Crítica | Apesar de clichê, “A Filha do Rei do Pântano” é um bom thriller

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A dúvida e o desconhecido são elementos que representam a força narrativa de boa parte dos filmes de suspense. Assim, escrever uma obra do gênero que abra mão de tais recursos pode ser um exercício um tanto quanto interessante. Afinal, se não há perguntas para responder, é necessário pensar em um outro motor que faça a trama do thriller girar. A Filha do Rei do Pântano, novo filme do diretor Neil Burger (Divergente), é uma obra que segue justamente essa proposta.

Ao entregar todas as respostas ao público logo em seus primeiros minutos, a trama passa a dar ênfase no crescimento de sua protagonista e na forma como ela lida com os demônios da sua infância. 

O longa é uma adaptação do livro de mesmo nome da escritora americana Karen Dionne. A história contada é a de Helena Pelletier (Daisy Ridley), que nasceu e cresceu em um pântano após sua mãe ter sido sequestrada e mantida em cativeiro durante 12 anos por seu pai. Quando descobre a verdade sobre sua origem, Helena tenta recomeçar do zero e deixa sua vida na floresta para trás. No entanto, fantasmas do passado voltam para assombrá-la e Helena decide que é hora de enfrentá-los de uma vez por todas. 

Assim, acompanhamos a jornada de superação de uma personagem que se sente extremamente conflitada com os sentimentos que sente pela antiga família e pela nova. A tensão está presente do começo ao fim, mas não há um grande “mistério” a ser desvendado ou qualquer tipo de imprevisibilidade na trama. Tudo gira em torno do trauma de Helena e da sua relação com um pai monstruoso (interpretado por Ben Mendelsohn). 

O desenvolvimento da protagonista, de longe, é a melhor parte da trama. O roteiro soube explorar todas as inseguranças da personagem e, ao longo do filme, transformá-las em forças para que a mesma pudesse enfrentar seus medos de uma vez por todas. A atuação de Daisy Ridley também favorece bastante nesse sentido. A atriz consegue expressar bem as aflições de Helena, além de carregar no olhar uma expressão atormentada que reforça o abuso sofrido em sua infância. 

A história, no entanto, segue de maneira muito linear após o término do primeiro ato. O desfecho, inclusive, é extremamente previsível. As ferramentas para a resolução da história de Helena são entregues ao espectador de forma nada sutil no início do longa. Dessa forma, quando os créditos sobem, a sensação é de ter ficado duas horas em frente a tela esperando para ver o final de um filme que você já conhecia. 

Vale dizer ainda que a atmosfera de suspense que circunda o enredo é mérito do roteiro e das boas atuações de Ridley e Mendelsohn. Burger não entrega cenas que realmente causem expectativa ou aflição em quem está assistindo. O “terror” envolvido é muito mais situacional do que técnico. Por isso, se não fosse o bom desenvolvimento da protagonista, assistir ao filme seria uma experiência basicamente monótona. 

“A Filha do Rei do Pântano” se consagra como um bom thriller, portanto, graças aos traumas sofridos pela personagem principal e aos meios que ela utiliza para superá-los. Apesar de clichê, sua transformação ao longo da história é legítima e funciona como forma de entretenimento. 

Nota: 7/10

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