Sem dúvida, o maior atrativo do marketing de Esticando a Festa (Afterlife of the Party) é Victoria Justice, cantora e atriz de séries teens de sucesso no Nickelodeon. Como tal, não deve chegar – e muito menos atrair – o público geral.
A natureza da história é sim bastante tola e ignora a complexa realidade das pontas soltas da vida. Na verdade, não parece haver nenhuma narrativa complexa ou subtramas inteligentes por trás do enredo e, para a grande maioria, esse defeito soa como grande desestímulo. A abordagem edificante, que mescla comédia com elementos sobrenaturais, proporciona bom entretenimento.
Veja bem – eu disse bom – nada além disso. Mas isso, por si só, já é motivo para destaque entre as fracas obras recentes da Netflix.
A trama e o elenco
Se tem algo que o roteiro de Esticando a Festa consegue extrair da premissa é charme. Na grande maioria, as personagens são fáceis de gostar. Victoria Justice se destaca e entrega uma performance cômica, simples e eficaz para o tipo de filme.
Carente de profundidade, o enredo se prende à mensagem de “dê valor a sua vida” e acompanha a festeira Cassie (Justice), que morre após uma noite agitada de balada, e então precisa fazer correções com aqueles que ela deixou para trás na Terra. Se ela não o fizer, será enviada direto para o inferno com passagem só de ida.
Como podemos ver, não há nada de inovador ou mesmo diferente da fórmula de obras sobre receber segundas chances na vida e mudar sua percepção de mundo (se você assistiu E se fosse Verdade…, com Mark Ruffalo, sabe o que estou dizendo). Ainda assim, o senso de humor e a evolução da protagonista acabam por conquistar, mesmo que levianamente.
Há uma carga emocional sendo construída durante toda a trama, mas o drama é raso demais para emocionar – ainda que force a todo custo o choro do espectador. No lugar, a comédia acaba por se destacar bem mais e a grande maioria das piadas são risíveis.
Está em alta ter protagonistas que são digital influencers e, sinceramente, essa característica batida – que funciona para mostrar o valor da vida offline – não cola e apenas deixa tudo ainda mais previsível, fora que expõe a preguiça do roteirista em fazer personagens bidimensionais e com camadas reais, ao invés de serem apenas a “menina mimada que cresceu na internet”.
Perdão o trocadilho mas… é difícil fazer conexão com esse tipo de protagonismo vazio e que não tem nada além para oferecer. Fora Justice – e a ótima química com a atriz Midori Francis (Dash e Lily) – o restante do elenco parece entregar o básico e apenas torcer para que tudo acabe logo.
A direção
O cineasta Stephen Herek (sim, a mente por trás do clássico Bill & Ted: Uma Aventura Fantástica) trabalha com a precisão de passar margarina no pão, ou seja, no piloto automático e sem dificuldades. Na real, é triste ver talentos do cinema sendo consumidos por obras que seguem tendências bobas e puramente comerciais para cumprir a demanda no catálogo da Netflix. Mas todos temos boletos para pagar, não é mesmo?
Sua condução preguiçosa perde ritmo no meio e desanda toda vez que tenta mesclar o humor com o emotivo. Por outro lado, trabalha bem a relação de Cassie com Lisa e, no fim das contas, perde a oportunidade de fugir da caixinha, mas entrega o melhor que dá dentro da zona de conforto.
Conclusão
Se olhar além dos tediosos artifícios da trama, Esticando a Festa até possui honestidade e carisma. É um filme cômico e que lembra você de aproveitar ao máximo a vida no presente, ainda que seja feito sob medida para o público-alvo que consome essa nova tendência Tik Toker dos filmes da Netflix. Como tal, é um mergulho raso, ingênuo, mas entrega tudo que se poderia esperar dessa premissa “cringe” adolescente. Ao menos nesse uma mensagem simpática pode ser tirada para àqueles que buscavam apenas entretenimento simplório.
Nota: 6/10
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