Crítica | Maus Momentos no Hotel Royale

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Nos tempos atuais, o cinema tem passado por uma espécie de reciclagem daquilo que costumava ser consumido nas décadas de 1970, 80 e 90. Isto é evidente pela forma como os remakes têm tomado as telonas e pelas continuações de sagas consagradas antigamente, que tem revivido sob um novo comando e novos direcionamentos. Star Wars e Harry Potter são os dois principais exemplos, mas é fácil encontrar vários outros. Em meio a tudo isso, Drew Goddard é um dos expoentes que aposta nas novidades cinematográficas – sejam elas boas ou ruins. Seu novo filme, Maus Momentos no Hotel Royale é um destes exemplos em que o filme pode não ser uma obra-prima, mas pelo menos tenta engatar algo de novo.

A história se passa durante o fim dos anos 60, mostrando sete desconhecidos que se encontram no El Royale, um hotel que fica na divisa entre Nevada e Califórnia e já viveu dias melhores. A trama acompanha a história e os dramas pessoais de cada um deles e, aos poucos, fica claro que todos têm um segredo que não quer que os outros descubram.

Rapidamente, fica claro como Drew Goddard sabe trabalhar com dinâmicas de personagens e desenvolvimento de tramas separadas. Já havia um gostinho disso no primeiro filme que dirigiu, O Segredo da Cabana, mas, naquele caso, funcionava diferentemente já que o foco estava no macro e não no micro. A forma como o diretor opta por seguir com seu storytelling é bastante interessante, como se fosse um livro, com o filme sendo dividido em capítulos – cada um acompanhando determinado personagem.

Existe também uma base em Quentin Tarantino que é muito bem-vinda: a dinâmica do filme de desconhecidos se encontrando em um local que parece ser pura coincidência e com muito banho de sangue pode ser facilmente relacionado com Os Oito Odiados, o filme de 2016 que tinha uma premissa semelhante nesse quesito. A ideia de que as pessoas não conseguem lidar com as diferenças do outro é sutilmente explorada no filme de Tarantino, enquanto Goddard opta por seguir um plano de redenção.

Ao longo de todo o filme, fala-se sobre redenção dos pecados de um personagem e – mesmo que isso não seja o foco narrativo – isso acaba funcionando para todos os personagens já que, no fim das contas, os protagonistas só querem se livrar de seus passados. A excentricidade do filme não apaga essa mensagem – inclusive até realça, de certa forma.

A direção de Goddard também tem uma certa influência de Tarantino: a forma como ele não tem medo de usar sangue e fazer piada disso; o modo como os personagens que parecem ser os protagonistas se revelam figuras sem muita importância; e o principal: a maneira como certos elementos que parecem essenciais para o desenvolvimento da trama são rapidamente jogados de canto.

Por fim, além de toda a significação que Drew Goddard sabe dar às suas histórias (o mesmo já havia acontecido com O Segredo da Cabana), da maneira como seu storytelling é imaginativo e visceral, o diretor também sabe trabalhar com mistérios e com tramas que funcionam em dois escopos: tanto no micro, quanto no macro – com sub-tramas que aderem à principal de forma coerente. No fim das contas, é um filme que tem suas referências e o coração no lugar certo, funcionando com suas excentricidades e com uma história com começo, meio e fim.

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