Crítica | O Sequestro do Voo 375 – A história que marcou o Brasil que faz o entretenimento decolar

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Quando se pensa em filmes brasileiros, parece existir uma única fórmula de como essas produções são feitas. Não é incomum ouvir pessoas dizerem que não gostam do cinema nacional, como se nosso país fosse monotemático. É até estranho pensar que se encaixe obras como O Auto da Compadecida, Deus e o Diabo na Terra do Sol e Central do Brasil no mesmo balaio. O Sequestro do Voo 375 é daqueles filmes que podem fazer com que esse preconceito seja revisto. Sem reinventar a roda, o longa dirigido por Marcus Baldini é um filme de assalto que não deixa nada a dever para seus similares feitos em Hollywood.

A Trama de O Sequestro do Voo 375

Durante a redemocratização brasileira e todo o processo econômico que culminou na chamada Década Perdida, Raimundo Nonato, um trabalhador brasileiro se vê sem esperanças de um futuro melhor e elege o então presidente José Sarney como o culpado pelas mazelas que o Brasil passava. Armado e com a missão de matar o chefe do executivo, ele sequestra um avião disposto a matar Sarney.

Acertos do filme

Uma das coisas mais importantes que O Sequestro do Voo 375 faz em sua introdução é dar o contexto histórico pelo qual o Brasil passava. 35 anos após o ocorrido, boa parte do público jovem não faz ideia da hiperinflação ou as contínuas mudanças de moeda que afligiam o trabalhador até a criação do Real na década de 1990. O próprio sequestro passa despercebido por muitas pessoas que não viveram na época ou eram muito novas para lembrar. O filme não só acerta em ser uma boa produção, mas em resgatar um evento importante da história do nosso país.

A direção de Marcus Baldini também acerta na narrativa. A cada reviravolta no plano de Raimundo Nonato, o espectador fica aflito pelo modo como o filme cria uma tensão enorme, nos deixando na posição de se sentir como um refém do voo da Vasp. Isso é acentuado pelos bons efeitos especiais, que estão muito bonitos nas cenas de manobras de avião, embora fraqueje nas cenas mais simples, como pouso e decolagem.

Um show de atuação

Mas o que prende o público na cadeira é a atuação do elenco, que consegue passar a seriedade do evento. Jorge Paz, intérprete de Raimundo Nonato, entrega um personagem abalado e tão assustado quanto qualquer uma das pessoas do voo que ele sequestrou. Suas motivações, infelizmente, não são alienígenas para a realidade brasileira atual e é difícil não se identificar com sua revolta.

Danilo Grangheia, no papel de comandante Murilo, tem a difícil tarefa de evitar uma tragédia em um avião lotado de passageiros. Indo do desespero ao controle da situação, Grangheia faz o personagem que mais varia durante o filme e consegue ser excelente em todas as emoções que passa.

Destaque também para Roberta Gualda, no papel de Luzia, a negociadora do sequestro. Como espectadora de fora, ela faz das tripas coração para compreender Raimundo Nonato ao mesmo tempo em que tenta com que ele desista de seu plano suicida.

Ponto negativo

Mas o filme poderia ter tirado um pouco do seu tempo para voltar no tempo. Mostrar um pouco da vida de Raimundo e Murilo e nos dar um peso ainda maior para o sequestro do voo. Com 1h40 de duração, talvez 15 ou 20 minutos da vida dos protagonistas viria bem a calhar.

Veredito

O Sequestro do Voo 375 se mostra um bom filme de ação sem querer ser mais do que realmente é. Uma boa opção de filme nacional para o fim de semana e um norte para que falemos mais de eventos históricos não só de maneira documental, mas colocando a pitada de entretenimento que certas histórias merecem.

Nota: 7/10

Leia também: O Sequestro do Voo 375 | Conheça a história real que inspirou o filme brasileiro


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