Crítica | Nyad não foge do básico e mergulha raso na história da nadadora

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Certas histórias são tão impressionantes que acabam se tornando “coisa de cinema”. Afinal de contas, se tem algo que Hollywood adora fazer é tornar histórias reais atípicas em filmes extravagantes com várias pinceladas de fantasia. Este é o caso de Nyad, novo longa da Netflix que chega às telonas antes do streaming.

Diana Nyad foi uma nadadora fantástica. Aos 64 anos de idade, ela foi a primeira mulher a atravessar o Estreito da Flórida a nado sem utilizar proteção contra tubarões. Foram mais de 177 Km e 56 horas na água. Acompanhada por sua treinadora e uma equipe de especialistas que a seguiam em um barco, Nyad desafiou a natureza para fazer do impossível, possível. 

Por si só, esse parece o enredo de alguma típica trama hollywoodiana sobre superação. Qualquer pessoa estaria disposta a ouvir os mínimos detalhes de uma história tão fascinante. E o filme de  Elizabeth Chai Vasarhelyi e Jimmy Chin sabe contá-la de maneira fiel. 

A grande questão por trás de filmes biográficos, no entanto, é que a trama está sempre pronta. Cabe à obra em questão, portanto, explorá-la de maneira que justifique sua exibição nas telonas. Em outras palavras, é necessário aplicar uma nova óptica sobre uma narrativa que muitos já conhecem.

Nyad faz isso da forma mais básica possível. São mostrados ao espectador recortes da vida da nadadora que justificam a determinação de sua protagonista. Além disso, edições de entrevistas em vídeo e áudio da atleta são inseridas em momentos convenientes que conversam e complementam a atuação de Annette Bening (Nyad). Por mais que o longa consiga passar sua mensagem, ele o faz de maneira simplória e acaba não se esforçando para justificar sua existência enquanto drama. Um documentário sobre a vida de Diana Nyad talvez surtisse o mesmo efeito que a produção da Netflix, por exemplo. 

Isso não quer dizer, porém, que o filme é desprovido de personagens cativantes e cenas reflexivas. As atuações, inclusive, não deixam nada a desejar. A química entre Bening e Jodie Foster (que interpreta Bonnie Stoll, treinadora e melhor amiga de Nyad) é bastante convincente e acaba sendo um dos grandes motores da trama. No entanto, por mais que funcione, este e outros relacionamentos de Nyad são explorados de forma superficial. 

Ao invés de aproveitar as duas horas de duração para destrinchar seus personagens, o roteiro acaba se preocupando muito mais em recriar cada uma das tentativas feitas por Nyad para atravessar o Estreito da Flórida. As motivações da protagonista ficam muito claras, mas também são um tanto quanto óbvias. Algumas camadas da protagonista (e de alguns coadjuvantes também) poderiam ter sido melhor exploradas.

Nyad, não é um filme ruim. Você certamente se emocionará com a persistência da protagonista e dará boas risadas de sua teimosia. No entanto, isso é mérito da incrível história da nadadora. No que diz respeito ao cinema propriamente dito, o longa faz o mínimo para fugir do básico. Assistir ao longa é, portanto, uma forma um pouco mais imersiva de conhecer a trajetória da “ninfa das águas”. 

Nota: 7/10

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