Crítica | Assassino Sem Rastro – A eterna busca de Liam Neeson para fazer um filme implacável

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Se você consome o cinema de ação dos últimos 15 anos provavelmente notou que Liam Neeson está preso no mesmo filme desde o sucesso Busca Implacável. É inegável o fôlego do astro de 70 anos e a sua vontade de emplacar mais um thriller semelhante. Porém, ficar dentro dessa caixinha não é o bastante para fazer seu novo fenômeno, na realidade, de todos os atores atuais de Hollywood, talvez seja Neeson que entrega exatamente o filme que você sabe que pagou para ver. E isso pode ser bom e ruim.Nessa falta de surpresas e ânimo de fugir do óbvio, o ator replica todo ano o mesmíssimo trabalho, com algumas poucas adições de pirotecnia e ação megalomaníaca, mas a trama em si segue praticamente intacta, como vemos em Assassino Sem Rastro (Memory), sua obra mais recente e que chega ao Brasil através da Diamond Films, adaptado do romance De Zaak Alzheimer e dirigido por Martin Campbell (007 – Cassino Royale) a partir de um roteiro de Dario Scardapane. Apesar dos esforços para criar um tipo de James Bond da terceira idade e do título original, certamente este filme se destaca talvez como uma de suas obras menos memoráveis.

A trama e o elenco

Na premissa simples e direta (afinal, quanto menos pensar sobre, melhor), Neeson vive novamente um assassino aposentado, chamado Alex, que começa a perder suas memórias e que possui um conjunto particular de habilidades e decide ir atrás de pessoas terríveis. Mas para por aí? Não, uma vez que o astro volta a ação para derrotar vilões, conduzir perseguições malucas de carro e combater o tráfico sexual. Aliás essa temática é bastante mal abordada pelo roteiro capenga, que a trata sem nenhuma sensibilidade. Mas ok.

Nos primeiros trinta minutos, Assassino Sem Rastro corre desenfreado para mostrar à que veio. Alex é contratado para matar algumas testemunhas-chave. Este contrato cruza com Vincent Sera (Guy Pearce), um agente do FBI determinado a acabar com o tráfico humano. Os dois estão conectados por uma testemunha, que Vincent quer salvar, e Alex é contratado para matar. Nasce daí o grande embate da trama. Ambas as histórias brigam entre si para ver quem se encaixa melhor e, no meio disso, ainda vemos as falhas de memória de Alex e seus dilemas pessoais em uma série de decisões clichês e tropos do gênero.

Mesmo com o grande número de coadjuvantes em tela, ninguém nessa história parece importante para o desenvolvimento da trama; os personagens são meras caricaturas. Além do assassino com Alzheimer de Neeson, a única personagem de interesse é Davana Sealman, interpretada pela excelente Monica Belluci, que entrega um nível de intensidade maior do que os demais. Há coisa demais acontecendo e o roteiro se perde exatamente por desviar foco do interessante conflito do protagonista e sua luta para manter a sanidade. São quase duas horas sem substância com ocasionais cenas de ação para acordar o público aqui e ali, o que deixa o ritmo irregular. Tudo isso – somado aos personagens vazios e a história mal conduzida – transforma o pouco entretenimento do filme em algo excessivamente arrastado e exagerado.

A direção

Ainda que seja um bom diretor para thrillers psicológicos – Ok, vamos fingir que Lanterna Verde (2011) nunca existiu – Campbell está longe de replicar a sorte que teve com Casino Royale. Por mais competente que seja na construção da ação e na forma como conduz um suspense linear, é visível que o cineasta carece de criatividade, emoção e talento para fugir do óbvio, mesmo que seja um filme voltado para o público satisfeito com o mínimo.

Em Assassino Sem Rastro, falta entusiasmo, equilíbrio no ritmo e uma boa dose de sentimento entre uma cena de explosão e outra. Isso não tem preço para esse tipo de obra. Ainda assim, mesmo nas falhas é possível notar que algumas cartas nas mangas são bem utilizadas e deve agradar o público que não busca nada excepcional.

Conclusão

Com isso, Assassino Sem Rastro, além de rastro, também parece não ter a capacidade de fugir do óbvio, de subverter clichês e de desenvolver uma trama realmente envolvente e engenhosa. O que vemos aqui é só mais um filme de ação sem alma, que se sustenta pela pirotecnia, pelo peso do elenco e pela premissa simples e irrefutável. Aquele tipo de mercaria que chega exatamente o que você comprou, sem surpresas.

Mais um filme preguiçoso do Neesonverso que só prova que o astro da ação está preso na mesma premissa por mais de 15 anos. Liam Neeson perde sua memória e nós gostaríamos de poder esquecer de alguns filmes também.

NOTA: 4/10

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