Crítica | Borderlands – Só pode ser dívida de jogo

Como elemento de estudo eternizado, Borderlands exemplifica tudo o que uma adaptação de videogame não deveria fazer. Isso pode se dever à falta de uma história verdadeiramente excepcional na franquia de jogos ou à tentativa constrangida de Eli Roth (Feriado Sangrento) de moldar o filme para se assemelhar a uma produção da Marvel para algum serviço de streaming.

O que é certo, contudo, é que o caos narrativo e a ausência de identidade deixam o filme completamente fora de sintonia. Uma adaptação preguiçosa, um total desastre, que desperdiça tempo com sequências de ação genéricas, criadas como se fossem por uma inteligência artificial, feitas para o cinema comercial mais superficial possível.

Os acertos e erros de Borderlands

A tão discutida maldição das adaptações de games para o cinema e TV tem sido desafiada nos últimos anos com produções realmente boas e criativas. No entanto, a adaptação de Borderlands (videogame RPG criado pela desenvolvedora Gearbox Software e lançado em 2009) segue na contramão desse progresso.

Embora o caos criativo já esteja presente nos próprios jogos, que se alimentam de referências à cultura pop e da estrutura dramática de Alice no País das Maravilhas, o filme parece mais um desfile descontrolado de cosplayers de baixo orçamento em um mundo que mistura Mad Max com Rebel Moon – e da pior forma possível!

O universo criado, embora não seja original, é até bem construído e claramente inspirado em Star Wars, sem receio de comparações. No entanto, as ideias são superficiais, e a trama é tão vazia e previsível que não oferece nenhuma surpresa. A tarefa de Roth é, de fato, desafiadora, mas sua abordagem unidimensional só complica as coisas.

A trama – se é que se pode chamar assim – segue a ranzinza caçadora de recompensas Lilith, interpretada pela talentosa Cate Blanchett (que prova, mais uma vez, que até os grandes astros têm boletos a pagar), que retorna ao seu planeta natal, Pandora, para resgatar uma jovem das mãos dos vilões, mas logo descobrimos que essa garota pode ser a chave para algo muito maior – e enfadonho na mesma medida.

O problema é que Borderlands não consegue sustentar seu ritmo e desmorona com um roteiro clichê e sem direção, servindo o básico do básico, reforçado por cenas de ação com efeitos especiais medíocres. Toda a construção do mundo interplanetário lembra tantas outras obras, infinitamente superiores, que é difícil criar uma conexão sem inevitáveis comparações. É tanta tela verde e CGI sofrido que a cada minuto nos pegamos fora desse mundo, em um estúdio vazio e sem identidade.

Embora conte com Kevin Hart e Ariana Greenblatt, dois nomes de peso no cinema atual, para aliviar o tom com humor, o resultado é um desastre constrangedor. A única exceção é o robô Claptrap, dublado por Jack Black, que se diverte sem sair do previsível. O vilão é genérico e sem vida, enquanto Jamie Lee Curtis aparece em um papel que só serve para tornar o texto ainda mais expositivo.

Roth tenta ao máximo misturar elementos da linha do tempo dos jogos, mas a experiência no cinema acaba sendo lamentavelmente rasa. É como se fosse uma tentativa de recriar a dinâmica dos personagens desajustados de Guardiões da Galáxia, mas sem um pingo do carisma dos filmes de James Gunn.

Veredito

O caos narrativo é tão grande e a trama segue tão vazia, que Borderlands falha em entregar uma experiência divertida baseada nos games já caóticos que tenta adaptar. O filme é um mero produto sem alma e energia do mercado de cinema atual, sem qualquer pingo de criatividade ou mesmo inovação.

Nem o pior filme da Marvel consegue ser tão vazio quanto esta obra. Com efeitos especiais terríveis e Cate Blanchett em um dos piores papéis de sua carreira (talvez o pior!), a adaptação é uma bagunça completa, com uma história mal desenvolvida e um desperdício colossal do potencial para criar uma franquia divertida. Até agora, é, de longe, o maior fracasso do ano.

NOTA: 2/10

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