Crítica | A Noite das Bruxas se destaca como um dos grandes filmes do ano

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Morte, mistério e investigação. Esse parece ser o trio sempre presente no “Agatha Christieverso” criado por Kenneth Branagh para os cinemas. Em sua terceira incursão nas adaptações dos livros da autora britânica, o diretor sai um pouco de seu caminho tradicional e bota uma pitada de terror na história do detetive Hercule Poirot. Para a alegria dos fãs de cinema, essa mistura dá um novo gás para futuros filmes dentro deste mesmo universo fictício e A Noite Das Bruxas se destaca como um dos grandes filmes do ano.

Quando Hercule Poirot está desfrutando de sua aposentadoria em Veneza, ele é procurado por sua antiga amiga, a escritora Ariadne Oliver, para ajudar a desvendar um caso enigmático de bruxaria na cidade italiana. Cético, Poirot entra em busca de apenas provar ter razão, mas acaba entrando em uma espiral de assassinatos, acusações e o sobrenatural.

Um dos pontos principais de A Noite Das Bruxas é a intimidade com a qual esse mundo é introduzido ao público. Kenneth Branagh é o diretor e o protagonista, o que o ajuda a conduzir a narrativa como bem desejar. Mesmo sendo o terceiro filme dessa série, qualquer espectador consegue entender a obra sem ter a bagagem de Assassinato no Expresso do Oriente ou Morte no Nilo.

Claro que, para quem assistiu aos filmes anteriores, uma terceira aventura nos mesmos moldes pode soar repetitiva e é aí que o lado sobrenatural entra como um elemento que renova o interesse pela investigação do detetive Poirot. Ao colocar o protagonista contestando suas próprias convicções, A Noite das Bruxas deixa o próprio espectador em dúvida sobre o andamento da trama e no que pode ser uma pista para a revelação final.

Como sempre, a escolha do elenco é algo imprescindível para que a trama soe verdadeira. Cada personagem é como uma peça no tabuleiro de xadrez, colocada meticulosamente no tabuleiro para que você, o espectador, ache que está prestes a fazer o xeque-mate, apenas para se surpreender com o rumo que a investigação vai tomar. Nesse grande tabuleiro, somos apenas os peões de como Branagh movimenta suas torres, cavalos e bispos.

Quem rouba a cena sempre que está presente é a vencedora do Oscar Michelle Yeoh. A única bruxa presente no filme consegue nos deixar em dúvida se sua personagem se trata de uma simples vigarista disposta a roubar o dinheiro de quem acredita em crendices, ou se ela se trata realmente de uma médium que conversa com os espíritos do além. Tina Fey também surpreende como a escritora Ariadne Oliver. Inteligente e sagaz, ela funciona como um contraponto ao ceticismo de Poirot e em muitos momentos serve como um auxílio investigativo da trama.

Porém, o mesmo sobrenatural que ajuda a dar um tom de novidade para o filme, muitas vezes é seu maior defeito. A opção por ângulos, tomadas e sequências retiradas diretamente de um filme de terror, funcionam na maior parte do tempo, mas deslizam quando tentam ser exageradas demais. Em diversos momentos, A Noite das Bruxas se arrisca a ser um filme de terror, mas soa falso quando se utiliza de sustos baratos ou tomadas explícitas, tirando o espectador um pouco da imersão causada pelo clima de investigação.

Mesmo com seus deslizes, A Noite Das Bruxas ainda se sai bem e é um excelente filme para os fãs de mistério. A nova aventura do Detetive Poirot se arrisca por novos caminhos, que nem sempre dão certo, mas estabelece a volta do personagem para novos filmes, se Kenneth Branagh assim desejar.

Nota: 8/10

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