Crítica | Clouds – Drama musical da Disney feito para emocionar

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Sendo bem-sucedido em fisgar o emocional do público, o drama musical Clouds, Original do serviço Disney+, está sendo considerado o novo A Culpa é das Estrelas e não é para menos, afinal, sua força, assim como o romance teen de John Green, está na forma como conduz uma narrativa sensível e emotiva sobre a brevidade da vida, tendo como base a trajetória do jovem cantor e compositor Zach Sobiech, que faleceu em 2013 por decorrência de um câncer, aos 18 anos de idade. Após sua triste morte, se tornou um enorme sucesso e seus hits atingiram o topo das paradas de músicas dos EUA na época. Mas, se a fórmula é mais do mesmo e a trama “feijão com arroz” segue o padrão, o que faz desse um filme diferente? Basicamente nada. Ainda que não acerte na originalidade, já que histórias que entrelaçam música e tragédia são comuns no cinema, a Disney utiliza sua receita de sucesso para, ao menos, agregar uma positividade à mais no dolorido encerramento de uma vida jovem.

A trama e o elenco

Ao explorar os últimos anos do talento, o roteiro de Clouds poupa tempo em mostrar sua vida antes do câncer e já insere o espectador no mundo limitado e complexo de alguém que está passando por essa dificuldade, mas que se mantém com bom humor e otimismo. A trama deixa claro, desde o começo lento, o tom que mau presságio de que algo vai, de fato, pôr um fim naquela história e, para quem não conhece a trajetória do cantor, fica bem claro de que tudo construído, incluindo as boas relações humanas estabelecidas, irão culminar em um desfecho emocional.

Ao aceitarmos que o protagonista irá morrer, a jornada se torna mais intensa e melancólica, assim como todas as inúmeras situações criadas apenas para acumular a carga dramática no público. Dentro dessa mistura de filme de superação com musical teen, o ator Fin Argus (Verão 2003) entrega uma performance comovente e sabe dosar o humor com o drama através de seu carisma. Sem dúvida, uma boa escolha da produção, mesmo que seu destaque seja roubado pela atuação poderosa de Neve Campbell (Pânico), ao viver uma mãe que precisa lidar com o luto antes mesmo de seu filho partir.

As jovens Madison Iseman (Annabelle 3) e Sabrina Carpenter (Dançarina Imperfeita), por sua vez, são ótimas condutoras de emoção e servem como pilares de reação do público às diversas dificuldades do protagonista e ao seu fim eminente. Além disso, semelhante à Enquanto Estivermos Juntos, o longa trabalha as sutilezas de um romance tristonho e meloso nos moldes Romeu e Julieta, que exagera na doçura, mas que funciona melhor do que a outra obra citada. Fora isso, a produção se mostra astuta no ritmo e na emoção crescente, que disfarça os clichês de um roteiro totalmente “eu já vi isso antes”, mas falha na parte mais crucial: a trilha sonora. As canções são fracas e superficiais dentro da proposta e, diferente do que poderíamos esperar, falta mais apresso na parte musical.

A direção

O trabalho de Justin Baldoni, já experiente em obras emotivas como A Cinco Passos de Você, é condizente com a proposta da trama e o diretor conduz bem a narrativa sem pesar a mão demais, especialmente na relação familiar. É perceptível a sensibilidade que se expande para diálogos bem realizados e planos mais longos, que servem para dilatar a emoção e funciona bem com o envolvimento do público, ainda que duas horas de pura melancolia seja um pouco de exagero e que menos tempo, sem dúvida, teria funcionado bem melhor. Ainda assim, mais de originalidade no enredo, mesmo se tratando de uma história verídica, teria transformado Clouds em algo completamente sólido e criativo.

Conclusão

O drama biográfico Clouds utiliza a fórmula família da Disney e esbanja sensibilidade ao voar bem alto em sua proposta, enquanto presta uma melancólica e doce homenagem à vida e à juventude, sem pesar a mão no drama denso que tanto permeia esse tipo de obra. Ainda que possua falhas no enredo e na originalidade por replicar algumas fórmulas batidas, acerta com força o coração do público e deve emocionar até mesmo aqueles que não são acostumados a chorar com cinema. Genuíno na emoção, mesmo que exageradamente adocicado em sua fórmula.

Nota: 7/10

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