Crítica | Na Mesma Onda não apaixona, não surpreende e nem comove

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Há quem diga que o cinema está esgotado em novas premissas e utiliza a mesma fórmula para lucrar em cima de histórias já feitas à exaustão. Realmente, ao topar com o previsível roteiro de Na Mesma Onda (Caught by a Wave), novo romance teen original da Netflix, é difícil não sentir essa sensação de que os filmes estão dando voltas em torno de modelos pré-estabelecidos, retirados direto de uma prateleira abarrotada de entulhos cinematográficos que são esquecidos na mesma proporção que são feitos. Aquela obra zona de conforto que você sabe exatamente o que esperar. Agora, dentro dessa batida de liquidificador, ainda tem uma premissa que se sobressai bastante: as tragédias adolescentes. A cada dez filmes dentro desse aspecto romântico-trágico, apenas um se salva e, infelizmente, não é caso dessa produção italiana aqui.

A trama e o elenco

Na trama, como é de se esperar, acompanhamos momentos doces de um casal de adolescentes que estão começando a se apaixonar. Entre passeios divertidos pelas belas paisagens da Itália e abraços calorosos, a jovem descobre que possuía uma doença degenerativa e que, por consequência, pode perder os movimentos num futuro bem próximo. Esse baque faz com que o casal viva cada segundo com bastante intensidade, antes que o mundo injusto possa dificultar esse amor. Bom, dentro desse enredo, o roteiro até acerta na ambientação quente e aconchegante do verão italiano, como vemos em filmes como Me Chame Pelo Seu Nome. Essa sensação de começo de uma história de amor certamente nos faz recordar de sentimentos que um dia tivemos e de como a vida era simples quando éramos jovens. O casal de protagonistas possui boa química, claro, nada que empolgue, mas também não há desconexão. E isso é bom.

Porém, essa calmaria do amor livre logo abre espaço para o maior conflito, o grande vilão da trama: a doença da menina. Ainda que faça a história se intensificar, não há nenhuma novidade em relação a outros filmes com essa mesmíssima premissa, como A Culpa é das Estrelas, Clouds, Agora e Para Sempre, Enquanto Estivermos Juntos e uma infinidade de tramas que dão na mesma estrada. Se chutar uma árvore teen, só cai filmes assim. E poucos ultrapassam o limite de serem comoventes para realmente entregar uma mensagem que permeia. Nesse caso, o menino Lorenzo, vivido pelo charmoso Christian Roberto, aceita a dificuldade e entende que, para amar Sara – interpretada pela jovem Elvira Camarrone – vai precisar ser muito mais maduro do que gostaria de ser no momento de sua vida em que não há conflitos. O casal proporciona bons momentos de romance, o filme explora cenários espetaculares e, no fim, é apenas isso e nada mais. Nem mesmo a mensagem de “viva cada minuto como se fosse o último” funciona aqui. Ou pelo menos não nos conquista mais.

A direção

O trabalho de Massimiliano Camaiti em Na Mesma Onda é tão insignificante e genérico, que poderia ter sido feito por qualquer um, até mesmo sem formação na área. O diretor replica planos, enquadramentos e ainda trabalha superficialmente o casal. Até no drama, que deveria ser a montanha-russa que faria o público se comover e sensibilizar, é fraco, raso e sem intensidade alguma. Ou seja, a história comove muito pouco, mas tenta convencer, a todo custo, de que é totalmente emocionante. Valeu a tentativa, mas não, não foi dessa vez que os clichês serão subvertidos. A trajetória do roteiro desemboca na mesma rua sem saída de sempre e só resta mesmo a direção, ao menos, filmar as belezas naturais do lugar para preencher essas lacunas, já que os personagens são vazios e as conexões emocionais são inúteis.

Conclusão

Com isso, Na Mesma Onda não apaixona, não surpreende e nem comove, ou seja, é aquela típica trama, retirada da prateleira de filmes genéricos da Netflix, que serve apenas para replicar a cansativa e desanimadora fórmula da tragédia teen que já estamos exaustos de assistir. Fora a ambientação solar de uma Itália adocicada e de alguns poucos bons momentos do casal, nada mais se salva. Assim como a onda vem, ela vai embora sem deixar vestígios. E logo a próxima virá para apagar de vez suas marcas na areia. Puro romance esquecível.

Nota: 3/10

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