Crítica | 13 Exorcismos prova que o subgênero se recusa a evoluir

Os filmes de terror sobre possessão demoníaca são, quem sabe, os mais resilientes do gênero. Após inúmeros sinais de esgotamento e desgaste dessas histórias redundantes ao longo dos anos, para alegria de alguns e desespero de muitos, não parece que esse tipo de produção será interrompido tão cedo. E servindo de zona de conforto para os realizadores mais preguiçosos, parece que todos os filmes recentes giram em torno da mesma narrativa absolta, assim como podemos ver no novo 13 Exorcismos, que chega ao Brasil pela Diamond Films, mas que de novidade não tem nenhuma.

Essa nova incursão espanhola do diretor Jacobo Martinez – e do roteirista do ótimo O 3º andar – Terror na Rua Malasaña – não apenas evidencia ainda mais a deterioração do subgênero nas telas, como parece testar a capacidade do público de desejar algo diferente, assim como sua capacidade de entender que esse tipo de história pode ser abordado de outras formas. No entanto, voltando à produção de Martinez, é tanto clichê acumulado que resta pouca engenhosidade para conquistar.

A trama e o elenco

Na premissa de 13 Exorcismos – inspirada em casos reais – a jovem recatada Laura Villegas vive reprimida em uma família profundamente religiosa. Uma noite, após fugir de casa para ir em uma festa e acabar praticando uma sessão espírita, Laura começa a se comportar de forma bizarra. Ela está convencida de que um demônio está atrás dela para possuí-la. Diante disso, seus pais entram em contato com o padre Olmedo, um dos 15 exorcistas autorizados pelo Vaticano a intervir em casos de possessão demoníaca. Daí pra frente já sabe: sustos baratos, personagens rasos e muito esforço da direção em criar uma atmosfera de terror convincente.

Apesar disso, pouco se salva do horror provocado pelas situações sinistras em que a protagonista é colocada e grande parte do enredo não evolui. A narrativa é tão convencional e piegas que cada passo dado pela trama é extremamente previsível. Ainda que a base de tudo seja um drama familiar aos moldes de filmes de sucesso como O Exorcismo de Emily Rose e até mesmo o clássico O Exorcista, falta carisma e conexão emocional para fazer essa profundidade dramática funcionar. Aqui, todos são insuportáveis de aguentar e amadores em suas funções básicas.

A favor do filme temos (felizmente) a jovem atriz protagonista, María Romanillos, que contorna as limitações do roteiro e mergulha de cabeça no conflito interno da personagem. Uma surpresa ótima e que, ao menos, salva grande parte dos sustos bobos. José Sacristan, veterano, por sua vez não faz nada tão memorável assim, mas seu personagem funciona como um bom condutor das peculiaridades desse mundo religioso e do fanatismo cego predominante na Espanha.

A ideia de se aproximar desse tipo de drama e mesclar terror com emoção é válida e bastante importante quando falamos de possessão demoníaca, mas o roteiro anêmico não sustenta tal fato. Mais um filme que tende ao excesso e escolhe mostrar demais, ir além de seu orçamento limitado, sem deixar brecha para que o espectador possa criar seus próprios medos e teorias. O resultado é muita falta de coesão para pouco empenho da produção de fazer algo que possa aproveitar o pavor causado.

Veredito

É difícil discernir o que torna 13 Exorcismos tão ruim, se é sua ausência de engenhosidade ou sua fé cega em clichês e previsibilidades do gênero, mas uma coisa é certa: a obra espanhola falha na construção de terror e expressa a deterioração dos filmes de possessão, além da falta de capacidade dos realizadores de encontrar voz própria. Um filme descartável, com roteiro arcaico, precário e superficial, a primeira grande bomba do ano nos cinemas. Depois, só mesmo um banho de sal grosso para tirar a amargura que esse filme deixa.

NOTA: 2/10

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