Crítica | ‘Back to Black’ foca no relacionamento e esquece de contar a história de Amy

Alguns filmes biográficos se preocupam tanto em fugir da mesmice do gênero que acabam falhando no que deveria ser sua missão principal: apresentar histórias e facetas dos seus protagonistas que eram, até então, desconhecidas do grande público. Essa tarefa, inclusive, deveria ser ainda mais simples quando o objeto de estudo é uma personalidade tão magnética quanto Amy Winehouse

Amy Jade Winehouse nasceu em Londres, no ano de 1983. Ao longo dos seus 27 — breves — anos de existência, a cantora consolidou-se como uma das vozes mais impressionantes de todos os tempos, ganhando uma legião de fãs ao redor do mundo e o reconhecimento da indústria musical. No entanto, sua vida também foi marcada por uma série de escândalos envolvendo uso de drogas, reabilitações e relacionamentos abusivos. 

Após 13 anos de sua morte, o filme Back to Black de Sam Taylor-Johnson resgata a história da vida da artista, focando principalmente  no romance entre Amy (Marisa Abela) e Blake Fielder-Civil (Jack O’Connell). O recorte escolhido mostra a cantora no início de carreira até sua ascensão como uma das artistas mais importantes dos anos 2000. 

O roteiro de Matt Greenhalgh tem como premissa destrinchar o processo criativo de Amy, assim como suas principais inspirações. Nesse sentido, o relacionamento com Fielder-Civil acaba tomando bastante espaço na trama. O álbum Back to Black, que dá título ao filme, foi baseado nas alegrias e decepções que a cantora viveu ao lado do seu — até então — marido. 

O longa, no entanto, não apresenta uma imagem completamente vilanizada de  Blake, mesmo sendo de conhecimento público que ele tenha sido o responsável por iniciar Amy no consumo de drogas. Pelo contrário, o texto se esforça para evidenciar alguns defeitos da própria cantora, fazendo de tudo para ser o mais imparcial possível perante ao relacionamento tóxico do casal. 

Inclusive, a direção faz questão de suavizar ao máximo as cenas em que Winehouse está em contato com drogas. Esses momentos chegam a ser tão pontuais e glamourizados que fica clara a intenção do filme em gritar para o público que o vício real da cantora fora um amor incondicional e venoso. Uma dependência emocional que seria diretamente responsável pela química. 

O grande problema é que o longa se preocupa tanto em humanizar o relacionamento problemático de Amy e Blake que parece esquecer do mais importante: contar a história de sua protagonista. A técnica e o roteiro não trazem nada de novo ao gênero, mas o que acaba sendo mais frustrante é sair da sala de cinema com a impressão de não ter aprendido nada de novo sobre a icônica Amy Winehouse. 

A abordagem sobre a vida da artista acaba sendo muito superficial, por mais que Marisa Abela se esforce ao máximo para entregar uma atuação digna da sua personagem. Sem exageros ou tentativas de imitação, a atriz entrega uma performance genuína e que eleva bastante o nível do filme. 

Marisa Abela stars as Amy Winehouse in director Sam Taylor-Johnson’s BACK TO BLACK, a Focus Features release. Credit : Courtesy of Dean Rogers/Focus Features

Uma pena que Back to Black não seja para o cinema o que sua protagonista foi para a música. Longe do desastre absoluto, o filme acaba sofrendo com uma preocupação excessiva por não divinizar sua protagonista e acaba não contando sua história da forma que deveria ter contado. 

Nota: 7/10

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