Crítica | Contra o Mundo – Uma dose frenética de delírio e violência

É inegável que os videogames estão desfrutando de um período dourado na tela grande e na televisão. Mesmo quando um filme não é uma adaptação direta de um game, pode ainda assim canalizar totalmente a narrativa frenética e envolvente desses mundos virtuais imersivos. E a energia caótica pulsante de Contra o Mundo (Boy Kills World), filme que está chegando ao Brasil pela Paris Filmes, por exemplo, é precisamente o que o torna uma experiência tão divertida; não se leva a sério como muitos filmes de ação adultos, mas abraça a estética narrativa de um bom jogo em primeira pessoa.

Seguindo o lema “quanto menos perguntas, melhor”, o roteiro nos transporta para um universo insano que funde elementos de Jogos Vorazes e John Wick em uma mistura frenética de sangue, humor e carnificina visual, que resulta em um deleite para os nossos sentidos. Um surpresa fantástica.

Os acertos e erros de Contra o Mundo

Ao se imergir numa narrativa que acelera sem pausa, com sequências de ação longas e intensas, o filme do alemão pouco conhecido, Moritz Mohr, que faz sua impressionante estreia na direção, e produzido por Sam Raimi (que dispensa apresentações), não só absorve a energia pulsante de outros filmes do gênero, como Oldboy e Kick-Ass, mas também incorpora suas melhores ideias para forjar uma identidade singular, embora repleta de referências óbvias.

Sua premissa é direta e simples, sem grandes surpresas, apesar de conseguir criar uma reviravolta intrigante no desfecho. A trama segue um jovem que jurou vingança após a brutal morte de sua família pelas mãos da temível e insana Hilda Van Der Koy (interpretada pela poderosa Famke Janssen), a matriarca de uma dinastia corrupta em um mundo pós-apocalíptico que o deixou órfão, surdo e sem voz.

Guiado por uma voz interior emprestada de seu videogame favorito da infância (narrado pelo icônico H. Jon Benjamin, com sua voz de comercial de TV), o garoto é treinado por um xamã misterioso para se tornar um instrumento de morte. Para isso, Bill Skarsgård (It: A Coisa), mais uma vez se destacando nos holofotes de Hollywood (esse ano ainda vamos vê-lo em O Corvo), entrega uma atuação magnética em um papel que raramente o vemos desempenhar: a comédia.

Ele personifica com vigor um personagem carregado de inocência e fúria, e conquista a nossa empatia. Além disso, a direção primorosa de Mohr transforma a atmosfera deste mundo, evocando lembranças de Panem de Jogos Vorazes e do universo criativo de Scott Pilgrim, em um cenário impregnado de loucura, delírio e violência, como se fosse um grande pesadelo dentro de um reality show bizarro.

As cenas de ação, por sua vez, são um autêntico espetáculo sólido, repletas de sangue falso e efeitos especiais, com coreografias de luta criativas executadas com maestria. No entanto, para realmente se envolver, é necessário não levar tudo tão a sério. O roteiro apresenta algumas falhas toscas e conveniências típicas do gênero. À medida que a ação se desenrola, nossa mente tende a ficar exausta de tanto barulho de soco, chute e gotas de sangue jogadas na tela.

Um pouco mais de equilíbrio entre o drama e a comédia teria acrescentado bastante à narrativa, assim como uma trilha sonora mais marcante. Ainda assim, a direção mergulha nos cenários de forma caótica, explorando todos os ângulos possíveis da câmera. É uma aventura, uma montanha-russa sem freio, que só o cinema pode nos proporcionar.

Veredito

Contra o Mundo é, para nossa alegria, uma aventura revigorante que mescla o universo das histórias em quadrinhos com a narrativa frenética dos videogames e resulta em uma atmosfera repleta de insanidade, ação vertiginosa e um humor deliciosamente exagerado. Um verdadeiro banho de sangue para quem quer se divertir nos cinemas sem culpa de ver algo tão absurdo e caótico.

Bill Skarsgård entrega uma performance de montanha-russa, alternando entre as lutas coreografadas e momentos de comédia, em um dos seus papéis mais tolos, porém, igualmente divertidos. Embora não reinvente a roda e recorra a algumas escolhas clichês, Contra o Mundo representa o ápice do cinema de ação comercial, com sua abordagem caótica e caricatural. É difícil não sair com uma gota de sangue na roupa ao deixar a sala de cinema.

NOTA: 8/10

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