Crítica | Besouro Azul consegue ser melhor do que a gente espera dele

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Em um universo atual onde os filmes de super-heróis flertam perigosamente com a autossátira, Besouro Azul (Blue Beetle) surge como um eco distante do que uma vez foi audacioso nas telas. Esta nova produção da Warner Bros, à primeira vista, parece um reflexo esmaecido de mais de duas décadas de glória heróica. Vivendo no limbo da DC Studios, entre os raios tempestuosos de Zack Snyder e o alvorecer de uma nova era, o filme decola, mas sem a promessa de altos vôos. É como um sonho ligeiro, agradável mas evanescente. Se a missão é passar de ano com nota média, consegue ser bem sucedido com o pouco que tem.

O enredo (meio infantil demais e feijão com arroz) gira em torno de Jaime Reyes, um jovem em um limiar de expectativas e realidades. Como a maioria de nós, ele procurava o seu lugar ao sol, mas o destino lhe deu uma galáxia inteira. Quando um artefato extraterrestre chamado Escaravelho se funde a ele, Jaime não apenas encontra um propósito, mas um manto de responsabilidades. Apesar de sua rica celebração da cultura mexicana, a história, de certa forma, nos dá a sensação de “já vi isso antes e em tantas outras vezes melhores”.

Os antagonistas, ao invés de serem as sombras assustadoras que frequentemente nos assombram, acabam se tornando meras silhuetas caricaturadas – a presença de Susan Sarandon (Thelma & Louise) é, como diz o meme, dívida de jogo. Mas aqui, a verdadeira luta de Jaime não é contra inimigos mascarados, mas contra o perigo iminente que paira sobre sua família. Ao contrário de heróis que ocultam seus segredos para proteger, Jaime se torna uma chama atraindo o caos. E em meio à tempestade, Jenny, interpretada brilhantemente por Bruna Marquezine (Maldivas), torna-se o farol.

Por falar nela, Marquezine, com sua estreia em Hollywood, não é apenas um rosto novo no cenário; ela é uma força da natureza. Opondo-se a titãs como Sarandon, a brasileira não apenas se mantém firme, mas dança com maestria ao lado da veterana. Já Xolo Maridueña (Cobra Kai) com sua presença cômica traz um sabor reminiscente da Marvel Studios ao protagonista. Juntos, eles são a química que dá vida ao filme. Em sua simplicidade, Besouro Azul parece saber onde reside sua força – não em efeitos bombásticos, mas em laços humanos.

Tecnicamente, o filme tem seus altos e baixos. O CGI pode não ser de tirar o fôlego, mas é um avanço digno para a DC depois de bombas como The Flash e Shazam! 2. As cenas de ação, coreografadas sob a direção afiada de Angel Manuel Soto, trazem à mente imagens icônicas de animes e grandes filmes do gênero, como os Homens-Aranhas do Tom Holland. E embora a escuridão possa ocultar pecados digitais, as homenagens ao clássico seriado mexicano Chapolin – criado pelo icônico Roberto Gómez Bolaños – adicionam uma pitada de nostalgia e humor, um deleite duplo para os fãs brasileiros.

Veredito

Besouro Azul pode não redefinir o gênero (e nem tenta fazer isso!), mas possui a melhor das intenções no quesito representatividade latina em Hollywood. É uma declaração audaz de uma DC parcialmente renovada, buscando liberdade de seu passado tumultuado. O filme soa preguiçosamente familiar, mas é acolhedor como uma comida afetiva.

Com performances agradáveis, senso de humor infantilizado típico e momentos genuínos, principalmente graças a Bruna Marquezine, Besouro Azul é uma celebração, não de superpoderes, mas da humanidade. Seu coração pulsa forte, e mesmo que não se destaque no firmamento de heróis, brilha com seu próprio brilho azul reluzente. Sem prometer tanto, consegue ser melhor do que a gente espera dele.

NOTA: 7/10

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