Crítica | ‘A Princesa e a Plebeia: Nova Aventura’ é desânimo em dose tripla

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Parece que a mania de grandeza é o grande mal que assola as sequências. A necessidade de ter que ser maior, mais espetacular e melhor que o filme de origem acaba dando descarga em toda e qualquer qualidade que uma obra possa ter, afinal, a trama está tão imersa nessa obrigação de ser superior, que acaba repetindo a mesmíssima fórmula. No lugar de fazer uma história nova, independente e que acompanhe as consequências dos eventos do anterior, o roteiro se duplica (ou nesse caso se triplica) e não traz nenhuma novidade ou faz a franquia avançar dentro de si. Se em 2018 o filme original era simples, direto, bobinho e divertido sem pretensão, agora ‘A Princesa e a Plebeia: Nova Aventura’ (The Princess Switch 2: Switched Again) segue sendo tudo isso, porém, é o mais puro e irritante exagero.

A trama e o elenco

A trama começa logo após os eventos do primeiro filme e segue mostrando como está a vida das amigas que “trocaram” de vida. Porém, agora, a duquesa Margaret (Vanessa Hudgens) herda o trono de Montenaro e passa por um momento difícil com seu namoro, sua dupla, a princesa Stacy (Vanessa Hudgens), a ajudará a colocar sua vida nos eixos. Contudo, tudo parece se complicar quando um encantador rei tenta conquistar o coração de Margaret e uma prima festeira, Fiona (Vanessa Hudgens), tenta atrapalhar seu relacionamento. Se antes, o centro da trama era ter duas personagens iguais mas com vidas opostas, dessa vez a grande e espetacular novidade (de um roteirista sem a menor noção de criatividade) é fazer a atriz interpretar três personagens ao mesmo tempo. Esse, digamos, upgrade, é bizarro de tão incoerente, preguiçoso e superficial.

No entanto, questionar a procedência da história é uma tarefa árdua. Mesmo com duas ou três personagens vividas pela mesma atriz, nada faz muito sentido de qualquer forma e esse talvez seja o menor dos problemas. O puxa-saquismo do glamour da realeza britânica, transportado das animações das princesas da Disney, parece bastante deslocado no mundo contemporâneo, especialmente por não ser um filme de época. E sim, ainda que siga o modelo “filme de Natal levinho para assistir sem pensar”, é realmente desanimador que a trama não vá para lugar algum, não traga nenhuma informação nova e ainda seja cercada de exageros, seja na decoração natalina dos cenários exuberantes ou mesmo na proporção de presepada que os personagens vivem em um período tão curto de tempo. Ao jogar seu carisma em queda livre do topo da árvore de Natal, Hudgens tem a rara oportunidade de fracassar três vezes no mesmo filme e aproveita essa fanfarronice para ser o mais caricata possível, já que o roteiro, que trata o espectador como tolo, acha que se não for feito dessa forma óbvia, fica confuso de entender sua jornada.

A direção e o roteiro

Ainda que o tom da comédia seja infantil e tenha adultos se comportando como crianças grande parte do tempo, a narrativa de A Princesa e a Plebeia: Nova Aventura não é ruim e, assim como o primeiro, tem um bom ritmo, segue agitado e apresenta bem seus personagens, mesmo sem profundidade. O show de estereótipos e clichês já faz parte da premissa natalina e não incomoda. O grande problema, além da falta de novidade que justifique uma sequência, está na previsibilidade do roteiro. Todos os caminhos que a trama toma são antecipados muito antes e nada realmente surpreende.

A diversão é singela, isolada em algumas poucas boas piadas e perdida dentro de um emaranhado de diálogos expositivos que fazem a obra parecer uma novela mexicana daquelas bem galhofas. Falta motivação nos personagens, já que é difícil esperar que tenham alguma profundidade. A novidade da vez, a prima Fiona (ou a terceira Hudgens), é irritante e mal construída dentro da premissa. Mike Rohl, que também comandou o primeiro, segue no piloto automático e dá “copie e cole” para fazer o mesmo filme preguiçoso. Trabalho fácil e sem esforço algum para trazer alguma singularidade.

No entanto, há algumas mensagens interessantes para o público infantil e a trama explora, de maneira nada discreta, a infelicidade de uma riqueza sem amor e como é necessário ter alguém para se apoiar na vida. Fora isso, os figurinos são magníficos e o trabalho da direção de arte é condizente com os clássicos natalinos. A parte técnica é boa e talvez seja apenas isso o motivo de encher os olhos.

Conclusão

‘A Princesa e a Plebeia: Nova Aventura’ de nova não tem absolutamente nada. Fora o fato de Vanessa Hudgens ter a deliciosa chance de falhar três vezes no mesmo filme, é puro repeteco exagerado, mergulhado na comédia natalina mais genérica possível. Uma sequência que frustra em desenvolver uma história original convincente, muito por estar presa à mesma fórmula do filme anterior. No fim das contas, resta apenas um roteiro bobo, vazio e que funciona apenas para quem tem apego emocional ao modelo de romance ultrapassado dos anos 1990.

Nota: 4

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