Descanse em Paz é baseado em fatos reais? Conheça a inspiração do filme da Netflix

Descanse em Paz’ da Netflix investiga temas de medo, abandono e dilemas morais. A história gira em torno de Sergio Dayán, um homem que enfrenta graves dificuldades financeiras sem o conhecimento de sua esposa. À medida que os cobradores de dívidas se aproximam dele, Sergio é apanhado num ataque a bomba no Centro Comunitário Judaico em Buenos Aires, sofrendo ferimentos leves. Pensando em como lidar com a situação e proteger sua família, Sergio opta por fugir para o Paraguai.

Presumido morto, ele embarca na reconstrução de sua vida enquanto sua esposa segue em frente com a dela. Porém, com o passar do tempo, Sergio fica consumido pela curiosidade pela família que deixou para trás sob coação, o que o leva a buscar o seu bem-estar.

Dirigido por Sebastián Borensztein, o filme confronta destemidamente as complexidades morais e as repercussões das ações escolhidas. Apresenta uma exploração diferenciada das decisões do protagonista, deixando os espectadores lutando com suas interpretações. Este retrato das emoções humanas cotidianas levanta questões sobre as origens do filme, convidando a especulações que giram em torno de se ele é ou não baseado em um evento verdadeiro.

Descanse em paz injeta alguns elementos da história em sua história

Descanse em Paz‘ é uma adaptação de um livro homônimo escrito por Martín Baintrub, apresentando personagens fictícios navegando em um cenário enraizado na realidade. Ao escrever o roteiro, Sebastián Borensztein e Marcos Osorio Vidal seguiram o caminho traçado pelo livro e entrelaçaram em sua história elementos de acontecimentos históricos e incidentes infames da história argentina. Por exemplo, o atentado que levou Sergio a fugir reflete um acontecimento da vida real ocorrido em Buenos Aires em 1994.

O atentado à bomba da Asociación Mutual Israelita Argentina (AMIA) em 1994 em Buenos Aires é um dos ataques terroristas mais mortíferos da história argentina. Em 18 de julho de 1994, um homem-bomba dirigindo uma van carregada de explosivos detonou o veículo em frente ao centro comunitário judaico AMIA, localizado no movimentado bairro comercial de Once. A explosão devastadora resultou na perda de 85 vidas e deixou centenas de feridos. O ataque não só infligiu sofrimento humano imensurável, mas também enviou ondas de choque por toda a Argentina e pela comunidade judaica global.

Os paralelos entre a história do protagonista do filme e os acontecimentos da vida real também ressoam em um caso que se seguiu ao ataque de Ramón Irala. Neste incidente, um indivíduo identificado como vítima 86 supostamente fugiu para o Paraguai após o ataque, evitando ser capturado durante vários anos. Após sua eventual descoberta e prisão, foi revelado que sua esposa havia reivindicado benefícios de seguro de vida durante sua ausência. Embora estas ligações permaneçam não oficiais e especulativas, elas chamam a atenção para questões sistémicas e preconceitos que podem influenciar as decisões dos indivíduos em circunstâncias difíceis, ecoando temas explorados no filme.

O retrato da transição de Sergio através da fronteira Argentina-Paraguai e sua adaptação à vida no Paraguai oferece um vislumbre das especificidades da região. Essas representações estão enraizadas na realidade, como revelou em entrevistas Baintrub, autor do livro em que o filme se baseia. A educação de Baintrub o mergulhou nas anedotas e costumes da região, principalmente por meio dos laços de sua família com o Paraguai por parte de pai. A atmosfera autêntica capturada no livro e, posteriormente, no filme, baseia-se diretamente nessas inspirações da vida real.

O filme é muito mais do que os acontecimentos acima mencionados e captura emoções humanas universais de conflito interno e desolação. São esses temas que impulsionam o filme e o fazem ser um lembrete claro de como é realmente a experiência de ser humano. Elaborando sobre isso, Borensztein disse: “O que gostei no romance original é esta ideia central: uma pessoa que, encurralada por dívidas, pode aproveitar um elemento aleatório em sua vida para deixar sua família para trás e fechar completamente essa fase… Naquele momento ele tem uma autoestima tão baixa que chega a pensar que se ele não estiver lá, todo mundo vai se sair melhor.”

E acrescentou: “Além da tecnologia e da viabilidade de se apagar ou não do mapa, o importante é a decisão de fazê-lo. Esse é o dilema que o filme coloca, que os espectadores ficam se perguntando o que fariam caso se encontrassem nessa situação. Principalmente sabendo como o protagonista vive depois.” Através do seu retrato honesto de dilemas morais complexos e da sua fundamentação em inspirações da vida real, ‘Descanse em Paz’ ressoa profundamente no público, convidando à introspecção e à contemplação muito depois de os créditos rolarem. É nesta fusão de autenticidade e habilidade narrativa que reside o verdadeiro poder do cinema – evocar empatia, provocar pensamento e, em última análise, deixar uma marca indelével na alma.

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