Crítica | Procura-se Um Pai – Mais um filme esquecível na prateleira da Netflix

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Tem roteiros que parecem ter sido escritos por um adolescente no ensino médio, como acontece com a comédia espanhola ‘Procura-se Um Pai’, produção da Netflix que navega em um tom novelesco, de baixo orçamento, no melhor estilo ‘Carrossel’ ou ‘Chiquititas’ e que, de tão previsível e superficial, é curioso imaginar que alguém tenha dado o aval para sair do papel. Ainda que obviamente seja uma obra singela, voltada para crianças, não parece ser esse o caminho que a trama desorientada se desdobra, afinal, nunca encontra o equilíbrio entre o humor, provocado por situações paternas medíocres e forçadas, e o drama adolescente que tenta encaixar sem a menor sensibilidade e carisma. Nesse vácuo de não saber o que deseja ser, o longa acaba mesmo não sendo nada além de uma história boba, tediosa e que replica veementemente todos os clichês de como “uma família perfeita” deveria se comportar.

A trama e o elenco

A trama de Procura-se um Pai acompanha uma jovem menina de 12 anos que, resumidamente, necessita de um adulto responsável para poder se escrever em uma competição de corrida, já que é proibida por sua mãe de andar de bicicleta após a “misteriosa” morte de seu pai. Dessa necessidade fútil, a menina pega o caminho mais longo (e sem lógica!) e atrai homens adultos para um suposto teste de elenco para um filme, quando, na realidade, ela só quer escalar um deles para ser seu novo pai. Sim, dessa premissa completamente ingênua e cheia de incoerências é que nasce um longa-metragem de quase duas horas, todo trabalhado na monotonia e na falta de ânimo em provocar alguma emoção que seja no espectador.

O elenco, por sua vez, é realmente horrível. Desde as crianças sem sal, incluindo a protagonista mimada e irritante, vivida pela fraca Natalia Coronado, até os adultos, que demonstram total desconforto em participar de tamanha presepada, como faz o ator Juan Pablo Medina (A Casa das Flores). Todas as performances ou são exageradas ou estão fora de sintonia. Enquanto o roteiro quer desesperadamente entregar uma dramédia sobre luto e superação, a química entre a menina e o seu pai emprestado não convence nem um pouquinho.

A direção

Com um texto precário, expositivo e sem rumo e um elenco desequilibrado, a direção de Javier Colinas (O Casamento da Vovó) não poderia fazer nenhum milagre. E realmente não faz. Na realidade, o diretor conduz a obra ainda mais rumo ao precipício. As cenas de ação, que deveriam ser momentos de puro ânimo dentro de uma jornada sem nuances, são grotescas e extremamente falsas e mal realizadas. Quando a menina está em sua bicicleta, parece que estamos assistindo ‘Chapolin’, com dublês completamente diferentes, que substituem os atores em cena, algo que evidencia ainda mais a falta de cuidado da produção.

É impossível não revirar os olhos ou mesmo rir de como o diretor acredita estar enganando o espectador. Sem contar a dificuldade que encontra para equilibrar o humor com o drama e a tentativa falha de fazer uma espécie de metalinguagem (que está na moda!). Para seu azar (e o nosso!), Colinas cria um ambiente estereotipado de set de gravações apenas para que o público se identifique com as referências, algo que não funciona nem para os mais jovens, que dirá para os pais que estão se torturando junto.

Conclusão

Infelizmente, ‘Procura-se Um Pai’, mas acaba mesmo é encontrando um roteiro vazio, tedioso e sem o menor equilíbrio entre o humor e o drama. A (im)perfeita novela infantil da Netflix parece acreditar que crianças consomem qualquer porcaria e testa a paciência dos adultos com tantas incoerências e tolices. Nada realmente funciona e a prateleira de filmes genéricos e esquecíveis da Netflix acaba de ganhar mais uma adição poderosa.

Nota: 1

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