Crítica | Sem Limites – A volta ao mundo em seis capítulos

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Levar o espectador para uma jornada pelo fim do mundo é a promessa central de Sem Limites, nova minissérie original do Amazon Prime Video que remonta a caótica época das grandes navegações e, navegando entre fatos históricos e uma boa dose de liberdade criativa, narra a aventura destemida de Fernão de Magalhães e seu desejo de atravessar as barreiras do planeta. Nesse quesito, a viagem ganha um viés épico e empolgante que certamente dialoga melhor com a televisão do que com a realidade colonialista e violenta do período, porém, ao suavizar as problemáticas e dar à Fernão uma carapuça de herói, a história envolve como um bom entretenimento.

Dos livros de história para o streaming

Ambientada há 500 anos, Sem Limites conta a história da primeira viagem de barco ao redor do mundo já concluída. No centro desse enredo está o navegador português Fernão de Magalhães (vivido por Rodrigo Santoro), que monta um grupo de outros destemidos (e desocupados, quase um Esquadrão Suicida) marinheiros para realizar uma super viagem rumo ao desconhecido, incluindo Juan Sebastian Elcano (Álvaro Morte).

Em seus seis episódios, a trama explora os dilemas e conflitos dessa aventura, assim como reconstrói os caminhos por onde o navio passou, incluindo algumas paradas no Brasil. Sob a capitania de Magalhães, 239 marinheiros partiram de Sevilha em 10 de agosto de 1519, rumo ao oeste. Três anos depois, apenas 18 voltaram vivos. Eles estavam doentes, famintos e a bordo do único navio a completar a viagem da frota original de cinco. Foi sob o comando de Elcano que eles puderam retornar, embora em condições precárias.

Dentro desse contexto, é visível que a produção investiu uma boa parcela de dinheiro na busca por tornar a história mais “amigável” e cinematográfica, com batalhas navais dignas de um filme de Piratas do Caribe e cenários deslumbrantes, com castelos majestosos e um grandioso trabalho da direção de arte e figurino. Ainda que soe como uma versão B de séries como Game of Thrones e A Roda do Tempo, o CGI não é tão deprimente assim e há ótimas sequências de ação entre um longo diálogo e outro (o segundo episódio, talvez o melhor de todos, se destaca na ação). A trilha, por sua vez, constrói uma atmosfera épica que só reforça o plano de se aproximar das megaproduções citadas. Mas a ambição não vai tão longe assim e, uma vez que aceitamos que o carro-chefe são mesmo os personagens bem construídos, mais rápidos somos atraídos pela aventura.

O elenco compensa

O elenco todo é bom e entrega seu melhor, especialmente Santoro e Morte. Os astros fazem jus à fama que possuem e contracenam com bastante química e paixão. O tema não é fácil de digerir – mesmo com a máscara cinematográfica – e, por trás das maravilhas da descoberta do Novo Mundo pelos europeus, há táticas genocidas e conversões religiosas que bem sabemos onde leva. Felizmente – alerta de spoiler da vida real – serve como a causa da morte do nosso grande protagonista, já que o preço que os povos nativos terão de pagar pelos próximos 500 anos é igualmente terrível. Magalhães viveu para ver seu sonho se realizar, mas não para saborear a glória.

Mesmo que haja uma discreta romantização e visão eurocêntrica clássica de produções hollywoodianas – onde o herói nunca é o indígena escravizado mas sim o homem branco desbravador – é perceptível que o roteiro engenhoso tenta contornar esse anacronismo com pitadas de passagens famosas da realidade e através da tensão que há dentro do barco, visando conquistar o espectador que desconhece a história real. Sendo assim, não poderia faltar também uma dose de sexismo, mas supomos que seja apenas um reflexo triste da época, é claro.

A história não perde tempo

O ritmo é bom. Mesmo com capítulos longos, a trama comandada por Simon West (renomado diretor que liderou as câmeras em filmes como Lara Croft: Tomb Raider), possui uma progressão que não provoca tédio, ainda que perca parte de seu magnetismo inicial do meio para o final. São poucas reviravoltas e surpresas menos ainda, mas mantém o desenvolvimento dos personagens sempre em alta. O clima no barco é sombrio, por vezes desesperador. Fernão, como líder da expedição, precisa se cuidar e cuidar de todos, especialmente com a descoberta de que há um impostor à bordo e isso pode acarretar na morte de todos antes de chegar aos confins do mundo. Já o clímax, localizado no penúltimo episódio, faz todo o tempo gasto até ele valer à pena. A batalha é sensacional, violenta e entrega o que prometia entregar.

Conclusão

Navegando por águas misteriosas e com o bom e velho anacronismo hollywoodiano, a nova minissérie do Prime Video, Sem Limites, funciona como uma boa ficção inspiradas em fatos e envolve o espectador em uma aventura épica, ilustrada diretamente dos livros empoeirados da escola. Uma forma muito mais divertida e vendável de contar como foi o conturbado, violento e nada amigável período da colonização.

Ainda assim, a produção surpreende com ótimas sequências de ação no estilo Piratas do Caribe, um elenco encabeçado por um Rodrigo Santoro fenomenal e que, pelo menos, fornece entretenimento e diversão por algumas boas horas.

NOTA: 7/10

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