Crítica | Morte às Seis da Tarde – Filme da Netflix é nojento e nada mais

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Manter uma conexão emocional com o protagonista é um dos elementos indispensáveis para que uma obra fisgue o espectador. E esse não é o caso de ‘Morte às Seis da Tarde’ (Plagi Breslau), novo suspense policial polonês da Netflix que, além de ser guiado por personagens profundamente insuportáveis, ainda se sustenta apenas pela bizarrice e estranheza de sua trama sem fundamento, que acompanha uma policial atormentada e durona, durante misteriosos casos de assassinatos em série em que as mortes são uma reprodução de um antigo evento de punição que ocorreu na Breslávia, durante o século 18, conhecido como Semana das Pragas.

Dessa premissa, até mesmo curiosa, a trama se desenvolve apoiada apenas na construção das bizarras e elaboradas mortes, como a de um homem costurado dentro da pele de um touro, por exemplo, e caminha de forma arrastada, cujos pontos altos são mesmo as cenas dos assassinatos e as próteses nojentas e realistas dos corpos despedaçados, que deixam qualquer filme da franquia ‘Jogos Mortais’ com inveja. Curiosamente, no início há um clima investigativo interessante, que remete a filmes como ‘Seven: Os Sete Crimes Capitais’, especialmente pela violência gráfica das mortes em série e pelos mistérios criados em torno das vítimas. No entanto, o roteiro se afasta gradativamente dessa boa energia sombria e cai nos clichês do gênero com vigor.

O maior de todos os erros, além de, claro, desenvolver precariamente seus personagens estereotipados e rasos, está na revelação apressada do tal assassino. O mistério em torno de sua identidade é descoberto muito antes e do ideal e esse efeito anticlímax deixa a trama ainda mais desanimadora, já que o trabalho de direção de Patryk Veja é desastroso, por misturar diferentes tipos de gravações e não manter uma unidade ao filme, além de gastar mais tempo com cenas gráficas sem necessidade do que desenvolvendo uma trama minimamente amarrada e instigante. O suspense desaparece na mesma velocidade em que a atriz Małgorzata Kożuchowska, que vive a protagonista, perde força e passa de durona irritante para coadjuvante de sua própria história.

Absolutamente todos os elementos que compõem a trama perdem força da metade para o final e a estranheza que faz o filme prender a atenção dá lugar uma série de reviravoltas previsíveis e justificativas duvidosas para tais mistérios, como o fato de apenas uma única pessoa ser capaz de produzir as mortes elaboradas sozinha, especialmente por uma cena mostrar sua dificuldade de erguer um corpo. Ou seja, a conclusão, ainda que descomplicada, é montada a partir de uma ideia fraca, sem nexo e que passa a sensação de ter sido pensada às pressas para amarrar as pontas soltas que o roteiro criou e não sabia mais para onde seguir. Até mesmo a boa locação urbana é um total desperdício de energia, já que todas as cenas abertas são para mostrar pessoas correndo em desespero e só, não há a clima e nem atmosfera. A subtrama da repórter e seu cinegrafista então, essa é tão mal desenvolvida e clichê, que beira o cômico.

Dessa forma, ‘Morte às Seis da Tarde’ se mantém firme apenas pelo excesso de violência gráfica e pelas cenas absolutamente nojentas, bizarras e desnecessárias para o desenvolvimento da história. História essa que se perde na mesma velocidade que o nosso interesse por ela. Personagens insuportáveis, resoluções anti-climáticas e uma direção desconjuntada faz do longa polonês ser mais uma aposta debilitada da Netflix.

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