Crítica | Destruição Final – Trama energética com roteiro que conquista pelo coração

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Se tem algo que ‘Destruição Final: O Último Refúgio’ (Greenland) faz muito bem é subverter o clássico “filme-catástrofe”, focado no apocalipse desenfreado e explosivo, para algo mais intimista e carregado de drama familiar que, por mais brega que possa parecer, funciona muito bem aqui, em especial por conta ótima performance do elenco e de um roteiro bem estruturado, semelhante ao que filmes como ‘Independence Day’ fez no passado e que o coloca como um perfeito exemplo de como explodir o mundo (ou os Estados Unidos), mas com bastante alma e coração.

A trama e o elenco

Na premissa de Destruição Final, comum para esse tipo de gênero, um enorme cometa está prestes a colapsar com o planeta Terra e levar a Humanidade a sua tão temida extinção. Porém, antes do maior pedaço atingir, fragmentos caem por todos os países e arrastam esse “apocalipse” global por um período de tempo assustador, fazendo com que as pessoas lutem para sobreviver, principalmente, entre si. E nisso o roteiro, astuto e dinâmico, se sai muito bem no que se propõe.

O drama é forte e centraliza o maior perigo em como a sociedade lida com emergências como esta, ou como a pandemia que estamos vivendo nesse momento, por exemplo. Enquanto há muita solidariedade, algo que a trama deixa bem evidente, há também a perversidade humana em sua escala mais cruel. Nesse contexto, John Garrity (Gerard Butler), a sua ex-mulher Allison (Morena Baccarin), e o seu filho, Nathan, fazem uma perigosa viagem até à sua derradeira esperança de salvação. Por entre terríveis relatos de destruição a nível mundial, a família experiência o melhor e o pior da Humanidade.

O elenco, por sua vez, está ótimo e ajuda na imersão da emoção que o roteiro deseja passar. Baccarin (Deadpool, Sessão de Terapia) é uma das melhores atrizes de sua geração e prova, nesse papel relativamente simples, que sabe dosar muito bem o humor e o drama. Já Gerard Butler lida bem com a parte física, mas também entrega um trabalho condizente. A dupla, junta, tem uma química boa e a jornada do casal, separados por advertências, envolve o espectador.

Aliás, ainda que o drama surpreendentemente seja melhor e mais interessante, as cenas de ação são boas e a direção constrói muito bem o suspense ao entregar, aos poucos, dicas do que está para acontecer com aqueles personagens. A narrativa, intensa, cresce seu ritmo desenfreado e explosivo de forma deliciosa e as reviravoltas levam a trama para caminhos até mesmo inesperados, subvertendo alguns clichês desse tipo de gênero e a expectativa do público, que acha que sabe para onde a história está indo. Veja bem, não chega a ser uma obra original ou mesmo singular, mas se mostra plenamente consciente das suas limitações, entre elas, os efeitos especiais, que são precários, porém, como são poucos utilizados, não incomodam tanto assim.

A direção

A condução de Ric Roman Waugh (Invasão ao Serviço Secreto) é instigante e o diretor consegue equilibrar bem as nuances dos personagens, com o mundo se partindo em pedaços do lado de fora. A narrativa agitada não cansa e não desgasta, ao contrário de muitos filmes de destruição global de renomados diretores como Roland Emmerich (O Dia Depois de Amanhã), por exemplo, que se arrastam demais no desenvolvimento. Essa obra, por sua vez, foca mais no desespero da situação do que na situação em si. Porém, os últimos minutos são frenéticos e hipnotizantes, encerrando a história de uma forma bem divertida e esperançosa, ainda que, como já citado, tenha limitações nos efeitos digitais.

Conclusão

Felizmente, ‘Destruição Final: O Último Refúgio’ se sai bem no que se propõe e é uma surpresa agradável, muito por conta da maneira de como equilibra o drama familiar com a ação explosiva e hipnotizante do colapso global, que também serve de metáfora para o mundo pandêmico em que vivemos. A Humanidade é sempre o maior perigo e, de forma eficiente, o roteiro desenvolve uma trama verossímil, repleta de reviravoltas instigantes e que ainda conta com boas atuações, tudo para compensar seus efeitos digitais limitados. Ainda que o prazer de ver destruições colossais faça parte do nosso amor por cinema, essa obra conquista mesmo é pelo coração, quem poderia esperar?

Nota: 8

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