Crítica | Boa Noite, Mamãe – Terror requentado, mas com atmosfera enervante

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Não é de hoje que Hollywood está sem ideias. Filmes originais são cometas raros atualmente e o que nos resta mesmo, como amantes do cinema, é aceitar e se divertir com a infinidade de reboots e remakes disponíveis. Uma vez que aceitamos que cedo ou tarde tudo volta e se renova, mais rápido ficaremos em paz com a indústria do entretenimento como um todo. E ainda que seja obviamente bem-vindo questionar a existência e necessidade de remakes americanos de ótimos filmes estrangeiros, fazer isso parece ser uma enorme perda de tempo, já que esses filmes jamais deixarão de existir. Dito isso, uma nova versão de Boa Noite, Mamãe (Goodnight Mommy) era mesmo só questão de tempo.

E esse tempo chegou com a nova produção do Amazon Prime Video estrelada pela querida Naomi Watts (O Chamado), que recentemente esteve em uma variedade de filmes que lhe permitiram exercitar suas habilidades como uma das atrizes mais talentosas de sua geração. Neste terror psicológico (baseado no filme australiano de mesmo nome de 2014), Watts mais uma vez brilha, mesmo por trás de um rosto coberto em 90% do filme. Ou seja, a união de uma trama realmente intrigante e envolvente, somada a presença de uma estrela que cumpre o que promete, faz esse remake justificar sua necessidade de existir.

A trama e o elenco

Dirigido por Matt Sobel a partir de um roteiro de Kyle Warren, Boa Noite, Mamãe oferece uma visão detalhada (e assustadora) da maternidade e da proteção dos filhos, com metáforas poderosas e significados ocultos que tornam a obra uma verdadeira delícia de ser destrinchada, mesmo que hoje, em 2022, a reviravolta dessa história já tenha sido feita a exaustão por outras obras inferiores. Ao tomar uma direção alternativa do original, a adaptação de Sobel parece mais translúcida, e rasa em si, mas consegue manter a intensidade enquanto oferece uma abordagem bem mais íntima em sua narrativa, fazendo com que haja uma boa quantidade de intriga e entretenimento para compensar a lentidão de suas revelações.

Na trama, os irmãos gêmeos idênticos Elias (Cameron Crovetti) e Lucas (Nicholas Crovetti) chegam à casa de campo de sua mãe para passar um tempo com ela após uma cirurgia plástica. Com o rosto constantemente coberto de bandagens, os gêmeos sentem que algo não está certo com a mãe. Depois de estabelecer novas e estranhas regras da casa e até adquirir novos hábitos, como fumar, Elias e Lucas decidem, sem dúvida, que essas são coisas que sua mãe nunca faria. À medida que seu comportamento continua a ficar mais bizarro a cada dia, apenas um pensamento vem à mente: a mulher sob a gaze é outra pessoa.

Com isso, ainda que seja uma versão americanizada de um excelente filme pouco conhecido, o thriller psicológico não deixa de ser inquietante, especialmente por conta da evolução gradativa do suspense e a ótima construção dos mistérios que cercam a mãe e um incidente terrível que houve na casa algum tempo antes. Através dos personagens de Watts e Cameron, o roteiro brinca com a noção de confiança familiar, além da capacidade de perdoar e esquecer, o que contribui para uma narrativa provocante e que é igualmente comovente ao retratar a relação entre mãe e filho perante ao luto.

A direção

Ao longo da história, o cineasta Matt Sobel (Take Me to the River) faz um trabalho excepcional construindo o mistério e estabelecendo uma base de suspense e desconfiança. Sua condução é bem-sucedida e funciona, principalmente por usar a casa isolada no campo também como um personagem. Porém, claro que quem já assistiu o original terá poucas surpresas aqui. O plot twist, ainda que ótimo, segue intacto ao que era antes e isso, infelizmente, é um prato requentado aos espectadores que buscam alguma novidade.

Outro destaque positivo da vez (além da bela fotografia) fica por conta da fantástica trilha sonora, que amplifica a energia ambígua da história e seu tom sombrio de pesadelo vívido. Seu som eletrônico funciona perfeitamente para construir a atmosfera enervante. E quando o filme finalmente se liberta de sua base familiar do original, ele permite que o pequeno elenco faça um show divertido e, às vezes, desconfortante. Watts é a estrela central, mas são os jovens Crovetti que roubam a cena com suas performances carregadas de emoção e detalhes. Puro charme sem esforço.

Conclusão

Por fim, mesmo que Boa Noite, Mamãe seja um terror requentado de uma história que funciona melhor em sua versão original, a produção do Prime Video ainda conta com uma trama intrigante, sinistra e enervante que fisga o espectador do começo ao fim. Em ambas as versões, o roteiro captura os mistérios e a intimidade do amor materno, mas neste remake em questão, o pesadelo parece diluído na água com açúcar dos filmes hollywoodianos que precisam ser expositivos à qualquer custo.

Ainda assim, o elenco faz um trabalho incrível ao transmitir essas sensações tensas, além de deixar espaço suficiente para o público interpretar e descobrir por conta própria a origem dos mistérios. Obviamente funcionará melhor para quem não assistiu o original, mas a sensação de déjà vu para quem viu parece nos abraçar como um apertado e sufocante abraço de mãe. Está longe de ser terrível, não supera a outra versão perturbadora, mas diverte dentro da ótima história que possui.

NOTA: 7/10

Leia também: A mãe está morta? Entenda o final intrigante de Boa Noite, Mamãe

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