Crítica | O Segredo: Ouse Sonhar – Romance tedioso sobre a força do pensamento positivo

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É difícil culpar a adaptação de ‘O Segredo: Ouse Sonhar’ (The Secret: Dare to Dream) quando seu material de base é que possui todas as falhas narrativas. Claro, um bom roteirista teria aproveitado o máximo da essência da obra, mas desenvolvido uma trama que faça bem mais sentido do que a do best-seller lançado em 2006, da autora Rhonda Byrne. A premissa de autoajuda pode até funcionar na literatura como uma espécie de coach motivacional, mas, nos cinemas, onde é necessário que uma história seja construída, que personagens façam sentido e, acima de tudo, que o espectador seja envolvido e cativado, esse longa falha absolutamente em tudo que se propõe e ainda deixa espaço para falhar no que deseja alcançar.

A trama e o elenco

Na trama tediosa, Miranda Wells (Katie Holmes) é uma jovem viúva que cria seus três filhos sozinha após a morte de seu marido em um acidente aéreo. Durante uma tempestade, um misterioso (e, diga-se de passagem, digno de desconfiança) homem entra e sua vida e o destino faz com que um romance surja entre os dois. Enquanto Miranda se faz de coitada o tempo inteiro e deixa suas lamentações afetarem sua vida, Bray (vivido por Josh Lucas) traz consigo a mágica crença do pensamento positivo e como agir dessa forma pode promover a união de sua família. Porém, também carrega um segredo que pode colocar tudo que está construindo a perder. Através desse enredo difícil de engolir, o roteiro desenvolve sua história em torno de Bray nunca conseguir contar o que há no tal envelope para Miranda e esse suspense furado se arrasta por toda a projeção. Nas lacunas entre as tentativas e interrupções novelescas desse segredo, cabe ainda situações forçadas e muitas frases de efeito retiradas do livro.

Não que sua carreira seja marcada de sucessos, mas é difícil imaginar o que levou Holmes (Batman Begins) a aceitar um papel tão irrelevante como este. Sua personagem reflete tudo que o cinema está descontruindo e, mesmo sendo uma mãe solo, se deixa levar pelo papo furado de um homem estranho, que recém conheceu, e não suspeita de sua extrema bondade, enquanto usa essa imagem masculina como referência de solidariedade para seus filhos. Josh Lucas, por sua vez, tem um ar canastrão e sedutor que não condiz com seu personagem quase “divino” e imaculado. A sintonia da dupla não se encaixa e a falta de química contribui ainda mais para essa desordem.

A direção e roteiro

Apesar de Andy Tennant ser o nome certo para comandar a pataquada, já que foi o responsável por obras autoajuda como ‘Hitch – Conselheiro Amoroso’, sua condução é exaustiva, arrastada e sem ousadia alguma. O roteiro, que carece de substância, parece perdido em seus diálogos expositivos e no clima “seja otimista” exagerado, pura forçação de barra que não convence o espectador em momento algum. Fora o fato de seguir uma premissa que melhor funcionaria em 2002 do que em 2020. Na Era da positividade forçada nas redes sociais, essa trama já nasce fadada ao fracasso e tem poucas chances de conquistar o público.

Conclusão

Facilmente um dos piores filmes do ano, a adaptação do best-seller de autoajuda ‘O Segredo: Ouse Sonhar’ é como assistir um telefilme de baixo orçamento de alguma obra datada de Nicholas Sparks sobre a difícil vida da classe média branca americana. A trama manipuladora é descarada, o elenco é desperdiçado e a direção tem a sutileza de um machado ao explorar o sentimentalismo da tal “força do pensamento positivo”. Haja positividade para fazer essa trama funcionar.

Nota: 1

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