiro conseguiu chegar até a terceira edição. Se eu fosse você logo depois conseguiu a mesma façanha.

Mesmo que não seja exatamente o estilo de filme preferido por muitos entendidos em cinema, ele se tornou um item a ser estudado – e louvado – pelo fato de ter conseguido tanto sucesso e continuações. É preciso perder, talvez, o preconceito com comédias rasgadas e observá-las tanto como obra quanto como fenômeno de massa.

Leandro Hassum tornou-se uma figura quase onipresente em comédias nacionais, mas foi com esta trilogia que alçou vôo solo definitivamente. Durante um bom tempo em sua carreira, ele fazia dupla com o ator Marcius Melhem, que atualmente enveredou também pra parte de trás das câmeras, ao ser o responsável por vários programas de humor da TV Globo.

Tiveram um programa juntos, nas tardes de domingo da emissora, denominado Os Caras de Pau, que antes era um esquete do Zorra Total. Depois disso, ambos começaram a percorrer caminhos separados, os dois obtendo muito sucesso, na TV e no cinema, além do teatro.

Os filmes em si não possuem uma história ricamente elaborada, mas se sustentam totalmente, partindo da premissa de que o personagem de Hassum é um Personal Trainer, noivo – posteriormente casado – de Winits e que recebe 100 milhões de reais ao ganhar na loteria. Acaba gastando tudo e ficando pobre outra vez.

A sorte realmente lhe sorri por que nos filmes seguintes, ele acaba ganhando muito dinheiro outra vez e perdendo tudo de novo. Toda a história gira em torno de suas desventuras, seja enquanto rico ou como pobretão, arrancando muitas gargalhadas dos espectadores com o típico humor físico, baseado em atores como Jim Carrey ou o mestre Jerry Lewis.

A maior atração do segundo filme, inclusive, é a participação mais que especial do veteraníssimo Lewis, cujos filmes fizeram tanto sucesso na Globo, durante os anos 80 e 90. Ele faz uma pequena participação como funcionário de um hotel nos EUA, reprisando o papel de um de seus filmes mais famosos, O Mensageiro Trapalhão. Foi uma de suas últimas participações cinematográficas antes de falecer.

Existem diversos filmes sobre alguém ganhar na loteria, alguns muito bons e até premiados – o dinamarquês A festa de Babette ganhou um Oscar de filmes estrangeiro – a grande maioria envolve drama, aventura e até suspense, masdificilmente você encontrará algo que trate do tema com tanto humor e escracho.

No cinema brasileiro, que atualmente encontrou outros temas – para alegria de todo cinéfilo que se preze, que já não suportava mais filmes sobre favelas, sertão, cangaço e violência (não que eles não sejam bons ou relevantes) – outros temas inusitados e urbanos como este começaram a aparecer em produções cinematográficas.

Com orçamentos combinados próximos dos 21,5 milhões de reais e receita total de 120 milhões – mais que o prêmio da loteria que ele recebeu no primeiro filme – os filmes podem ser descritos como um dos maiores sucessos de todos os tempos do cinema brasileiro.

É preciso perceber – e louvar – o sucesso obtido por produções brasileiras. Elas revelam que existe um público consumidor ávido por produtos feitos para ele e que, mesmo que não sejam intelectualizadas, têm relevância. Ninguém quer sempre ver algo para pensar e analisar todos os detalhes específicos. Muitas vezes só se quer relaxar e dar boas gargalhadas e filmes como estes cumprem o que prometem entregar!

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