Crítica | BoJack Horseman: Foi bom enquanto durou

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Em 2014 não podemos dizer na Netflix era tudo mato, mas não existia toda a gama de produções originais que estão hoje no serviço de streaming. E foi em um dia entediante, buscando algo simples pra assistir que eu acabei assistindo a animação estreante Bojack Horseman. Esperando o velho clichê de animações adultas que são apenas feitas de piadas pesadas e sexo, dei uma chance ao cavalo antropomorfo. Hoje, seis anos depois, eu nunca estive tão feliz por dar uma chance à uma série e por estar redondamente errado sobre o que esperar.

A segunda metade da sexta temporada da animação estreou no final de janeiro, entregando os 8 episódios finais dessa jornada que foi acompanhar os (poucos) altos e (muitos) baixos da vida de Bojack. Em sua busca por redenção, nossa querida celebridade governista descobre que por mais que você peça desculpas e se renove como pessoa, certas coisas não ficam pra trás tão fácil.

Com menos piadas escrachadas e bem mais narrativas introspectivas, a segunda metade dessa temporada nos toma como reféns sem sabermos se o protagonista vai ter um final feliz ou se condizente com o que aconteceu em temporadas anteriores onde uma leve melhora era seguida de uma queda vertiginosa em direção ao fundo do poço.

E talvez essa tenha sido a maior marca da série durante estes últimos seis anos. Ela não era óbvia ou clichê, mas sempre confusa e normalmente injusta, como a própria vida. Em toda sua sátira e crítica à sociedade, Bojack sempre conseguia colocar um dedo na ferida das nossas vidas pessoais.

É duro ter que encarar que não importa o quão bom você tenta ser, talvez você sempre fique preso na mediocridade, ou saber que nem todo seu sofrimento é algo construtivo e que pode sim ter sido em vão.

E é por isso que o personagem fica na nossa cabeça. Não amamos Bojack porque ele nós lembra dos nossos bons momentos, mas porque ele é um espelho sobre o lado ruim das coisas cotidianas que fazemos. Um espelho que muitas vezes nos recusamos a olhar, mas que inegavelmente está lá.

Ao fim da série, eu posso dizer que me senti despedindo de um amigo. Não um amigo legal, na verdade um cara bem escroto, mas que nos anos 90 tinha um seriado de sucesso. Como o próprio Season Finale diz: foi bom enquanto durou.

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