Crítica | Peçanha Contra o Animal – Um buddy cop com o humor brasileiro sem limites

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Alguns diriam que o senso de humor do Porta dos Fundos é perverso. Outros acham que a ousadia vai longe demais, mas, na realidade, a comédia (assim como o terror) é uma importante ferramenta de reflexão disfarçada de puro suco do entretenimento. E se um serial killer selvagem tacasse o terror em Nova Iguaçu, por exemplo, e somente uma dupla de policiais com pouca inteligência pudesse detê-lo? Dessa premissa criativa e engenhosa nasce Peçanha Contra o Animal – filme original da produtora que estreia através do Amazon Prime Video e mostra a nova faceta do personagem já conhecido dos esquetes do YouTube.

Ao melhor estilo Todo Mundo em Pânico, a comédia – de apenas uma hora de duração – faz uma sátira ácida e feroz aos filmes policiais estrangeiros e, em especial, ao sistema corrupto da Baixada Fluminense, onde a lei é na base da mão armada. Com seu forte sendo as piadas irônicas, o politicamente correto é deixado de lado e a trama, somada à fluidez do humor dos envolvidos, proporciona uma enorme palhaçada com fundo de crítica social que só o Porta dos Fundos sabe fazer.

A trama e o elenco

Sem grandes contornos ou base para a história se desenvolver, o enredo simples – limitado pela duração curta – vai direto ao ponto e apresenta uma Nova Iguaçu caótica, quente e perigosa – nada muito além da realidade atual – onde um homem está provocando pânico na população após uma série de mortes misteriosas que remetem aos populares assassinos em série estrangeiros.

Para deter esse que é chamado popularmente de “O animal”, só mesmo a dupla de policiais Peçanha (vivido pelo fantástico Antonio Tabet) e Mesquita (Pedro Benevides segue igualmente hilário), duas mentes pensantes que juntas não dá uma.

Entre perseguições malucas, as pistas indicam para uma trama bem mais intricada – que envolve o Jogo do Bicho quase como um Assassino do Zodíaco – e a função do roteiro é manter a identidade desse meliante em sigilo até o desfecho.

Dentro dessa narrativa digamos “terrir”, que mescla terror slasher com comédia pastelão, o suspense funciona e lembra bastante obras divertidas como Pânico na Ilha, impulsionado pela química magnética de Benevides e Tabet – esse último, por sinal, um dos maiores nomes do humor atual, entrega um Peçanha fanfarrão, hilário, sem senso algum do ridículo, que consagra ainda mais o personagem como um dos mais importantes da produtora e que, sem dúvida, merece uma série de streaming própria.

Mas as atuações boas não se limitam apenas aos protagonistas, uma vez que Rafael Portugal, Thati Lopes e Evelyn Castro roubam a cena toda vez que são o foco. Inclusive, a cena de Castro com uma camisinha (que deveria ser a prova de um crime) ultrapassa todas as barreiras e evidencia a ousadia do Porta em fazer algo que jamais passaria na TV aberta.

A direção

A condução de Vinicius Videla é bastante ágil e eficiente, tanto na construção do mistério sobre quem é o tal assassino sanguinário, quanto na paródia precisa que faz de clichês e estereótipos de filmes/séries policiais investigativos. Por vezes, é fato que algumas piadas do roteiro são fracas e não funcionam como a proposta deseja (especialmente por se sustentar demais em conotações sexuais, que perdem a graça após um tempo), mais a naturalidade do elenco contorna essas falhas e a direção dá à narrativa um ritmo desenfreado, que não a permite cair no tédio.

Pela curta duração (somada às limitações da pandemia) e a pressa em apresentar e logo em seguida solucionar os diversos conflitos, faz parecer que o filme necessita de mais tempo para aprofundar seus personagens, para o clímax ser mais impactante e, consequentemente, ter um desfecho menos confuso. A promessa é alta, mas o final se perde na proposta e acaba por encerrar sem grandes méritos.

Conclusão

Ao ultrapassar qualquer barreira que possa existir entre a audácia e o medo de sair da zona de conforto, não é de hoje que o Porta dos Fundos entrega humor ácido, criativo e salpicado com fortes doses de crítica social. Em Peçanha Contra o Animal – seu buddy cop protagonizado pelo espirituoso Antonio Tabet, que busca subverter os clichês do cinema estrangeiro – não é diferente.

Peçanha Contra o Animal ri na cara dos limites para entregar uma divertida e enigmática trama de suspense perfeita para assistir neste Halloween e dar boas risadas da patacoada que se propõem a fazer. Um pouco mais de tempo e profundidade sem dúvida deixaria o roteiro no polimento certo para fazer a história ter a força de outras – (como as dos especiais de Natal da produtora), de resto, a comédia funciona e entretém.

Nota: 7/10

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