Crítica | ‘Nasce Uma Estrela’ é uma carta de amor à música

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Desde o início do cinema, a música tem desempenhado um papel fundamental, caminhando lado a lado aos grandes artistas e obras que marcaram gerações. Feliz é o filme que abraça a música e consegue transformar o ritmo em história. Quando essa união se solidifica, somada a uma boa condução da narrativa, atuações marcantes e canções inesquecíveis, nasce então um clássico. E é isso que testemunhamos com ‘Nasce Uma Estrela’.

A trama é simples e acompanha o popular roqueiro Jackson Maine (Bradley Cooper) que, após o auge de sua carreira, conhece por acidente a jovem cantora de barzinho Ally (Lady Gaga), a qual se apaixona perdidamente e juntos formam uma dupla de sucesso no mundo da música, até que seus caminhos começam a seguir rumos opostos. A direção também fica por conta de Bradley Cooper, que consegue apresentar um trabalho fenomenal, mesmo sendo sua primeira vez se arriscando nessa área. Há uma certa paixão que cerca o longa, tanto do elenco quanto da produção, todos parecem estar dando o coração em cada cena.

E por falar em elenco, muitos se surpreenderam com a atuação da cantora Lady Gaga e não é para menos, afinal, assim como Cooper, que arriscou tudo que podia, Gaga é, de fato, a estrela do título. Cada momento em cena ela parece estar completamente envolvida e dedicada, já que o filme mostra muito do que ela própria viveu em sua vida pessoal, como por exemplo, a pressão da gravadora, a criação de uma personagem para se encaixar no mundo da música pop e por aí vai. O fato é: Da voz aos olhos expressivos, Lady Gaga se prova uma futura ganhadora do Oscar e merecedora do sucesso que faz.

Mas claro, Cooper é o refletor que direciona a luz para o lugar certo. Sempre cabisbaixo, nunca olhando nos olhos, com sua voz rouca e marcante, Jack representa a parte melancólica da trama. Sua carreira está acabando, sua vida afundada em traumas do passado e abuso de drogas e álcool. Uma interessante crítica social ao mundo da fama, que consome o artista até não restar mais nada e depois o descarta. Se a estrela está nascendo com Ally, Jack representa a supernova, o fim explosivo e triste de uma estrela em ascensão. E Cooper emplaca uma atuação honesta, convincente e emocionante.

O roteiro do filme consegue ser mais dinâmico e expressivo que a versão de 1976, que é boa, mas não aproveita o tempo da maneira correta. Aqui, há um ritmo melhor, que funciona de forma mais lenta, durante a apresentação dos personagens, até o primeiro show juntos, quando então corre para mostrar a passagem de tempo e volta a ficar mais lento até o final. Talvez alguns minutos a menos teria sido bem-vindo, não que isso atrapalhe a imersão na trama. E as canções são pontuais, entram em momentos necessários, sem apelar para cenas musicais o tempo inteiro, além disso, a letra das músicas passam também os sentimentos dos personagens, que faz um equilíbrio perfeito entre a emoção e o cômico, nos levando pelo caminho que a trama quer que sigamos.

Por falar na versão de 1976, essa nova versão possui algumas modificações em relação ao final e ao caminho que a Ally segue na carreira, todas, ao meu ver, coerentes com o ano que estamos e que funcionam bem melhor para o contexto da história, mais atual e também mais representativa, já que algumas drag queens famosas por RuPaul’s Drag Race fazem uma bonita participação, além o melhor amigo de Ally ser gay assumido.

No fim, ‘Nasce Uma Estrela’ é uma carta de amor à música, sendo o filme mais sensível e emocionante do ano, daqueles que aquece o coração, faz chorar e ainda nos entretém com as belas vozes dos protagonistas. Além de uma estrela, nasce também o exemplo de como fazer um remake de qualidade. Gaga vai se tornar sua religião por um bom tempo.

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