Crítica | ‘Irmandade’ soa genérica mas tem potencial

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Marcado como um período no qual a segurança pública era ainda mais deficitária do que nos dias atuais, os anos 90 foram palcos de diversos massacres contra populações carcerárias, moradores de rua e trabalhadores sem terra. Nesse cenário de abuso de autoridade do estado e crescimento do crime organizado que a nova série da Netflix, Irmandade, se passa. Entre um grupo criminal, a polícia e a justiça, existem mais camadas de cinza do que geralmente somos levados a acreditar.

A trama acompanha a história de Cristina Ferreira (Naruna Costa), advogada do Ministério Público que busca fazer seu trabalho com o ideal de trazer justiça à todos. As coisas começam a virar de ponta cabeça na sua vida quando o irmão, Edson (Seu Jorge), é julgado por comandar a organização criminosa Irmandade de dentro do presídio. Cristina então descobre que seu irmão está sendo torturado na prisão e faz de tudo para impedir isso.

Apesar de não ser uma temática necessariamente inédita, Irmandade consegue prender o espectador por dois fatores. O primeiro é como nada é preto no branco em qualquer personagem. Não existe um guia moral no universo da série e todas as ações tomadas tem uma causa e um peso isso ajuda não só a deixar o espectador sem uma ideia de como a trama pode andar, já que não existe um norte de certo e errado.

O outro fator que prende a audiência é o ritmo da trama. Com muitas reviravoltas e tramas de traição, é comum que se fique sem fôlego esperando que um determinado personagem morra ou seja descoberto antes da hora.

As atuações também merecem todos os elogios possíveis. No elenco principal, todos os atores conseguem carregar a carga dramática necessária para que o espectador entenda esse mundo cinza de Irmandade. Os destaques ficam por conta de Naruna e Seu Jorge, que são opiniões dissonantes dentro do mundo que estão vivendo.

O ponto negativo fica por conta de uma certa identidade da trama. Por não ser algo necessariamente novo e muito baseado em fatos que ocorreram no Brasil durante a década de 1990, Irmandade soa muitas vezes genérico na construção de mundo. O andamento e as atuações tornam a série mais memorável, mas falta um sabor a mais que não faça dela mais uma obra no catálogo da Netflix.

Ainda assim, a série vale a assistida e tem potencial para crescimento em uma eventual segunda temporada.

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